E o traidor é.... Tambores, por favor!

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Olhei-a de forma triste, num suspiro arrancado dos lábios.

Os meus olhos queriam libertar lágrimas, os meus pulmões gritarem até ficarem sem ar só para poder desabafar aquele peso interno dentro de mim.

Mas não o fiz. Ao invés disso, sentei-me ao lado de Carlie, a menina mais nova das gémeas Brownie, de cabelos curtos e rosas pálidos, com leves tons esverdeados nas pontas dos cabelos. Os seus olhos, sempre frios, castanhos escuros quase negros e calculistas, travavam sempre no horizonte da noite estrelada. Pela lua cheia acima de nós, diria que fosse por volta da meia noite.

De forma relaxada, lá tentei me mentalizar de tudo à minha volta, num silêncio agradável e só abafado pelo som dos grilos lá em baixo, do jardim.

" – Nós falhamos mesmo, hãn?". – Sussurrou a sua voz quase muda, sem esboçar qualquer reação ou me fitar. Respondi, exatamente da mesma forma.

" – A quem o dizes".

Nem mesmo nesse dia, e pela primeira vez na história da mansão, as luzes triangulares do pátio não se acenderam, como o Bill tanto adorava admirar, antes de adormecer.

Para sempre.

[...]

Para ser sincero, eu não me lembro do que aconteceu depois de ter encontrado os meus tios.

Eles foram levados depois de uma grande confusão (que já vos vou contar, calma!), para a enfermaria. A Wendy esforçou-se muito para os salvar; Eles ainda correm muitos perigos. Provavelmente, a ruiva vai virar noites até conseguir ter a certeza de que tudo está bem.

Fomos enganados. De todas as formas.

A imortalidade era mentira.

O tempo era mentira.

E o Bill também.

Não sei bem como é que tudo aconteceu. É como se a raiva enorme que senti no meu corpo fizesse evaporar essas memórias da minha mente. Lembro-me de o confrontar aos berros roucos e altos, enquanto o mais alto estava todo atrapalhado.

" – E-Eu sei tanto como tu, Pinetree!". – Insistia em dizer, enquanto negava com a cabeça e abanava as mãos abertas rentes ao seu peito, com as palmas das mãos para mim. – "Eu nunca soube nada sobre o Ford e o Stan! Eu juro-te!".

A minha voz ainda me dói, da quantidade de palavras sujas que lhe lancei, do horror que vi nos olhos e dos berros que lhe espetei na cara. Ou ouvidos.

A certa altura, ele já estava junto à parede da sala ampla e completamente branca, sem fundo. Por algum motivo, só existia três coisas na sala – Duas cúpulas de vidro cilíndricas, do género dos filmes, com eles crucificados no ar e cobertos de auras mágicas; E... Uma porta ao fundo, metalizada e fria. Trancada.

Cerrei os punhos com tanta força que ainda tenho as cicatrizes que libertaram várias gotas do meu sangue que borbulhava, enquanto me corria nas veias.

Mas as coisas começaram a ficar estranhas. E é a partir daí que eu me lembro.

A sala ficou completamente negra, numa luz apagada repentinamente que me fez fechar os olhos e tapar os mesmos com o braço, de tão forte que era.

Depois, a minha boca abriu-se perante a figura que me apareceu à frente, como uma clareza no cérebro. Uma paz que me mergulhou numa harmonia tão serena que dissolveu rapidamente a adrenalina e ódio no estômago. Eu juro-vos que me apeteceu dormir.

My little, sweet and loyal EmployeeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora