† 21º Capítulo †

2K 79 0
                                    

- Sua mentirosa, o que é que tu contaste à minha filha? - berrou a minha mãe.

- Mas você drogasse ou quê? - perguntou Charlotte.

- Tens de me ter respeito! Posso não ser tua mãe mas criei-te como tal, esquecendo-me muitas vezes que tinha uma filha. Tentei encaminhar-te para o melhor, tentei fazer de ti uma barbie, um exemplo a ser. Pensei que estava a fazer o correto mas afinal era tudo uma ilusão. Nada estava bem e eu não vi isso. Estava tão concentrada a tentar com que tu fosses uma mulher digna de ter um bom emprego que me deixei cair nas tuas mentiras e muitas vezes culpei a Allie por coisas que tu fazias. Hoje percebi tudo, mas o que eu não te perdoo foi de tu teres contado à Allie que o Joseph não era o pai dela. Eu é que sou a mãe dela, MÃE DELA! Nem quero imaginar como é que ela soube, mas vindo de ti não deve de ter sido uma notícia fácil de digerir. Eu amo o teu pai mas tenho pena de ele ter tido uma filha assim.

- Não se esqueça que a sua filha não é perfeita e quem é você para falar da minha mãe? - Charlotte levantou-se, colocando-se à frente da minha mãe.

- E quem és tu para tratares a minha filha da maneira como tratas?

- Quer saber duma coisa? Eu é que tenho pena da Allie ter uma mãe como você: interseira. Eu sei perfeitamente que só se casou com o meu pai por dinheiro. - Sorriu maliciosamente e levou outra estalada maior. - As verdades custam a ouvir não é?

- BASTA! - gritou o meu pai e meteu-se entre as duas mulheres furiosas. - Charlotte vais ficar aqui o dia todo e Marie e Allie venham comigo até ao meu escritório, JÁ! - afirmou meu pai com a cara mais séria que alguma vez vira.

A minha mãe lançou um último olhar a Charlotte e saiu em direção ao escritório e eu fiz o mesmo. Começámos a ouvir os gritos entre ela e o meu pai, mas apenas continuei o meu caminho. Ela estava a ter o que merecia.

Ao entrarmos no escritório eu sento-me, lado a lado, com a minha mãe. Talvez eu me tenha enganado em relação a ela. Talvez ela não seja aquela pessoa que eu retratava. Ela apenas estava tão iludida com as falsidades de Charlotte que não se apercebeu da realidade à sua volta. Não a culpo, mas é algo que me vai ficar marcado.

- Allie, minha filha por favor, desculpa-me. Desculpa por todas as vezes que te pus de castigo sem mereceres. Desculpa de não te dar a atenção que mereces. Desculpa por não ser a mãe que mereces. - Ela abraçou-me e senti humidade nos meus ombros. Minha mãe estava a chorar.

- Não se preocupe, ainda podemos recuperar o tempo perdido. - beijei o topo da sua cabeça.

Meu pai entrou e sentou-se num ápice. Olhou, seriamente, para nós duas e discretamente peguei na mão da minha mãe.

- Bem, Marie porque bateste na Charlotte?

- Secalhar exagerei, mas ela já estava a merecer. Tu ouviste tão bem como eu o que ela fez à Allie.

- Tudo bem Marie, mas põe-te no meu lugar: ias gostar que alguém batesse na Allie, mesmo depois de ela ter feito porcaria?

- Não. – sussurrou. – Talvez eu lhe peça desculpa, mas aquilo da interesseira está gravado. Mas quem é que a Charlotte pensa que eu sou? Eu podia não ser rica quando me casei contigo, mas nunca me pensei casar apenas com o objetivo de ter extorquir dinheiro e acho que sabes disso.

- Sim querida, eu sei. Tu não és como a mãe dela. – ele ficou com uma cara de enjoado quando mencionou a mãe da Charlotte como se só tivesse más recordações dela.

- Quem é a mãe da Charlotte? – saiu-me involuntariamente.

- Era uma namorada minha desde os tempos da universidade. Era a rapariga mais bonita da escola, tenho de confessar. Os olhos de Charlotte são iguaizinhos aos dela. – apareceu-lhe um sorriso pequeno nos lábios, mas os seus olhos revelavam raiva. – Mas essa beleza toda fez-me ficar preso a ela e não me apercebi o que ela me estava a fazer. Eu confiei tudo a ela: cartões de crédito, carros, chaves de casa e outras coisas. Ela apareceu grávida e o pai dela exigiu que eu casasse com ela. Foi a pior coisa que alguma vez fiz. A partir daí foi tudo por água abaixo: a Jasmine começou a chamar-me nomes horrendos e sempre que eu ameaçava sair de casa ela dizia que ia abortar e como a minha filha era a única coisa que eu tinha no momento, nunca saia de casa. Quando Charlotte nasceu consegui fugir e comprei esta casa. Passado um mês do seu nascimento eu estava a ir normalmente para o trabalho e quando ia sair de casa vi uma cesta com uma recém-nascida lá dentro. Trazia um bilhete que, resumidamente, dizia para eu tomar conta dela e que um dia ela iria aparecer para vê-la, mas que não a queria porque ela tinha um pai nojento. – uma lágrima escorreu e o meu pai apressou a limpá-la.- Quando Charlotte tinha 6 anos, a Jasmine apareceu aqui. Ficou o dia todo com ela e depois queria levá-la para dar um passeio com ela. Ao príncipio não deixei, mas a menina queria tanto sair com a mãe que acabei por ceder. Ao fim do dia ela trouxe-a a casa e disse que nunca mais a queria ver e saiu de casa, deixando-me Charlotte nos meus braços a chorar.

- Ela era horrível! Quem é que faz isso a uma bebé? Mas a Charlotte sabe?

- Sim, eu nunca lhe pude esconder. Ela queria e tinha de saber quem era a sua mãe verdadeira.

- Esse episódio de a Jasmine vir buscar a Charlotte eu lembro-me como se fosse ontem. Tu choraste desconsoladamente. – falou minha mãe.

- A única lembrança que Charlotte tem da mãe é desse dia. Por essa razão é que ela odeia que falem sobre a mãe.

- Pois, mas eu sempre tentei trata-la da melhor maneira, Joseph, e tu sabes disso. – disse a minha mãe.

- Sim Marie, nunca disse o contrário.

Do nada lembrei-me que os meus pais tinham algo para me dizer, mas depois daquela “pequena” confusão com a Charlotte eles não me contaram.

- Mãe, pai, o que me tinham para contar quando entrei no quarto? 

Eles pararam de falar e olharam para mim com um ar sério tal e qual como quando entrei. Isto estava a assustar-me.

- Allie, eu não sei se o que te vamos dizer é bom, mas tu tens de saber. – pronunciou a minha mãe.

† Choice (Harry Styles Fanfiction) † (SLOW UPDATES)Onde histórias criam vida. Descubra agora