Capítulo 24

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     Na sala, Marina estava de costas e não viu Raquel se aproximar.
   _Olha como são as coisas né, -diz Félix ao ver Raquel ali na sala, estende uma mão para ela e a outra mão à Marina- Meus dois grandes amores juntinhas aqui na minha humilde residência!
   Marina se vira para ver quem era.
   _Ah, oi...
   _O que você está fazendo aqui?
   _O Félix me...
   Félix interrompe Marina.
   _Não não não... deixem para conversar depois. Vocês estão aqui, então isto merece uma comemoraçãozinha. Vou ali no mercado comprar um vinhozinho para comemorar!
   Sem dar chance para elas se manifestarem, Félix pega a sua bolsa saindo. Parado na porta, vira se.
   _E vocês se comportem, volto já já!
   Raquel volta a encarar Marina assim que a porta se fecha.
   _O que você faz aqui? -pergunta novamente.
   _O Félix me pediu para passar aqui, era urgente...
   _Félix!
   As duas se dão conta que ele armou para elas se encontrarem.
   Raquel bufa, sentando se no sofá. Brinca com o fecho da sua blusa.
   Marina respira fundo sentando se no mesmo.
   _Sobre ontem... -começa Marina depois de um longo silêncio entre elas- não é o que você está pensando...
   _Voce nem sabe o que eu estou pensando! -Raquel responde ainda brincando com o fecho.
   _Eu te conheço Raquel. Ela é só uma colega de trabalho, ela passou lá em casa para pegar uns papéis...
   _Não precisa se explicar, eu não estou pensando nada!
   _Eu só não quero que tire conclusões precipitadas.
   _Como eu disse, eu não estou pensando nada. A vida é sua, não tem que me dar explicações de nada!
   _Então é isto? Você não se importa comigo, não gosta de mim? Eu posso fazer o que for que você não está nem aí?
   Raquel para de brincar com o fecho e a encara.
   Como Marina podia abrir a boca para dizer que Raquel não gostava dela e que não estava nem aí para o que ela fazia?
   O que Raquel mais fez desde ontem, nem dormindo direito, foi, tentar se convencer que aquela mulher poderia ser só uma amiga ou que trabalhasse com ela e que não era para tirar conclusões precipitadas para que não brigassem novamente, e agora Marina vem dizer que Raquel não se importa com ela por não estar pensando nada?
   Suspira levantando se.
   _Volta aqui Raquel, estamos conversando!
   Raquel no meio da sala se vira.
   _Se eu vou ter que ficar aqui com você, eu não posso estar sóbria para te aguentar.
   Marina se levanta indo atrás dela.
   _Se não consegue me aguentar sóbria, você conhece a saída, pode ir embora!
   Na cozinha, Raquel se vira para ela.
   _Vá embora você!
   _Vá você!
   _Eu cheguei primeiro!
   _Mas o Félix me chamou aqui!
   Estavam a centímetros uma da outra.
   _Ele me chamou também.
   _Ele é meu amigo!
   _É meu amigo também!
   _Só que eu sou amiga dele primeiro do que você!
   Estavam tão próxima que Raquel podia sentir o calor do seu corpo.
   Sorri se virando para a geladeira.
   Sabia que se ficasse ali não resistiria por muito tempo.
   _Você está parecendo uma criança de 5 anos de idade discutindo para ver quem tem o melhor brinquedo -diz Raquel abrindo a geladeira.
   _Aprendi com você!
   Raquel a ignora achando uma garrafa de vodka.
   _Mais que belezinha!
   Pegando um copo, Raquel se serviu.
   _Servida? -pergunta a Marina.
   _Não, obrigada.
   Em um longo gole, com os olhos fechados e a cabeça para trás, Raquel saboreava cada mililitro daquele álcool.
   _Ai meu Deus... há quanto tempo eu não sentia o álcool descer queimando a minha garganta...?
   Marina a assistia encostada na pequena mesa no centro da cozinha.
   _A onde você estava? -pergunta.
   Raquel não responde bebendo mais um gole até acabar a vodka do copo.
   _Eu tentei te ligar ontem mas só dava desligado...
   Raquel se vira para Marina, sorri.
   _Sabe o que eu estou pensando? -não esperou Marina responder- Nós duas brigamos, fazemos as pazes, brigamos, -se aproxima de Marina passo a passo- fazemos as pazes, brigamos, fazemos as pazes, brigamos mais uma vez e tornamos a fazer as pazes, e agora nós estamos brigada...
   Parada a poucos centímetros de Marina, passando os braços em volta do seu pescoço, Raquel continua.
   _Por que não pulamos esta parte de reconciliação e... e partimos para os finalmentes? Já sabemos a onde isto vai dar...
   Marina a encosta na geladeira.
   _Eu não quero mais brigar com você.
   Raquel sorri.
   _Isto é meio difícil.
   _Por quê?
   _Por que eu sou chata!
   Marina a beija.
   _Chata... -beija de novo- mimada... abusada... doida... paranoica... mas eu gosto... eu gosto di...
   Raquel não deixou que terminasse de falar. A puxou beijando a. Compensaram todo o tempo que passaram longe uma da outra nos beijos.
   Marina precionava seu corpo contra o dela beijando cada centímetro do seu pescoço. Suas mãos acariciavam cada curva do corpo de Raquel.
   _Eu estava com saudades... -diz Marina entre os beijos.
   Que saudade é esta que não a procurou este tempo todo? Que, disse que ligou, só depois que foi pega com outra...
   _Eu também.
   Respondeu Raquel.

   Félix demorou uma eternidade para voltar. Voltou acompanhado.
   _Humm, vejo que meu plano deu certo! -diz Félix fechando a porta.
   As duas estavam sentadas abraçadas no sofá.
   _Meninas, este é o Rafa!
   _Tá explicado o porque da sua demora -diz Raquel se levantando- comecei a achar que você ia plantar as uvas primeiro.
   _Está coisinha fofa aqui é a Raquel e ela, Marina.
   Os três se cumprimentam.
   _Vamos beber! -gritou Félix balançando a garrafa de vinho no ar.
   _Ela não -diz Marina apontando para Raquel.
   _Por quê? -pergunta Raquel.
   _Porque você já bebeu!
   _Vai ficar me controlando agora? Foi só meio copo!
   _Iii sem brigas por favor, vocês acabaram de voltar -diz Félix abrindo o vinho- tenham a decência de esperar até amanhã, né? E ela vai beber sim -entrega uma taça a cada um servindo os- vamos brindar ao amor!
   _Ao amor! -todos brindaram.
   E beberam, e conversaram, e riram, e ouviram músicas. Estavam começando a segunda garrafa.
   _Espero que a minha cama não esteja com cheiro de lésbicas! -diz Félix depois de ver as duas se beijarem.
    _Você vai ter que cheira-la para descobrir. -disse Raquel bebendo o resto do seu vinho.
   Marina vira se para ele.
   _Relaxa Félix, poupamos o seu quarto, mas... não posso garantir sobre este sofá, a mesa da cozinha...
   _A pia da cozinha com aquela torneira que vai pra tudo quanto é lado! -completa Raquel rindo.
   _Ai suas vádias nojentas, que horror!
   Todos riem.
   E o tempo passa.
   Marina e Raquel se despendem deles indo embora.
   _Quer ir para a minha casa? -pergunta Marina beijando o seu pescoço.
   Raquel a afasta.
   _Não, eu não sou dessas.
   _Hum... vou fingir que acredito!
  

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Where stories live. Discover now