Prólogo

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Daniel acendeu um cigarro.

Era quinta-feira, a rotina o obrigava a estar ali, sentado àquela mesa, jogando com seus parceiros. Sempre gostou de cartas, desde muito novo ele ficava apostando com os colegas de escola nos mais variados tipos de jogo. Não que fosse já velho, estava com vinte anos, para ele, muito bem vividos até então.

Soltou a fumaça branca do Black Whore. "Ótimo nome para um cigarro", pensou, "a puta preta". Sentiu vontade de rir, mas se conteve. Olhou novamente as cartas em sua mão e sorriu com o canto da boca. Nunca foi de blefar e todos sabiam que se ele estava sorrindo, sua mão era excelente.

- Aumento - disse ele com sua voz breve e limpa. Colocou mais 15 Gamas, a moeda do reino, sobre o amontoado de dinheiro das apostas.

Larry jogou as cartas sobre a mesa, Filipo apenas abanou a cabeça. Gregório não. Olhou fixamente para Daniel, bem nos olhos serenos. Olhou a sua mão mais uma vez, torceu a boca. Tossiu um pouco. Daniel o fitava, com as cartas na mão esquerda, enquanto puxava o cigarro da boca com a destra e soltava mais fumaça.

- Bem, Danny - disse gregório -, tem fama de não blefar, mas vou até o fim - puxou mais 15 Gamas e depositou sobre a pilha. - Aumento.

Daniel apenas riu.

Continuou fumando seu Black Whole. Era o melhor cigarro do reino, a dose de nicotina era três vezes mais alta que dos outros cigarros e isso causava um efeito anestésico muito mais forte. Ele ficava completamente relaxado.

- Então, vamos ver o que tem aí? - falou por fim, batendo o cigarro contra o cinzeiro.

Gregório também riu.

Jogou as cartas sobre a mesa.

A mão tinha K, J, 8, 5 e 3 de paus.

- Flush! - exclamou ele.

Daniel sorriu com o canto da boca e apagou o cigarro. Olhou para Gregório. Era um tipo comum das ruas da capital. Alto, com uma tez que denunciava a ascendência mediterrânea, os olhos castanhos, cabelos lisos e a barba firme e grossa. Era um português, como boa parte das pessoas do reino. Com o seu crucifixo ao pescoço, passaria despercebido pelas calçadas. Ninguém desconfiaria dele, portava-se como um bom rapaz, apesar do que fazia.

- Então - falou Gregório -, que tem aí?

Daniel deu uma última olhada em suas cartas. Olhou a mesa. Flush! Quis rir alto. Jogou as suas cartas sobre a mesa e pegou o dinheiro, sem dizer palavra, levantou-se e pegou o paletó. Vestiu e colocou mais um cigarro na boca. Abriu a porta.

- Vamos, paspalhos - falou. - Marco quer que cheguemos logo lá e - olhou o relógio - são quase vinte e duas horas já.

Gregório ainda olhava as cartas de Daniel sobre a mesa.

9.

10.

J.

Q.

k.

Espadas.

Straight Flush. Era a jogada mais improvável do poker. Daniel Cosini não blefava mesmo.

Edit: Pessoal, agradeço muito a todos que estão lendo e divulgando a história. Os capítulos serão postados toda quinta-feira. Quem será esse, Daniel Cosini? Espero que estejam curiosos para saber.
Dio

Ruas De SangueWhere stories live. Discover now