Capítulo 3 (Sem Revisão)

5.3K 596 8
                                    

O resto da semana transcorreu como de costume para Aiden. Algum trabalho burocrático na importadora que herdara do pai e apesar dos boatos sobre sua comunhão com o demônio Olivia o procurou para esquentar-lhe a cama na ausência do marido. Não teve mais noticias de Eve ou de seu irmão, provavelmente assustados com seu retorno da "terra dos mortos".

Recebeu também um bom número de convites para bailes da temporada, já visando que Linton obteria sucesso em sua cruzada pela falsa prima francesa. Estava em seu escritório ordenando pagamentos quando Linton irrompeu o recinto, com sua costumeira afobação. Aiden apenas levantou os olhos dos documentos e encarou calmamente o amigo, esperando que ele recuperasse o folego e desenbuchasse.

- Aiden... - Respirou fundo. - Acho que conseguimos nossa garota!
Bom, pelo menos havia sido rápido.

- Ótimo. Você a conhece? Ela sabe de algum dos detalhes da contratação?

- Não e não. Na verdade, o jardineiro de Lady Finnegan estava a comentar com o cocheiro de Lorde Francis sobre uma menina de extraordinária e exótica beleza, porém ardilosa, que é filha de um taverneiro de perto do porto.

- E como você ouviu essas coisas?, Linton? Espero que não tenha comentado nada com esses homens...

- Não, senhor! Sabe que não sou desse tipo de fofoqueiro de língua solta! Ouvi os dois enquanto pegava seu novo par de sapatos com o mestre Calrston...Não tive culpa em escutar, os dois homens falavam bem alto...
Aiden balançou a cabeca, num gesto divertido. Se queria saber algo, qualquer coisa, Linton era a pessoa certa a quem perguntar.

- Enfim Linton, foco! Volte a falar da moça.

- Sim, claro! Isso, a moça é filha deste taverneiro que veio da França, Yolande é seu nome. Eles estavam transtornados pois apesar da jovem recusar a oferecer..."favores" em troca de dinheiro, constantemente pertences alheios parecem sumir toda vez que ela esta presente. Além de ter um temperamento explosivo. Costuma atacar qualquer um que a desrespeite...

Linton deu enfase a ultima frase, mas Aiden pareceu não se importar.

- Linton, devemos conferir! Mande im mensageiro até a moça, requisitando uma audiência urgente!

-Prontamente, milorde. Devo instruir o cocheiro a ir busca-la?

- Não , não! Não quero que ninguém a veja entrar aqui ainda. Caso ela aceite a proposta deverá vir a minha casa apenas como sua prima, para não levantar suspeitas.

Linton arregalou os olhos, como se tivesse ouvido o maior absurdo da face da terra.

- Mas Aiden, não ouviu o que eu disse? É uma taverna de marinheiros!

- Sim, sim. Ouvi da primeira vez que falou. Não há lugar mais distante da abelhuda sociedade londrina do que o porto, não é mesmo?

Linton assentiu. Aiden tinha um ponto. Uma ninguém vinda de um ligar que não existia para a maioria dos esnobes da corte. Só precisaria de um banho bem dado para retirar o cheiro de peixe.

- Pois bem, Aiden. Providenciarei o encontro. - Saiu ainda indignado com a idéia de frequentar a taverna e , muito possivelmente saírem de lá pelados.

Yolande depositou mais um caneco de cerveja na mesa dos irmãos Johnson, dois estivadores que frenquentavam a taverna havia muito tempo. Peter era o mais velho. Alto e barbudo. Tinha um comportamento sério e um gosto por brigas, mas no geral a respeitava. Desmond, o careca corpulento não perdia uma chance se quer de tentar se aproveitar dela.

O homem a olhou torto. Havia esbofeteado ele maos cedo naquela noite logo depois de ter sido apalpada. Nessas situações ela perdia o controle de suas ações. Homens eram sempre assim, brutos, viam as mulheres como objetos, pensavam apenas em satisfação própria, a todo custo. Foi assim que aquele porco agira com sua mae...Sentiu que as lágrimas brotavam de seus olhos castanhos e afastou a mórbida lembrança retirando do bolso da saia o bilhete que havia recebido na manha anterior. Em uma bonita letra cursiva lia-se que um tal conde Hampshire desejava tratar de negócios com ela. Onde estava com a cabeça quando aceitou a tal "reunião"? Um homem totalmente estranho querendo se encontrar com uma mulher a noite, em uma taverna? Mesmo que fosse a taverna de seu pai. Depositou a bandeja no balcão, serviu-se de uma caneca de cerveja e foi sentar-se numa mesa do fundo, a espera do almofadinha. Oras, se o janota soltasse alguma proposta indecente teria imediatamente o crânio rachado pela pesada caneca de cerâmica que tinha nas mãos. Sorveu mais um pequeno gole justamente quando viu entrarem dois homens que destoavam dos demais. Um era bem algo, certamente mais de um metro e noventa, loiro e com o perfeito rosto angelical retorcido em diversas caretas caricatas enquanto observava tudo a sua volta. Pelas roupas deveria ser uma espécie de criado de alto cargo. Um mordomo, talvez. O outro era um pouco mais baixo. Os cabelos castanhos ondulados se mostravam por baixo da cartola preta. O nariz reto e bem feito e olhos escuros, mas de cor indefinida a distancia na penumbra. A postura exaltava confiança e masculinidade, apesar de uma evidenciada palidez na pele. Seria o conde Hampshire? Ela havia imaginado um horrível velho careca, mas com certeza se surpreendeu. De qualquer forma não se deitaria com ele e nem atenderia a nenhum desejo esquisito que sempre ouvia que homens ricos tinham. Os homens se aproximaram do balcão e iniciaram conversa com Claude, provavelmente querendo saber aonde ela estava.

O Conde Diabólico(Concluída - Em Revisão)Where stories live. Discover now