CHAPTER 10

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FRANKY EDWARDS


No dia seguinte assim que adentrei a cozinha encontrei Harry derrubando metade do café da manhã, ele respirou fundo e eu apenas tossi falso fazendo sua atenção desviar para minha direção.

— Parece que alguém não acordou bem.

— Não começa, Franky...

— O que aconteceu?

Ele soltou um suspiro alto e começou a arrumar a bagunça de uma vez, me sentei na cadeira e continuei o observando já tendo certeza que uma hora ele iria responder por pura impaciência.

— Não vai sair do meu pé até que eu responda, certo?

— Nunca esteve tão certo.

Harry jogou o corpo na cadeira, parecia exausto mesmo ainda estando de manhã e ele provavelmente nem ter começado a treinar. 

— É essa luta importante e tudo que eu faço não parece suficiente. 

— Você praticamente vive treinando, como não é o suficiente? 

— É complicado explicar...

— Bem, você não vai conseguir nada estando uma pilha de nervos, já se olhou no espelho? Sua cara está péssima. 

— Muito obrigado, Franky, com certeza agora me sinto melhor. 

Enchi seu copo com suco e deixei um pedaço de bolo na sua frente, enquanto terminava de arrumar a mesa.

— Termina de comer, vamos sair. 

— Por que eu sairia com você? 

— Me diz só uma opção melhor que você tem, Styles e eu sumo da sua frente— O desafiei 

O silêncio tomou a cozinha e eu apenas soltei um som de aprovação enquanto comia uma maçã, não há nada que melhore mais meu dia do que estar certa. 

— Vou colocar uma roupa. — Avisei

— Pra onde vamos? 

O deixei sem resposta e logo subi as escadas, coloquei uma roupa e arrumei meus cabelos já tinha certeza do que poderia melhorar seu dia. 

— É sério, Edwards, não vou te seguir pra um lugar qualquer. 

— Vamos ter um dia normal.— Parei na sua frente— é tudo que você precisa, relaxar como uma pessoa qualquer. 

— E por que exatamente você me ajudaria? 

— Porque eu tenho o coração mais bondoso de Londres— O puxei — vamos. 

Por um milagre ele se deu por vencido seguindo meu passos, roubei as chaves do seu carro e dirigi até uma loja de discos antiga, escutando suas reclamações de como eu dirigia feito uma figurante de velozes e furiosos. 

— É aqui que eu vinha com a Gemma quando ela tinha um dia de folga— Expliquei 

Harry começou a passar os dedos pelos discos e eu puxei um do Fleetwood Mac colocando na frente de seus olhos. 

— Ela sempre lembrava de você quando encontrava esse disco. 

— Escutávamos juntos quando eu era menor— Pegou em mãos— Gemma falava muito de mim? — Me encarou

— Vagamente, mas vou colocar isso pra tocar... Alguma chance de você chorar por nostalgia?

— Não.— Ele riu— não vou realizar esse seu sonho hoje. 

Revirei os olhos e deixei tocar, a loja estava vazia, provavelmente porque ainda nem era meio dia, aproveitei a falta de movimentação pra fazer com que Harry me girasse, ele soltou uma risada e apoiando as mãos em seus ombros o encarei apenas cantarolar a música. 

And if, you don't love me now
You will never love me again
I can still hear you saying
You would never break the chain

— Sempre dançava com a Gemma, não é estranho como sua irmã é seu oposto? Nunca pensou sobre isso? 

— Talvez Gemma seja tão legal, porque eu me afastei dela. 

Continuei olhando pra ele tentando entender o que aquilo queria dizer, parecia que na sua visão as pessoas que o amavam estavam fadadas a coisas ruins, como se nada bom pudesse ter uma ligação em sua vida e isso soava como algo pesado demais pra carregar nos ombros todos os dias.

— Tem um jogo de futebol toda tarde— Tentei mudar o assunto—podemos ir até lá beber cerveja e comer com a desculpa que gostamos daquilo. 

— Tem certeza que isso é o que pessoas normais fazem? 

Revirei os olhos deixando o dinheiro no balcão e levando o disco comigo, Harry me olhava ainda quando andávamos pra fora da loja e não demorou para que eu retribuísse o encarando. 

— Você comprou isso pra mim? 

— É nosso, afinal dividimos um apartamento. 

Harry tinha um sorriso contido, como se esforçasse pra não demonstrar satisfação alguma, ele tinha essa mania de se esconder atrás de suas expressões sérias, minha teoria é que seria péssimo pra sua fama no boxe ter um sorriso adorável que toda a família Styles carregava. 

Quando chegamos no campo compramos tudo o que tínhamos direito e nos acomodamos na arquibancada. 

— Minha mãe adorava futebol, não pelo esporte, só gostava de poder sentar e comer enquanto falava algumas besteiras.  

— Não sou bom em consolar as pessoas. — Ele comentou desconfortável 

— Isso é ótimo, já ouvi "lamento" o suficiente pra três vidas. 

— Eu sei que me acha um idiota por me afastar da minha família— Deu de ombros— e eu não me importo com a sua opinião de fato, mas eu tenho meus motivos.

— Você tem seus motivos ou é um cabeça dura com falta de capacidade em perdoar seja lá o que tenha acontecido? 

Não demorou pra que ele franzisse o cenho e desviasse o olhar pro campo, a raiva por estar errado em Harry é insuportável, mas eu tinha certeza que havia alguma mágoa que o fazia simplesmente empurrar sua família pra longe. 

— Deveria aceitar estar errado. 

— Por que você sempre faz isso? Tudo parece pacífico então Franky Edwards precisa abrir a maldita boca pra estragar tudo?— Voltou a me olhar 

— Eu não estou no seu controle — Me aproximei— admita, toda essa falta de paciência comigo é porque eu não abaixo a cabeça e aceito qualquer merda que você fale. 

Sem respostas continuei ali, minha memória como se me quisesse me sabotar recordou do nosso beijo e naquele momento me dei conta do quanto aquela proximidade era perigosa, Harry se aproximou mais e seus lábios quase encostaram nos meus, tive que me controlar pra não fechar os olhos e desejar que ele me beijasse de uma vez, mas pelo contrário, um sorriso se formou no seu rosto, aquele perverso de quando sabe que está certo. 

— Mas tem que admitir também, não está no controle total como pensa. — Falou vitorioso 

— Tudo pra você é sobre ganhar, não é? 

— Eu queria que fosse... Porque eu odiaria perder pra você. 

Me afastei assim que houve um gol e todos começaram a comemorar, voltei pro mundo real onde Harry Styles é um problema que me vê como algo insuportável e um passa tempo na sua vida tediosa. 

— Mas você tinha razão... Ter um dia normal pode ser bem divertido. 

Porém infelizmente o cretino poderia ser amável e eu tinha que me esforçar pra não me apegar a esses momentos.  


TKO Where stories live. Discover now