Prólogo

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Dentro, fora, dentro, fora. Essa era a sequência que me tornava mais próximas das pessoas. Era o mais íntimo que eu conseguia chegar de alguém, o mais próximo que eu conseguia chegar de ser amada.

Mas sempre no dia seguinte eu  acordava me sentindo vazia apesar de ter sido preenchida a noite toda, de ter me entregado a noite toda.

Antes eu não entendia o significado do amor, apenas o vazio e a solidão em meu peito. Pra mim, o amor era só uma desculpa que as pessoas usavam pra se entregar ao sexo, se entregar aos mais diversos desejos primitivos e fetiches do seu companheiro. E eu era boa nisso.

Sentir o corpo febril e suado de alguém em cima do meu ou colado ao meu fazia me sentir bem. Eu precisava disso todos os dias pra não me sentir sozinha, mesmo que eu estivesse ali apenas pra proporcionar prazer e não senti-lo.

— Está gostando? - ele me perguntava. — Você é uma vadia... Uma vadia gostosa. - uma estocada mais forte e funda acompanhada de uma tapa na minha nádega me fez soltar um gemido. — Vamos, quero que grite o meu nome!

Eu poderia ter gritado o nome dele mas eu não sabia qual era, eu nunca soube o nome de nenhum dos homens que me tocou antes. Me pergunto se todos não riam internamente de mim por isso.

Era sempre assim, depois de mais algumas estocadas acompanhadas de tapas fortes nas minhas nádegas, eles chegavam ao seu limite. O engraçado é que todos eles tentam me beijar antes, durante e depois do sexo.

Mas por que eu beijaria alguém que nem ao menos me disse seu nome?

Então você me pergunta o por que de não deixá-lo me beijar quando ele já usufruiu do meu corpo.  Bom, eu não sei. A única coisa que sei é que não tenho limites.

Meu terapeuta me disse que eu não tenho limites, que eu não sei distinguir o lado de dentro e o lado de fora, as minhas ações e reações. Nem meus próprios sentimentos, principalmente eles.

Parece confuso?

Eu também era confusa, não sabia pôr limites nas as minhas ações, tudo se resumia a preencher o vazio, a solidão dentro de mim e não importava como até que alguém me mostrou que não era preciso gritar com o meu corpo pra que me vissem, não era preciso transar com alguém pra se sentir viva. Me mostraram também que eu posso ser quem eu sou e ainda sim ser feliz. Mesmo que o caminho fosse longo e cheio de obstáculos, eu ainda podia encontrar o verdadeiro amor. O amor que tanto julguei ser incompressível.

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