Capítulo 11 (Sem Revisão)

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Naquela tarde após se despedir do pai Yolande parou com Giana em um pequeno bistrô no mais fiel estilho frances. Lá encontrou srta.Harris, sempre falante, que perguntou o que Yolande havia achado e comentou que muitas de suas clientes já se preparavam para um tal famoso "baile de máscaras", mas que a sua vaga para fazer o vestido estava seguramente guardada.

- A propósito, srta.Debois, minhas clientes tem conversado comigo sobre você, sempre dizem o quanto é educada e divertida e que tem uma beleza singular.

- Oh, é verdade? Yolande riu. Muitas vezes o pai a comparara com uma cabrita. Mesmo ele havia ficado perplexo com a mudança da filha e perguntou um par de vezes se ela não tinha se tornado amante do conde.

- Bem... - A Srta.Harris continuou. - Uma cliente minha parece não ter ficado muito satisfeita com todo seu sucesso. Olivia Heathrow.

Yolande permaneceu quieta. Este nome não fazia o menor sentido para ela. Deveria fazer?

- E quem seria esta...? - Perguntou finalmente.

A mulher se aproximou dela, como se tivesse medo de ser ouvida por mais alguém.

- Lady Heathrow é uma das mulheres para quem lorde Peterson dá sua... atenção. Na verdade é muito possessiva e ciumenta. Sabe que ele se diverte com outras, mas não tolera que seja às claras.

Yolande deu de ombros.

- Não preciso me preocupar com isso. Lorde Peterson me vê como uma irmã mais nova, e mesmo que houvesse algo mais eu certamente não temeria está tal Olivia. Provavelmente ela é casada, então deveria gastar seu vasto tempo livre com o marido ao invés de perseguir as pessoas. Srta.Harris, já está ficando tarde e meu primo não gosta que eu me demore. Até mais ver!

Yolande saiu e não pôde perceber o sorriso nos lábios da outra. Srta.Harris estava começando a gostar muito do jeito impetuoso da menina, mas ela tinha que tomar cuidado. Olivia não aceitava perder, mesmo que fosse algo que nunca teve realmente.

Ao chegar em casa Yolande foi ter com Linton, que fazia anotações em um enorme livro de despesas.

- Linton, quem é Olivia?

Ele parou imediatamente as anotações e voltou-se para ela.

- Aham... É a esposa de lorde Heathrow, proprietário de muitos dos ônibus* que circulam em Londres.

- Ah, sim... Sabe, eu não entendi do o por que de uma mulher trair seu marido, ou vice versa. - Ignorou a expressão perplexa de Linton, seus óculos escorregando de cima do nariz. - Para mim o casamento é uma união sagrada, e que além de amor, deve haver respeito e cumplicidade...

Ele a observava boquiaberto. Não imaginava que ela fosse capaz de tal filosofia.

- Isso não é muito bonito, Srta.Lacroix, mas não devemos julgar as atitudes das outras pessoas, principalmente sem saber de suas vivências. No mundo de Lady Heathrow as uniões são frequentemente seladas sem amor, apenas pelo interesse em eternizar a linhagem e fortuna de duas famílias. Algumas vezes esta "negociação" bizarra dá certo e os envolvidos acabam se amando, mas em outras existe apenas amargor e um abismo se forma entre o casal.

Yolande assentiu, compassiva.

- Isto é bem triste...Mesmo assim, darei cabo da vadia se ela tentar algo contra mim! - Saiu determinada, deixa do chocados Giana e Linton.

Aiden cruzava o hall, quando deu de cara com Yolande. Ela tinha um sorriso triunfante nos lábios.

- Yolande, vejo que está contente. O dia foi agradável, presumo.

- Sim, foi excelente! Não poderia ter sido melhor!

- Pois eu tenho em mãos algo que a deixará ainda mais radiante. Será que pode me acompanhar até o escritório?

Ela assentiu positivamente com a cabeça e o seguiu.

Ao entrarem Aiden fechou a porta atrás de si e pegou o envelope roxo em cima da escrivaninha, estendendo a ela, que abriu e leu seu conteúdo.

- Ah, o tal baile de máscaras. Não se fala de outra coisa!

- Isso mesmo. E Winterburg estará lá, com certeza.

A espinha dela gelou. Finalmente. Finalmente olharia nos olhos do crápula.

- Sabe Yolande, agora ocorreu-me que você nunca me disse o por que aceitou está missão tão prontamente.

Ela sentou-se na poltrona de frente para Aiden, que estava recostado sobre a mesa de madeira, de braços cruzados.

- Ele destruiu a minha vida. - Ela disse, cabisbaixa. Um fio de voz. - Tomou de mim a minha mãe e transformou meu pai em um covarde!

Aiden se abaixou de frente para ela, olhando-a nos olhos. Era como se aquelas duas pérolas negras absorvessem as forças dela, silenciosamente despindo sua alma, tornando-a uma criança assustada em busca de consolo. Ele permaneceu ali, quieto. Como se estivesse esperando ela se abrir. Yolande contou a ele todos os fatos tristes de sua infância, deixando transparecer toda angústia e solidão que sentia. Ele se levantou, segurando nas mãos dela para que fizesse o mesmo e a abraçou ternamente, sentindo seus soluços e as lágrimas que molhavam sua camisa.

- Apenas deixe-as rolar. Esta dor é somente sua e eu nunca poderei apagar, mas te garanto que estarei sempre aqui, para que nunca mais precise carregar este fardo sozinha. - beijou-lhe suavemente nas pálpebras e o topo da cabeça.

Ficaram ainda juntos assim por algum tempo. Aiden agora tinha uma motivação ainda maior em sua vida: Garantir a Yolande a segurança e justiça que lhe foram negadas durante toda sua vida.

*Chamavam de ônibus enormes vagões, semelhantes aos ônibus contemporâneos, mas puxados por cavalos.

N/A: Olá! Uffa, está foi uma semana de inspiração. Publiquei praticamente todos os dias! Estou mudando também a formatação do texto para o padrão de livros. Tava dando mole, deixando o texto confuso e embolado. Espero que agora esteja mais confortável e limpo. Bjos!

O Conde Diabólico(Concluída - Em Revisão)Where stories live. Discover now