Capítulo 6

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"Carlos Eduardo Moraes Bitencourt"

Luiza mal podia acreditar no que seus olhos viam, Cadu, o pai de sua filha, bem ali na sua frente. Quem a menosprezou, a abandonou à mercê da própria sorte com um bebê sendo gerado em seu ventre. O homem que a engravidou, duvidou que o filho era dele, quando percebeu que realmente o filho era seu, pediu a ela que o abortasse. Esse maldito homem, cujo Luiza tentou desesperadamente ao longo desses quatro anos colocar no esquecimento, estava ali, na sua frente, com a vida em suas mãos. Luiza ficou mais uma vez estática.

Teve que atender Cadu, apesar de tudo o que havia acontecido, ele também era uma vida... Uma maldita vida, mas era.

Cadu teve traumatismo craniano de intensidade leve, costelas quebradas, e algumas vértebras lesadas, não estava em coma, estava apenas desmaiado. Cadu estava estável, o que era incrível devido o tamanho das fraturas e ferimentos. Não fosse o grande risco das lesões na coluna, Luiza até diria que seu santo é forte, mas não. Cadu muito provavelmente dependeria de uma cadeira de rodas por muito tempo, e sabendo como é o ego dele, ela já imaginava que seria uma luta que estava travada. Pensar nisso fez com que o estômago de Luiza encolhesse, sentiu um mal estar horrível quando lembrou-se das boas memórias que teve com ele, das vezes em que ele a ajudou a faltar no antigo serviço somente para ficar com ele. Das noites que passaram fazendo amor. Afinal de contas, ele ainda era o pai da filha dela ainda era o seu primeiro homem e único até aquele momento. Ela amou esse cara, e por conta dele, não amou mais ninguém. Nem mesmo se deixou envolver.

Eram 4:00 da manhã, não tinha nenhum paciente para ela atender, mas mesmo assim, não conseguia descansar. Nem ela mesma pensara algum dia rever Carlos Eduardo. Desde que se mudou para o interior para trabalhar, sempre tentando esquecer dele em vão, pois Laura e ele eram muito parecidos, e ela o via em sua filha todos os dias.

Levantou-se no impulso e foi em direção ao quarto em que ele estava internado. No caminho dizia para si mesma "o que eu estou fazendo, Deus?", mas algo muito forte não a deixava parar... Era como se estivesse sendo puxada para lá, como um imã. Luiza não estava entendendo o que estava acontecendo, mas simplesmente não parava de caminhar. Parecia que suas pernas criaram vida própria.

Chegou na enfermaria e olhou pela janelinha de vidro, ele estava dormindo, sua cabeça um pouco inchada e seu tronco enrolado por faixas na altura das costelas, o que deixava seus ombros largos à mostra. Luiza sentiu um arrepio tomar seu corpo, sendo tomada por diversas lembranças. Por mais que Cadu tivesse sido um canalha, ela jamais desejaria ele nesta situação.

Entrou no pequeno quarto, se aproximou da cama e ficou ali por alguns minutos observando aquela boca que tanto a beijara. Lembrou-se que mesmo sendo um canalha, quando estamos juntos ele a fazia sentir como se fosse a única. E em sua ingênua cabeça, era mesmo, ela revira os olhos com essa lembrança.

-Canalha! -escapou de sua boca, não com ódio, mas como uma lamentação, carregada de dor. Ela percebeu que ainda amava aquele homem à sua frente. Tapou a boca, como se isso fizesse com que esta palavra nunca tivesse saído de lá, mas já era tarde, Cadu começou a acordar fazendo caretas, certamente sentindo dor. Abriu os olhos e encarou o teto, tentando se lembrar onde estava, quando olhou para o lado tomou um susto, mas depois de poucos segundos recobrou a consciência.

-Luiza?! -seus olhos brilharam, fez menção de se levantar e soltou um gemido de dor.

-Não, não... Não se mova! -Luiza tenta criar uma pose de forte.

Do nada Cadu faz uma cara de puro terror, como se acabasse de ver um fantasma.

-Tá tudo bem? O que você ta sentindo? Você já está medicado, mas posso aumentar a dose dos analgésicos e...

Para Sempre, Amor (revisando)Where stories live. Discover now