Motivos porque eu odeio o oxigenado triangular demónio

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Não consegui dormir mais. Ou pouco consegui.

Não existia raios de sol contra o meu rosto ou olhos, por incrível que parecesse. Estava nublado; Um dia feio e parecia que ia chover.

Sentei-me lentamente na cama e bocejei, sem me esticar. Esfreguei o meu corpo de lado, enquanto humedecia os lábios secos da noite, analisando o quarto com compreensão lenta.

Estranhei o meu colega de quarto, Lunger, não estar ali. Eu sabia que ele acordava mais cedo que eu, mas alguém acordar mais cedo que as sete da manhã e deixar o seu canto todo arrumado, pronto para o trabalho, era no mínimo invulgar.

Silêncio.

Era isso que descrevia o quarto. Silêncio e frio.

Senti um arrepio frio na espinha, abraçando-me. O quarto estava bastante fresco.

E, mesmo com o controlo de temperatura dos quartos, ele estava frio. Além disso, mesmo com o isolamento de som que o oxigenado implantou nos quartos dava sempre para se ouvir passos atarefados e barulhentos a correr de um lado para o outro do corredor, já prontos para o trabalho, enquanto eu dormia até tarde.

...Oxigenado.

Lembrei-me da conversa da noite anterior e senti-me horrível – Um peso fundo e cravado no peito que, mesmo com vários longos suspiros não saiu e nem foi aliviado –. Pensei que estivesse a ficar doente, já que o quarto estava frio, mas foi aí que percebi que era assim que as pessoas culpadas se sentiam.

Meu Deus, como raios é que o Cipher aguenta viver com isto todos os dias, ao saber das coisas horríveis que fez?

Bem... Talvez ele não tenha sentimentos mesmo. Mas, ao mesmo tempo, isso não faz sentido – Ele ficou triste quando eu disse que ia embora... Certo?

Tristeza. É um sentimento.

Então a culpa também é.

E, por mais que queira ir embora e do mal que ele tenha feito e causado ao nosso mundo e a várias galáxias, não está certo fazê-lo abdicar e sacrificar de, talvez, a sua única e última esperança para se redimir e se refazer, agora como pessoa.

Desviei o olhar para o armário ao lado da porta de saída do meu quarto novo, onde deveriam estar penduradas as minhas roupas de empregado e dobradas as minhas roupas que trouxera para a mansão.

Mas ele estava vazio.

Estranhei, até notar que a mochila azul que tinha trazido para a mansão estava cheia e arrumada, em frente à porta, com um envelope preto e algo escrito a amarelo forte.

Levantei-me lentamente e caminhei até ela. Então, quando cheguei, debrucei-me sobre a mala e analisei cuidadosamente cada pedaço do envelope.

Peguei delicadamente entre os meus dedos, olhando para a parte da frente. Tudo o que dizia era "Cipher" em letras grandes, no centro, e um tipo de letra muito bonito e antigo.

Virei lentamente o envelope. Um grande adesivo triangular selava a carta.

Abri, sem pensar duas vezes. A curiosidade tinha-me atacado para saber o conteúdo.

Tudo o que continha era um cartão pequeno e branco, com detalhes dourados nos cantos, com apenas uma frase escrita:

"Obrigado".

...Não. Aquilo não estava certo.

[...]

Bill Cipher dormia calmo na sua preta, grande e elegante cama de detalhes dourados, uma cabeceira enorme e vários cortinados pendurados do teto e que o podiam permitir de ter privacidade, caso deseja-se, com lençóis amarelos. Sobre o seu corpo alto e magro vestia um pijama de um azul claro com vários triângulos amarelos de linhas grossas desenhados e preenchidos pelo mesmo azul do pijama. Utilizava também um gorro do mesmo tecido do que vestia e com um pompom na ponta.

My little, sweet and loyal EmployeeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora