♚II - 23 ♚

33K 1.9K 580
                                    



"Vai lá e busca o corpo dele!"

"Eu sei, eu sei... Ninguém sabe o que fazer!"

"Estou destroçado! A Favela vai ficar vazia por um bom tempo!"

Fernando estava no telefone, agora estávamos na recepção. Vitor foi levado pelos médicos, mas antes de levarem, um deles me garantiu que a bala não fez um grande estrago, e que isto poderia ser considerado um milagre.

- O que é melhor do que uma invasão no morro? – Gabriel perguntou ao Fernando com um sorriso sem humor, minutos atrás os dois estavam chorando iguais crianças.

- Perseguição policial! – eles fizeram um toque quando nosso carro apareceu na televisão, demorou vinte minutos para conseguirmos nos livrar dos policiais e irmos direto para o hospital, neste tempo Vitor meio que teve um apagão... Pensei que iria perdê-lo, e não convem dizer o escandolo que eu fiz dentro do carro!

- Vocês só tem merda na cabeça? – perguntei sorrindo. – foi maneiro, porra! Mas quase me mataram naquela curva.

Eles riram. Como eu estava sem cinto, em uma curva eu fui ejetetada para o frente, a sorte é que o banco de passageiro da frente me parou. Quando chegamos ao hospital, Fernando trocou a plana do carro e o entregou para qualquer um que estava passando na rua. Dez minutos depois o irmão dele surgiu com um novo carro, entregou e foi embora.

Os corres eram pesados...

Fiquei olhando para o chão, evitando pensar em Nando até o telefone tocar, pela segunda vez, a primeira foi o Léo, desesperado buscando informações e ainda se recuperando da surpresa de receber a notícia de que teria que buscar o corpo do primo estirado em um beco...

- O que foi Marcelo? – perguntei de mau humor e ele arfou.

- Sairam do morro pela entrada principal? – ele perguntou furioso. – a televisão só está falando desta porra, cercaram o morro inteiro, então não apareça aqui...

Eu não tinha noção de quantas horas haviam se passado desde que saímos do morro, também não tinha noção do quanto à mídia estava falando sobre o que estava acontecendo no Alemão.

- Dá um jeito, o corpo do Nando tem que sair ai, então você vai mandar os caras limpar essa merda para que ele possa ter um enterro bonito e digno. – um nó estava se formando em minha cabeça e garganta, comecei a me lembrar do desespero que sentir ao entrar no banheiro do hospital e tentar me limpar do sangue do Nando.

Eles abriram uma ferida enorme no meu peito. E eu estava disposta a retribuir a dor que me causaram.

- Eles tiraram o nosso parceiro, nisto daremos um jeito! Amanhã o morro vai está vazio. – Celo fez uma pausa, afastou o telefone para que pudesse soluçar. – vai retribuir?

- Sim, onde eles estão? – perguntei furiosa, olhando o noticiário na televisão.

- Do lado de fora, ainda não sabemos... – eu o interrompi.

- Sabe por que eles estão fora do morro? Porque de fora bandido não atira, pega um carro e mete bala em todo mundo. Amanhã eu quero ver a manchete.

- Vamos atacar, então! Eles devem está criando estratégias para subir de novo. Nenhum morador está entrando. Só vem para cá quando eu passar o rádio! Cuida-se!

Celo desligou em seguida. A verdade é que estou com medo de perder outra pessoa que amo nesta guerra, se estão rodeando o morro e fizeram um estrago em menos de oito horas, eles vieram para fazer a limpa. Para pacificarem o Alemão teriam que nos matar, e adivinha?

A Dona Do Morro ♚ Primeiro ComandoWhere stories live. Discover now