Capítulo 5 (Sem Revisão)

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    Este homem só poderia estar louco!

- Como assim. Estão me recrutando para a polícia? - Debochou.

- Não exatamente. Veja bem, há este homem cujos atos vis e cruéis estão além de qualquer punição, pois é muito bem protegido. Mas este homem tem um ponto fraco. - Aiden pigarreou. - Belas mulheres, como a senhorita...

 Antes que ele pudesse terminar de falar, Yolande jogou o líquido que restava na caneca, acertando em cheio o rosto e colo de Aiden, que ficou apenas paralizado. Assim como Linton, que estava branco feito marfim e boquiaberto.

- Mas é claro que no final pediria para que me deitasse com um estranho, como uma prostituta barata. Ainda por cima com um  bandido!

 Aiden permaneceu quieto, observando-a. Não ousava mover um músculo. A mulher se calou, mas sustentou o olhar orgulhoso e altivo, como o de uma princesa.

 No que pareceu uma eternidade depois, em que os olhos muito escuros dele pareciam enxergar através dos dela, o silêncio constrangedor foi quebrado pela sonora gargalhada dele. A mulher sem dúvidas era espirituosa, mas a despeito disso tinha uma tristeza muito grande dentro de si, um medo quase irracional de algo que certamente já havia acontecido com ela.

- Não, srta.Locroix. - Retirou um lenço do bolso do paletó para secar o rosto. - Quero apenas que se aproxime dele, que o seduza afim de conseguir alguma prova de suas atividades ilícitas!

 Yolande pareceu cogitar.

- Certamente que será recompensada, e muito bem, pelo trabalho e enquanto estiver conosco terá todas as sua despesas pagas. - Aiden completou.

- E quem seria este homem? - Ela quis saber.

 Foi a vez de Linton se pronunciar. Se aproximou bem de moçar, para sussurrar em seu ouvido:

- É um cavalheiro bem influente, um mercador. Frequentador assíduo de eventos sociais, aparentemente a cima de qualquer suspeita. Lorde Winterburg.

 Parecia que a moça conhecia Winterburg e Aiden arriscava de que ela não se agradava em nada por ele. Sua bela face se fechou imediatamente em uma máscara de ódio e dor, ela apertava a alça da caneca com tanta força que os nós de seus dedos ficaram esbranquiçados. Os olhos cor de avelã queimavam. Era óbvio que havia algo pessoal ali.

- Eu aceito. - Ela respondeu, séria e objetiva.

- Mas...Nem falamos das condições ainda! - Linton exclamou.

- Não me importa, eu aceito!

 O que teria Winterburg feito a essa mulher para que o seu semblante mudasse tanto?

- Mesmo assim srta.Lacroix, tem umas coisas que precisa saber.

 A mulher se voltou para Aiden, silenciosa.

- Primeiro: A senhorita não poderá mais morar aqui...Ou seja lá em que lugar viva. - Balançou a cabeça. - Isso é essencial para o plano. - Aiden pausou, afim de analisar as reações dela.

- E para onde eu iria? Morar com o senhor? - Falou, sarcástica.

- Exatamente, para a minha casa. - Ele ignorou a expressão de surpresa da moça, e antes que ela pensasse em arremessar a caneca vazia em sua cabeça, ele de apressou em explicar. - Não se preocupe, não fará nada que não queira. Terá seu próprio quarto, e eu lhe garanto segurança. Será como minha hóspede. Imagino que terá que dizer algo a seus pais... - Aiden coçou o queixo, como quem pensava em algo, uma mentira para contar a família da garota.

- ...Direi que uma amiga me arrumou um emprego na casa do senhor. E que veio pessoalmente para me entrevistar pois tinha urgência em uma nova cozinheira, e que é complexado por demais com seus empregados. - Yolande ofereceu a mentira já pronta, sorrindo diabolicamente após delicadamente insinuar que Aiden teria algum tipo de distúrbio mental.

 Aiden fez uma careta, mas tinha que admitir, a mulher era astuta. Um pouco bruta, mas nada que uma boa dilapidada presidida por Linton não pudesse mudar.

- A escolhemos pois, além da notável beleza parece possuir  uma excelente fluência em francês. Outro ponto importante do disfarce, para que dissimule um forte sotaque e, provavelmente precise falar nesta língua também.

 Yolande deitou o rosto, num gesto confuso.

- É mesmo? E de que este disfarce se trata? Não espera que eu brinque de ser sua esposa, não é mesmo?

 Aiden sorriu, malicioso.

- Por mais que dividir a cama com a senhorita me pareça tentador, não é disso que se trata. Linton tem família nos arredores de Paris. Lhe apresentaremos como uma prima distante e de boa situação do meu amigo. - Disse ele, com um olhar triunfante.

 Yolande olhou cética para o afetado mordomo. Será que esses dois miolos moles haviam reparado que eles nem mesmo se pareciam???

- Devo supor que um de nós seja adotado? Ou quem sabe essa gente rica seja tão imbecil quanto parecem para acreditarem nisso?

 Linton riu, como se fizesse pouco da dúvida dela.

- Senhorita, meu bisavô era um mercador curdo. Ninguém desconfiaria. Até por que, poucos se interessariam por sua estirpe... - Olhou-a de cima a baixo.

 Como este Linton era irritante! Sem dúvidas se achava acima de tudo e de todos, mesmo sendo apenas um criado.

- Preciso apenas que me dê um tempo para avisar meu pai e me preparar.

- Certamente, srta.Lacroix. Linton virá buscá-la amanhã a tarde, se estiver de acordo. O quanto antes começarmos os preparativos para introduzi-la a sociedade melhor. - Aiden se explicou.

 Os homens se levantaram junto com ela. Aiden não pôde deixar de notar o corpo curvilíneo da moça. Não era esquelética como a nova moda que vinha de Paris exigia das jovens. A grosseira e remendada saia de lã cinza aparentava esconder ainda mais coisas interessantes. Aiden se pegou imaginando-a nua, sobre seus lençóis, ansiando por seus carinhos. Olivia ficaria uma fera se pudesse ler seus pensamentos agora. Pior ainda, a intrigante Yolande Lacroix seria capaz de lhe cortar a virilidade, caso viesse a descobrir os pensamentos libidinosos que ele tinha com sua pessoa.

- Foi um prazer negociar com a srta., apesar do..."acidente" com a cerveja.

 Yolande corou.

- Claro...Nos vemos amanhã. - Sentiu um calor quando o homem tomou uma de suas mãos e beijou delicadamente os nós de seus dedos. Ninguém nunca havia feito isso com ela, e a sensação boa era preocupante demais para ela.

 O mordomo enxerido acenou com a cabeça respeitosamente, mas sem perder aquele patético ar de superioridade que tanto a incomodava. 

 Assim que os dois homens partiram Yolande teve certeza de que sua vida mudaria drasticamente daquele dia em diante. E que certamente a alma e decência de sua mãe seriam vingadas, não importava como.

O Conde Diabólico(Concluída - Em Revisão)Where stories live. Discover now