Parte 6

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NA MANHÃ SEGUINTE...
Peguei a Marina no flagra!
Não acredito que ela ia sair outra vez sem me avisar.
Acordei e não a vi na cama, desci. Ela já estava na porta pronta para sair.
_Você ia sair outra vez sem me avisar? -pergunto parada noda escada.
_Você estava dormindo. -responde ela de costas para mim como se já soubesse o quê ia dizer- Você não gosta que te acorde pela manhã... -virou se me encarando- por que agora seria diferente?
O que aconteceu com aquela Marina toda carinhosa e cheia de amor pra dar de ontem à noite?
Respiro fundo evitando fazer uma cena na frente dos meus 'sogrenhos'.
_Talvez porque eu quisesse ir!? Será que eu posso ir ou você vai inventar outra desculpa para que eu não vá?
_Por que você não fica Raquel? -pergunta a dona Ana dizendo que poderiamos fazer qualquer coisa juntas- Eles não vão demorar! -completa.
Eu quase ri na cara dela.
De 'eles não vão demorar' em 'eles não vão demorar', eles passaram o dia inteiro fora da última vez. Não quero isto de novo!
Nunca mais quero passar um dia inteiro sozinha com essas duas!
_Me desculpe dona Ana, eu gosto daqui, gosto da natureza, do ar puro, mas... eu preciso respirar um pouco de poluição!
Viro me para Marina.
_E então, eu posso ir?
_Já estamos atrasados!
_Eu me arrumo em 5 minutos, ou vou assim mesmo. Como quiser.
Todos nós esperamos a sua reposta.
Ela olha para a sua mãe depois para o seu pai como se precisasse de ajuda.
_Então vá rápido. Cinco minutos e nem um minuto a mais! -diz por fim virando se para mim.
Agradeço beijando a rapidamente e subo correndo para me arrumar.
Cinco minutos é muito pouco para se arrumar. Cinco minutos é muito pouco para arrumar o cabelo, escolher uma roupa, vesti-la, lavar o rosto e escovar os dentes. Cinco minutos é muito pouco até para mim que sou prática, no mínimo é uns 8 minutos para ficar pronta.
Ainda estava frio igual ontem pela manhã, mas visto só uma blusa fina de manga comprida. Achei que durante a tarde iria esquentar como fez ontem.
Passou rapidamente pela minha cabeça que, passado os 5 minutos, Marina poderia ter ido embora sem paciência de me esperar.
Para a sua sorte, eu espero que ela não tenha feito isto!
Desço.
Ela vinha subindo as escadas com uma cara não muito boa.
_Achei que teria que te arrastar para irmos.
_Já estou pronta!
_Você vai assim? É melhor vestir mais uma blusa, está frio!
_Vai esquentar mais tarde. -digo passando por ela na escada.
_Aqui o tempo muda constantemente, nunca sabemos se fazerá sol ou frio...
Parada noda escada me viro para ela.
_Nós não estávamos atrasados? Agora é você quem está fazendo hora!
Fomos na caminhonete buscar as mesas e cadeiras para as parentaiadas deles que viriam para a ceia e a virada do ano. Tios, irmãos, primos, sobrinhos, amigos. Todo mundo ia pra lá.
Como tudo naquela casa era velho... velho não, antigo -exeto pela geladeira, a televisão e o aquecedor- a caminhonete também era velha e não tinha lugar para carregar o meu celular que estava com 15% de bateria.
Graças a uma certa Marina que me manteve ocupada quase a noite toda, eu me esqueci de coloca-lo para carregar.
Enquanto o seu pai ia acertando a aluguel das mesas, eu e a Marina fomos procurar um lugar para comer. Eu não tinha tomado café e para uma pessoa que não tomava café pela manhã, eu estava morrendo de fome.
Ali era uma cidade como todas as outras cidades cheias de enfeites de natal aqui e ali, lá e cá.
Subimos, descemos, viramos, desviramos. As ruas ali eram todas iguais, até as casas eram iguais.
Marina não parecia tão entusiasmada assim como o seu pai em me contar as histórias de alguns lugares, o que eram antes de uma rede de supermercado trasforma-los, mostrou me onde moravam, a escola onde Marina estudou, onde trabalhavam, e um monte de outros lugares.
Depois de almoçarmos, por volta dàs 13:30h, Marina estaciona o carro e virasse para mim.
_Bom, vamos ter que fazer uma pausa... -olha rapidamente para o seu pai- o meu pai tem uma consulta marcada agora e eu vou ter que ir com ele...
_O senhor está bem? -pergunto.
_Ele está, é coisa de rotina! -responde Marina primeiro- Como sabe, pouco tempo atrás ele esteve doente, mas não se preocupe... não devemos demorar muito mas eu te conheço e sei que vai ficar intediada, então você pode dar uma volta por aí, não vai ter problema nenhum.
_Hum... -é só o quê consigo dizer.
_É por isto que eu não queria que viesse, sei que é chato ficar lá esperando...
_Você poderia ter me dito ao invés de tentar sair às escondidas.
_Eu sei, me desculpe, não queria te preocupar.
NAO QUERIA ME PREOCUAR!!
Reviro os olhos.
_Toma aqui -diz ela me estendendo o seu cartão- lembra da senha né? Pode comprar alguma coisa pra você, sei lá... tem um shopping aqui perto...
_Tudo bem... -concordo meio aérea.
Todos descemos da caminhonete.
_Está com seu celular ai, né? Quando acabarmos aqui, te ligo, tá.
_Tá...
Ela me abraça beijando me.
_Te amo... -cochicha no meu ouvido- e vê se não vá muito longe.
Balanço a cabeça concordando.
_Não vamos demorar... prometo que essa é a última vez que eu te deixo sozinha...
Depois de mais algumas melações dela, nos despedimos. Marcamos de nos reencontrarmos ali daqui a uma hora e meia.
Bom, que mal tinha em eu andar SOZINHA em uma cidade que não conhecia, com pessoas desconhecidas?
Eu achava que não havia mal algum, já andei sozinha altas horas da noite na cidade onde moro o que é bem pior do que andar durante o dia em uma cidade que não conhecia.
VAI DAR TUDO CERTO!!
Errado.
Deu nada certo. Nada dá certo na minha vida!
Pra começar, eu deveria ter ouvido a Marina e colocado outra blusa. Além de estar frio, ventava, o que tornava o frio ainda pior.
Segundo, o shopping não tinha nada que eu gostasse e depois de comprar uma blusa mais ou menos para me esquentar, andando por lá, reviso a nossa pequena conversa na caminhonete, me dei conta de que Marina passou a noite me deixando ocupada para que eu não dormisse cedo para que eu não acordasse cedo no outro dia e não a visse sair com o seu pai.
Como eu sou idiota. Como ela é idiota. Por que ela não disse logo de cara que não queria que eu viesse junto?
Eu faria uma ceninha mas entenderia depois.
Saio do shopping frustada por Marina não me dizer as coisas às vezes. E ignorando o seu pedido de não ir muito longe, eu vou mais longe.
Encontro uma livraria em promoção.
ME PERCO NELA!!
Me perdi completamente. Perdi a noção da hora.
Olho a hora no celular... 10% de bateria!
O celular descarrega graças a minha mãe e a mim mesma que resolveu ligar para ela com 10% de bateria pedindo lhe para que olhasse o nome da continuação da saga 'AMANHÃ' para que eu olhasse se tinha na livraria. Ela até olhou o nome, mas sem antes de dizer que eu achava que não tinha uma mãe lá do outro lado do mundo toda preocupada com ela por não ter ligado para ela ontem e sem contar da escova de dente que estava em cima da minha cama. Nem o celular aguentou a sua falazada, descarregou.
PRONTO.
Agora eu estava fudida e meia.
Depois de comprar os livros, -até comprei um para o Sr. Carlos um dos meus favoritos, 'Caixa de Passáros'- eu saí da livraria...
Até então, eu achava que sabia por onde eu tinha vindo, nem passou pela minha cabeça que eu não saberia o caminho de volta. Uma coisa é andar pelas ruas de carro e outra coisa é andar a pé.
