Capítulo 25

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Não se esqueçam dos votos e comentários no fim do capítulo!

Ao longo daqueles dias Luiza vinha tendo pesadelos horríveis, sonhava constantemente com Felipe dentro de um caixão e isso a aterrorizava. Ela guardava isso tudo para ela, seus pesadelos, seus sentimentos de medo, raiva e perca a estavam fazendo sufocar por dentro. Tudo doía e ela queria chorar, por vezes sua garganta ardia com o choro querendo vir à tona, mas ela queria ser forte, queria ser muito forte, e a verdade era que ela estava se sentindo fraca, a verdade era que a cada vez que a porta se abria um longo e profundo arrepio se instalava por todo o seu ser, a cada pesadelo ela estremecia e suava frio. Luiza precisava de ajuda, mas ela não queria admitir isso para si mesma.

Ao mesmo tempo ela estava tão extasiada por saber que Sophie estava bem, saber que seus pais estavam ali, que seu pai estava ali, ah, quanto tempo fazia que não via seu papai, aquele homem que a carregava para cima e para baixo quando tinha oportunidade, juntamente com sua irmã e pelo simples prazer de as chamar de filhinhas, ela pensava, e somente quando Cadu entrou novamente com Sophie a seu lado que ela se lembrou que faltava alguém, que uma pessoa muito próxima não estava com ela, e que muito provavelmente não estava ali fora aguardando sua vez para entrar naquela enfermaria, alguém que não esteve ali pacientemente a seu lado durante esses três dias a esperando acordar. Três dias. Ele provavelmente nem estaria mais por aí, deitado, como se estivesse dormindo.

Veio um flash da expressão que Felipe fez pouco antes de a deixar, do olhar encorajador, da força que ele teve, como se estivesse cumprido uma missão na terra, até mesmo como se estivesse feliz.

-Mamãe? - Sophie chama, fazendo com que sua mãe engolisse em seco todo o choro que queria vir à tona, trazendo assim, mais um nó em sua garganta. Precisava engolir toda a tristeza e dor, por sua filha, não podia se entregar, precisava ser uma mulher forte, para sua pequena se sentir fortalecida.

Desta vez, abraçou Sophie sem se preocupar se ia doer, sem se questionar se aquilo poderia não fazer bem a ela, apenas queria sentir sua filha, apenas queria sentir seu cheiro, ouvir o doce tom de sua voz, sentir o cheiro doce do shampoo de morango que ela amava. Tudo na pequena era doce, e essa doçura era o que a mantinha de pé. Luiza esteve disposta a matar e morrer por sua filha. Ela sempre ouvia a expressão "mãe leoa", mas jamais imaginou que isso seria tão forte. Suas emoções estavam à flor da pele, e ela não sabia se ria ou se chorava, se ficava feliz por estar bem e com sua bebê, ou se se deixava entristecer por Felipe.

"Deus, como vai ser difícil saber que ele não vai mais estar aqui, como tá doendo... doí além da dor física que estou sentindo, dói além de tudo que já senti na vida, preciso que o Senhor me capacite, que me dê forças para não sucumbir e ser fraca... Mesmo assim, obrigada por trazer minha filha de volta, por traze-la bem, e sem nenhum arranhão." - Luiza fez uma prece a Deus, no íntimo do seu coração.

Naquele abraço entre mãe e filha, se passaram tantas recordações e emoções, um misto de sentimentos bons, lembranças boas e outras nem tanto, que Luiza não queria mais largar Sophie, tinha medo de que por algum motivo, de alguma forma, alguém a arrancasse de seus braços. Algo dentro dela parecia que ia explodir a qualquer momento.

Sua pressão começara a subir e ela nem tinha percebido, derrepente os aparelhos conectados a Luiza começaram a apitar, notificando que algo não ia bem, mas mesmo assim ela não queria soltar a filha, ela queria que Sophie pudesse se fundir a ela,
queria jamais perder essa criança. Luiza foi sentindo um tremor, sentiu em seus ouvidos um zumbido alto e ouvia a voz de Cadu a chamando mas ela não conseguia responder, Sophie a chamava com certo desespero, mas ela não conseguia mais se mover. Seus olhos estavam fechados e ela sabia perfeitamente que sua visão se encontrava embaçada. Sentiu medo de que pudesse estar machucando sua filha, mas nada podia fazer, era como se ela estivesse em outra atmosfera. Ao longe ouvia vozes desconexas, sentiu seu corpo ficando cada vez mais relaxado, um calor cada vez mais forte, até apagar.

...

- Luiza? Esta tudo bem? - Luiza despertava preguiçosamente de um sono profundo enquanto ouvia alguém falar com ela, várias coisas ainda estavam meio desconexas em sua cabeça, mas ela sentia muito sono, se pudesse, dormiria mais. Se pudesse, não acordaria mais. Só que ela precisava esclarecer vários assuntos, ela tinha uma filha e queria ficar mais tempo com ela, queria abraçar novamente seus pais e sim, queria conversar com Cadu. Por mais que ela quisesse e tentasse, não conseguia mais colocar culpa nenhuma nele, não depois de tudo o que aconteceu. Mesmo que isso não mudasse o fato de ele ter sido um verdadeiro canalha no passado, era como se ela de uma vez por todas tivesse mudado de opinião, sua visão de mundo se transformara. Depois de ter passado tão perto da morte, depois de ver uma pessoa tão próxima se ir em sua frente, não existia mais lugar para o rancor ou para sentimentos ruins, ela simplesmente mudara completamente.


- O-o quê? - ela sentia uma pontada lá no interior de seu cérebro. Eram muitas coisas para assimilar, muitas informações de uma só vez.

- Perguntei se está tudo bem. - Cadu falava com voz mansa e em baixo tom. Sua voz chegava a ser doce. Ele falava de tal forma que Luiza sentiu saudade do relacionamento que eles tiveram, mas ela rapidamente espanta esse sentimento, pondo uma dor no lugar, a dor da lembrança de Felipe. Luiza se sentiu traindo a lembrança de seu ex, pensando no relacionamento passado com Cadu.

Eram tantas coisas na cabeça, que dessa vez ela não conseguiu conter as lágrimas, respirou fundo, recostou sua cabeça nos travesseiros e deixou as pesadas lágrimas escorrerem, com um rastro de dor, de ausência, de medo de como seriam as coisas dali pra frente.

Como seria viver naquela casa, sem ele? Como seria voltar a dormir sozinha com Sophie? Será que ela ainda moraria naquela casa? Provavelmente não.

Em sua cabeça havia se instalado um verdadeiro caos, caos esse que Luiza se agarrava à esperança que iria melhorar, nada melhor que um dia após o outro, ela dizia para si mesma, mas a realidade a golpeava com muita força, a cada novo dia a confusão era maior. Sentia-se como se nada, nunca mais fosse voltar ao normal. Era como se ela estivesse no meio de um grande círculo que iria se comprimir até esmaga-la.

Em meio a tudo esse devaneio, ela sentiu os braços de Cadu a envolvendo em um abraço apertado. O silêncio naquele momento dizia tantas coisas, dizia palavras nunca ditas antes, era um abraço culposo, receoso e muito dolorido. Quanto tempo fazia que Luiza não sentia o conforto que aqueles braços, que antes eram fortes e imponentes e agora estavam fracos e machucados, faziam quase cinco anos desde a última noite de amor que tiveram juntos.

Me perdoe, dizia ele em silêncio, me perdoe por não ter percebido naquela época o quanto eu te amava, o quanto eu te amo! Me perdoe por não ter podido te defender. Me perdoe!

A conexão entre eles era tão  forte, que Luiza quase ouviu ele dizer tais palavras, mas ela sentiu. Luiza sentiu que aquele seria o seu consolo, sentiu que nem tudo estava perdido, sentiu que seu amor ainda estava vivo, que estava ali, a abraçando naquele mesmo instante.

Mais que isso, ela sentiu sua boca ser inundada pela boca de Cadu, uma onda de eletricidade percorreu seu corpo e por um segundo ela nem estava mais naquele hospital, numa maca, mas se sentia como num paraíso que já havia frequentado, mas ao mesmo tempo, algo novo, algo a mais que nascia ali, naquele beijo. Um sentimento que se renovava. As mãos de Luiza foram para os cabelos dele com urgência, como se de alguma forma pudesse retomar o tempo perdido e ela queria mais, mais daquele homem que ela parecia nem conhecer mais, mais de um homem que se redescobriu e que descobriu que seus destinos estavam interligados.

Ela queria mais. Ele queria mais.

Nunca tivera a completa certeza de que realmente amava Felipe assim como amou Cadu, mas agora sabia que a resposta era não, soube que se deixou apaixonae por Felipe num momento de sofrimento, um momento de fragilidade, mas que seu amor pertenceu, pertence e sempre iria pertencer a Carlos Eduardo.

Eu te perdoo, respondeu por fim.

Ei amores, desculpem-me pela demora gigantesca. Eu fiquei sem celular, logo sem wattpad, e não tenho PC.
Me perdoem!
Vou trabalhar no capítulo extra que é o pov do Felipe no dia de sua morte... espero que eu consia agradar vocês!
Beijos :*

Para Sempre, Amor (revisando)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora