Capítulo 1

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Não foi o despertador que me acordou naquela manhã, mas os raios de sol irritantes  que adentrou o meu quarto. Abri apenas um olho e vi que ainda faltavam alguns poucos minutos para o despertador tocar o que me fez voltar a fechar os olhos e tentar dormir novamente, mas como se eu apenas tivesse piscado os meus olhos, o som irritante do despertador soou me fazendo suspirar.

Levantei ainda sonolenta  e enquanto escovava os dentes fiquei olhando para o meu reflexo no pequeno espelho do armário do banheiro. Meus olhos estavam com grande círculos negros, uma mistura de rímel, delineador e olheiras profundas, no meu pescoço havia marcas de diferentes tonalidades, iam de um vermelho quase rosado ao roxo.

Terminei de fazer a minha higiene bucal, lavei a boca e meu rosto, logo depois saí do banheiro e procurei algo pra vestir. Optei por usar uma calça jeans com uma blusa branca lisa, me maquiei mas apenas suficiente para esconder as minhas olheiras e as marcas no meu pescoço, calcei meus Converse e fui em busca de algo pra comer mas como não havia nada na dispensa acabei apenas pegando a minha bolsa e sair do meu pequeno apartamento no centro.

Entrei no elevador e apertei o botão do térreo, quando as portas estavam se fechando um garoto me pediu pra segurar a porta.

— Obrigado. - ele agradeceu assim que entrou.

Olhei pra ele e vi que o este mesmo me oferecia um sorriso fofo enquanto se curvava em um comprimento meio tímido. Apenas lhe dei um meio sorriso.

Paramos no térreo e saímos do prédio juntos mas seguimos para lados opostos. Como a Maid Coffee não era longe do meu prédio fui andando para o meu local de trabalho, passando por inúmeras pessoas que mesmo olhando em minha direção pareciam não me ver. Era como se eu fosse tão invisível e insignificante quanto uma formiga para aquelas pessoas mas aquilo não me incomodava, ou pelo menos não tanto quanto antes.

Em mais ou menos dez minutos cheguei na cafeteria onde eu trabalho meio período, entrei pela porta do fundos e fui me preparar para mais uma manhã de trabalho. Enquanto substituía as minhas roupas por um uniforme de Maid senti olhares sobre o meu corpo, eles pareciam queimar a minha pele e as minhas entranhas mas apenas contei mentalmente até dez assim como o meu terapeuta me mandou fazer sempre que isso acontecesse e ao me virar esbocei um sorriso para as outras garotas que também se trocavam.

— Oi.- tentei ser simpática.

— Oi. - elas responderam ainda com um olhar meio hostil.

Todos esses olhares eram incômodos, me fazia sentir um misto de sensações nada agradáveis mas o meu terapeuta me disse que eu precisava me controlar, mesmo quando parecesse uma missão impossível. 

Saí do vestiário e fiquei esperando elas terminarem para podermos abrir a cafeteria e começar a atender os homens pervertidos que vêm nesse lugar caro apenas para ver garotinhas vestidas de empregada enquanto o chamam de mestre a cada três palavras ditas. Nojentos.

Quando o café abriu tive que colocar a minha melhor expressão inocente enquanto sorria para os pervertidos que entravam no estabelecimento. Por ser a mais nova ali eles faziam questão de ser atendidos por mim, o que resultava em uma manhã super longa e cansativa.

— Bom dia, mestre! O que deseja?- perguntei a um dos clientes.

— Um café expresso com bastante espuma e uma fatia de bolo de morango.- ele pediu sem tirar os olhos dos meus peitos.

— Já trago o seu pedido, mestre. - me curvei.

Fui providenciar e logo depois o servi, ele me ofereceu um sorriso o qual foi forçadamente retribuído e logo fui atender os outros clientes.

Borderline - UnlimitedOnde as histórias ganham vida. Descobre agora