São completmente diferentes!
Comecei a entrar em desespero, as ruas eram todas iguais, eu não sabia se eu tinha vindo de cima ou de baixo e para ajudar, ou não, as pessoas que passavam ali nem se dignavam a olhar na minha cara.
Pedi informações de como chegar em tal lugar para três pessoas, todas elas viraram a cara, uma até me chamou de desocupada.
QUE ÓDIO!!
Que medo!
Eu sozinha, sem celular, não conheço ninguém, não sei o endereço da casa nem da onde estavam, mal mal era o nome do shopping.
Mas ninguém queria me ajudar.
Que ótimo!
deve ter se passado as uma hora e meia. Marina deve estar tentando me ligar, cai na caixa postal. Ela se desespera, mas não mais do que eu. Sai dirigindo doida pelas ruas a minha procura, mas não me acha por eu estar com essa blusa verde escura diferente da azul clara que ela me viu vestida pela última vez.
Faço uma anotação mentalmente de que no proximo ano eu irei obedecer todo mundo que me mandar fazer alguma coisa. Agora sei que não é implicância e sim, proteção. Eu sou esquecida, estabanada e pior ainda, malcrida.
Eu deveria ter ouvido a minha mãe e olhado se estava tudo na mala. Eu deveria ter ouvido a Marina e vestido uma outra blusa. Eu deveria ter ouvido ela mais uma vez e não ter ido muito longe.
Mas quem manda ela me deixar solta sozinha em um lugar desconhecido? Ela sabe muito bem como eu sou!
Avisto de longe dois policiais que faziam ronda nas ruas.
_Moço, por favor me ajuda! -digo me jogando aos seus pés literalmente.
Digo que estava perdida, não sabia o endereço de onde estava e não tinha celular, peço para usar o dele. Ele meio desconfiado, de início não acreditou muito, mas eu comecei a chorar desesperada, só aí ele me emprestou.
Meu Deus, esse povo não tem amor ao proximo, não? Posso estar morrendo no meio deles que eles não estão nem aí!
Sorte que eu sabia o número da Marina de cor se não, eu poderia me jogar da ponte.
_Alô... Marina? -respiro fundo tentando esconder o meu desespero- Sou eu, Raquel... eu...é... vocês já acabaram aí? -e na maior calma eu digo que estou falando do celular de um polícial porque o meu havia descarregado e que, acidentalmente eu acabei saindo da minha rota e não sabia como voltar- você pode vir me buscar?
Cinco minutos depois ela já estava buzinando.
Abracei a como nunca a abracei antes. Era como se tivesse passado anos sem vê-la.
Achei que eu nunca mais ia vê-la outra vez.
O engraçado era que eu nem estava tão longe assim, eu estava do outro lado da rua a uma quadra atrás do nosso ponto de partida.
Marina que deveria ficar preocupada comigo e me ajudar com o meu trauma, foi a que mais me zuou por eu ter me perdido com o negócio do meu lado.
_Para! -digo jogando lhe a almofada.
Ela joga a almofada de volta. Eu jogo outra.
_Para com isto vocês duas! -ordenou a tal Maria aparecendo na sala- quantos anos vocês tem? Meu Deus, parecem duas crianças!
_A Raquel tem 24, com marra de 17 e a sua pirraça é de uma criança de 5 anos -disse Marina me provocando.
Acerto uma almofada em sua cara.
_Chega! Raquel, peça desculpas.
_O quê? Mais foi ela que começou!
_Não me interessa quem começou, peça desculpas! E você também Marina, peça ela desculpas.
Marina vira se para mim pedindo desculpas.
Relutante, eu também peço desculpas, subo para o quarto.
_Desculpe, eu só achei aquilo engraçado. -diz Marina me segundo até o quarto.
Dei de ombros. Deito me na cam virando para o outro lado. Sorrio quando ela me abraça.
_Eu achei que eu nunca mais ia te ver, foi horrível! -digo ainhando me em seus braços.
Sinto seus músculos enrigecerem.
_Eu estou aqui minha pequena. -diz ela beijando o meu ombro- Eu estarei sempre aqui...

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora