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Era um domingo preguiçoso em Holmes Chapel. As horas se estendiam vagarosamente durante o dia. O menino suspirou, entediado de tanto encarar o teto de seu quarto. Deslizou pelos lençóis, saindo da cama. Os pequenos pés desceram apressadamente as escadas com um pequeno estrondo a cada passada.

Harry correu até o lado de fora da casa, pegando a velha bicicleta azul, salpicada de ferrugem pelos anos de uso. O azul celeste se misturando com a tonalidade cobreada. As correntes e freios já não eram os mesmo, protestando aos chiados sob o peso do corpo do garoto. Mas ainda assim aquela sempre seria sua adorada bicicleta azul companheira em todas as aventuras da infância dele.

Ele pedalou até o pequeno parque a alguns quarteirões de distância, sentindo o vento acariciar lhe o rosto. A sensação de liberdade mesmo que breve, era boa. O frio na barriga. A adrenalina nas veias. Sentia como se pudesse voar livremente pelos céus com os passarinhos. Nada era impossível.

...

As crianças brincavam alegremente, trazendo vida ao lugar. Os adultos as vigiavam com um olhar cauteloso e sempre alerta. Risadas, cochichos, e o canto das aves no alto das árvores eram a trilha sonora para uma tarde relaxante.

Harry abriu um pequeno sorriso indo se juntar a seus amigos no parquinho. Ele já estava ali há muito tempo, pendurado nas trepadeiras de cabeça para baixo, sentindo o sangue descer, quando alguém lhe chamou atenção. A alguns metros de onde estava, um menino de cabelos castanhos reluzentes como chocolate derretido, sentado no balanço lhe tinha uma aparência tão tristonha que fez o coração dele apertar.

Harry se colocou de pé, agiu com um gato, e marchou determinado a colocar um sorriso naquele rosto choroso, mesmo nunca tendo o visto aquele menino na vida, sentiu que aquilo era o certo a se fazer.

Ele se aproximou, ainda que hesitante, e se postou na frente do outro menino. Louis levantou o olhar, enxugando as pequenas lágrimas com as costas da mão.

- Oi - o pequeno saudou, fungando.

- Olá - Harry respondeu, abrindo um sorriso tímido - Por que estava chorando?

Louis fez um careta como se fosse começar a chorar de novo e abaixou o olhar para os tênis que trazia nos pés, mais interessado nos cadarços do que em falar o motivo de seu choro. O outro suspirou se sentando no balanço ao lado.

- Eu estou perdido- murmurou o pequeno de olhos azuis, tomando um pequeno impulso com os pés, começando a se balançar.

- Você não é daqui, né? - Harry comentou, repetindo o gesto dele.

Louis negou com a cabeça, os olhos começando a arder com as lágrimas. Ele não sabia mais o que fazer. Procurara sua mãe por todo o parque, sem sucesso. Estava desesperado, perdido. Ele sentiu os olhos marejarem, a vista embaçar. Estava prestes a chorar, novamente. Percebendo isso, Harry perguntou, numa tentativa desesperada fazê-lo sorrir; se lembrando da piada que ouvira Candy, sua colega, contar na sala, uma vez:

- Por que o babuíno disse a girafa: ''Por que o rosto comprido?''

- Por quê?- falou Louis. A curiosidade tomando o lugar da tristeza. Ele encarou os olhos verdes de Harry, querendo saber.

-Porque ele pensou que o pescoço dela era o seu rosto - respondeu por fim, vendo Louis dar uma pequena gargalhada. Harry sorriu de orelha a orelha vitorioso, por finalmente vê-lo feliz.

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