43 - DUAS VISÕES

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Jadir

– Olá Natalie... – Eu não estava muito seguro ainda. Embora tivesse prometido a Estela que faria aquele esforço em conversar com minha ex. Se Estela soubesse que, naquele dia em que eu disse que a visitaria, eu não consegui, acredito que ela me faria sentir pior; como se isso ainda fosse possível.

Natalie ainda estava com tampões nos olhos. Não pensei que o acidente que ela sofrera havia sido tão grave... Isso porque eu a espreitei no hospital por vários dias, antes mesmo de saber de Mikaela e Adriel por lá.

– Norberto?

Ela ainda estava irritada comigo...

– Como você está? – Pergunta de praxe, mas não deixava de ser importante. O pai dela havia me convidado para entrar, ao me ver "casualmente" em frente à casa. Como eu poderia negar? Aff, nem coragem de me aproximar voluntariamente eu havia tido! Estávamos sentados no quintal dos fundos, de frente um para o outro.

– Muito bem – respondeu ela com a face desviada, como se os olhos cobertos não fossem suficientes para não me ver.

– O professor... seu irmão voltou a academia. Já me desculpei com ele e me expliquei a direção.

Natalie voltou a face parecendo surpresa.

– É mesmo? Você fez isso?

– Claro. Eu tinha que fazer, não é?

– Ah, que bom. Obrigada!

Eu estava totalmente sem jeito, como se não tivéssemos mais familiaridade alguma, como dois completos desconhecidos... Eu havia estragado tudo, eu sabia! Mas, eu precisava do perdão dela...

– Por favor, Natalie, me desculpe, eu...

– Está tudo bem – cortou-me ela. – O importante foi reconhecer o seu erro e consertá-lo. Agora, acho que já pode ir embora...

Abaixei a expressão. Eu também não podia querer que ela fosse esquecer de tudo tão rapidamente e continuar me tratando como antes. Mas, antes que eu pudesse me levantar, reparei no esforço que Natalie fizera para tal tarefa. Ela apoiou as mãos nas coxas, pouco acima dos joelhos, e fazia um certo esforço. Enquanto se levantava, deslizava as mãos para cima, a fim de conseguir força suficiente para se levantar por fim... Fiquei boquiaberto. Era inacreditável! Como eu pude pensar em sabotagem? Como eu podia ser tão estúpido?!

***

Ainda pensava enquanto me distanciava da casa de Natalie.

Ela morava a poucos quarteirões da academia e era nessa direção que eu estava seguindo, mesmo sem muito pensar. Pensei em ficar um tempo na praça próxima, mas os pombos faziam a festa por ali. Era mais saudável continuar andando e mergulhado em meus devaneios. Porém, algo me chamou a atenção. Na verdade, chamou a atenção de todos os próximos.

Não era possível ser mais um b.o. da academia?!

Vasculhando com os olhos por entre a multidão que já se formava reconheci algumas das figuras. Aturdido corri e abri caminho por entre a multidão. Na recepção da academia, que dava para ser vista por fora, Adriel desmaiara e estava deitado de lado. Mal ouvi o falatório e berrei para que todos saíssem de perto. Virei Adriel em dorsal e encostei minha orelha próximo a narina dele e não senti sua respiração. Peguei seu pulso e percebi que estava fraco. Comecei a massagem cardíaca enquanto gritava para os próximos:

- Chamem a ambulância, rápido!

Não sei por quanto tempo prossegui massagendo até a chegada dos paramédicos. Eu estava desgastado, aturdido, desolado... Tudo estava acontecendo de uma vez! E onde estavam os irmãos dele? Onde estava Daniel?

***

Daniel

Eu estava exausto e acordei alarmado.

Ultimamente era assim que eu me sentia: cansado, fadigado, sonolento... E quanto mais eu dormia, mais cansado eu parecia ficar. A verdade é que eu estava estressado. A rotina estava me pesando muito.

Eu estava realizando todas as tarefas domésticas. Minha mãe quase nunca aparecia, meu pai havia meses que eu não via, Adriel não conseguia me ajudar muito e Natiel, que costumava me ajudar mais, deixara as tarefas para aderir aos limites da vida.

Ainda havia toda a rotina exaustiva fora de casa com médicos, terapeutas, academia...

Pior é que minha exaustão estava tamanha que eu havia pegado no sono ainda na academia, na aula de yoga.

Acordei assustado, ainda estávamos em aula e busquei pelo meu celular para conferir a hora. Estranho! Ele não estava comigo...

– Com licença professor... Preciso falar com o Daniel.

Logo me virei para conferir quem me chamava. Era o professor de natação de Adriel! Apressei-me em alcança-lo, já alarmado. Não eram boas as notícias... Eu podia ver que não eram.

***

Pude ir com Adriel na ambulância. Haviam conseguido reanima-lo, mas ele estava muito fraco. É claro que estava... Como eu podia ter me distraído tanto? Não podia ter pego no sono assim... Enfim, eu também não teria conseguido evitar o ocorrido.

– Hey Bruaco – falou rouco. Ele estava pálido e fazia esforço.

– Por favor irmão, não se esforce. Você não pode... – Eu não consegui continuar a frase. Eu sabia que esse dia chegaria, mas não queria, meu irmão não podia me deixar...

Percebi que ele fazia um esforço com o braço direito por baixo do lençol. O ergui e vi que ele segurava meu celular. O que ele fazia com meu aparelho?

– Avise a Estela, por favor... – Sua voz fraca e sua expressão pareciam denunciar um possível delírio. Por que ele queria que eu a avisasse? E por que ele estava com meu celular novamente?

Adriel adormeceu e o celular caiu ao chão antes que eu pudesse pegá-lo.

***

:'(

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioOnde histórias criam vida. Descubra agora