Reunião II

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- Vamos – disse Daniel Cosini. – Não podemos perder tempo.

Estava muito escuro, era já madrugada. Eles entraram no carro de Daniel. Iriam executar a priemeira parte do plano que ele vinha desenhando desde a visita de Luca Tentrini a sua casa. Não seria difícil, para todas as pessoas, ele sabia disso, os Senhores estavam liquidados. Eles não teriam força suficiente para responder, então ninguém se protegeria deles. Estavam deixando de lado o velho conselho de se preparar para a guerra, para que haja paz. Agiam como Hitler depois de invadir a Checoslováquia e ninguém lhe declarar guerra, viam fraqueza nos inimigos. Se fossem espertos, teriam medo do silêncio, não do barulho.

Daniel ia dirigindo, o Bacci ficava ali ao lado, tão próximo que dava para sentir o cheiro de podre que ele emanava. Depois que as drogas ficaram sob o controle das famílias, os crimes nos bairros ao redor subiram. Adolescentes perdiam seus telefones à luz do dia para viciados, a polícia não agia, estava difícil manter a ordem. Bem, se eles não podiam agir nos galhos que eram altos, agiriam na raiz.

- Você acha que vai dar certo, Danny? – perguntou Filipo contraindo uma mão na outra. – Estou nervoso.

Daniel ajeitou o retrovisor para poder ver o rosto de Filipo pelo espelho. Apesar do escuro, o rapaz parecia mesmo não estar tranquilo, ele batia o queixo descontroladamente. Não era algo costumeiro de se fazer, sair de seu bairro pela madrugada, assim, às pressas, mas não era para tanto. Era apenas uma nova reunião.

- Fique tranquilo, rapaz – disse Gregório. – Não vai fazer nada que não tenha feito antes – colocou a mão no ombro de Filipo e apertou um pouco. – Não tem do que se preocupar.

- Já estamos perto – lembrou Daniel –, não se esqueçam do que lhes disse mais cedo.

Antes de saírem às pressas, os Senhores se reuniram. Era uma conversa somente entre os líderes da família. Daniel lhes deu as instruções e falou o que pretendia fazer. Era uma nova reunião, dessa vez não só com os Tentrini, mas também com os Wild Hounds e os Cabrones. Eles iriam queriam definir como as coisas seriam tocadas, eleger Vincenzo Tentrini como o capo di tutti capi, dar rumo nos negócios. Daniel não era bobo, ele sabia da real intenção da coisa. Havia acontecido o mesmo a seu pai; reunião com todos os chefes num restaurante de outro bairro, tarde da noite, um homem morto. Ele não deixaria que lhe acontecesse o mesmo.

Por isso, entrou numa outra rua antes de chegar ao restaurante, que dava acesso por trás do estabelicemento. Estava iluminado, as ruas cheias de zumbis. Daniel não parou, mas começou a dirigir com a velocidade sendo diminuída, olhou para os homens armados ao redor do restaurante. Era armamento russo. Ele espreitou com seu Cadillac DeVille, eram seis homens. Acelerou até o final da quadra.

- Já sabem o que fazer – disse, fazendo a volta.

Os outros abaixaram os vidros das janelas, puseram para fora os canos dos fuzis. Engatilharam e esperaram o seu Don chegar perto novamente do restaurante.

Daniel o fez. Com baixa velocidade chegou perto, sentado ao seu lado Larry abriu fogo contra os homens que faziam a segurança no local. No banco de trás, Gregório fez o mesmo. Os corpos caíram no chão e mais homens se movimentaram, eles atiraram mais algumas rajadas. Os capangas dos Tentrini e demais reagiram com tiros de pistola e kalashnikov. O retrovisor do lado direito do carro foi atingido e despedaçado.

- Droga – disse Daniel. – Eu amo esse carro.

Então ele avançou seu carro um pouco mais, Larry e Gregório continuavam atirando. Quando os tiros do outro lado diminuíram, ele fez a volta. Lembrou-se de seu amigo morto, do cinismo de Luca Tentrini em ir visitá-los e pedir para que traíssem seus ideais e de seus antigos pais, além das crianças que estavam a mercê de toda a selvageria das drogas. Acelerou.

Ruas De SangueWhere stories live. Discover now