Capítulo 8

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Namjoon ainda estava com os braços estendidos à espera de que eu lhe entregasse a minha vizinha mas eu não a entreguei, ele não me parecia uma pessoa confiável e a forma que o mesmo a chamou por algum motivo não me agradou nem um pouco.

Ele não parecia querer ajudar ela e sim se a aproveitar da garota.

— O que está esperando? Me dê ela!

— Você realmente a conhece?– perguntei.

— Claro que conheço, ela fode como ninguém. – o idiota disse com um sorriso malicioso.

Senti uma vontade desgraçada de socar a cara dele mas eu não podia, Gaby estava nos meus braços e isso podia acabar mal para o Tae já que ele faz parte da fraternidade que esse idiota é o líder.

— De qualquer maneira o meu hyung me emprestou o carro dele não é? – olhei para o Tae e ele assentiu.

Namjoon me encarou por alguns segundos, ele me olhava como se eu fosse o idiota dali, como se eu fosse capaz de tocar em uma garota desmaiada.

— Cuide bem da minha amiga mas sem segundas intenções.

"Claro, eu não sou você."Pensei mas apenas assenti, peguei a chave do carro do Taehyung e saí dali tentando não esbarrar em ninguém o que foi uma missão quase impossível. Ao achar o carro no fim da rua, o destravei e coloquei a Gaby no banco da frente, inclinei o mesmo pra trás pra que a mesma ficasse meio deitada e pus o cinto de segurança.

Senti as minhas bochechas ganharem um tom rubro quando percebi que eu perto demais dela na hora de pôr o cinto.

A olhei por alguns segundo e percebi que ela era muito bonita, seus traços eram delicados e seus olhos levemente puxados eram muito bonitos mesmo estando fechados. Meu olhar desceu um pouco e quando parou em seus seios desviei rapidamente o olhar e saí dali dando a volta no carro pra seguir até o hospital.

Essa era a segunda vez que eu a levaria ao hospital.

Será que ela vive se metendo em encrenca? Me lembro que quando a conheci ela havia sido  abusada sexualmente por algum desgraçado mas também aparentava sinais de embriaguez, tanto que nos seus exames havia constado um alto teor de álcool em seu organismo.

Por que será que uma garota tão bonita como ela beberia tanto assim? Tudo bem que estávamos em uma festa mas ela passou dos limites! Gaby não estava com alguma amiga pra lhe pôr limites?

Saí dos meus devaneios com a Gaby se mexendo no banco ao meu lado, olhei brevemente pra ela e vi a mesma acordando.

— Jeongguk? – ouvi sua voz mesmo que tenha saído baixo. — Pra onde você está me levando?

— Ao hospital.

— Wae?

— Porque você bebeu tanto que passou mal e desmaiou, provavelmente por falta de glicose.

— Ah.– ela disse e eu arrisquei olhá-la quando paramos no sinal. Gaby parecia querer lembrar o que havia acontecido.— Eu não me lembro de muita coisa mas não precisa me levar ao hospital.

— Preciso sim, você pode passar mal de novo.

— Eu não vou mais passar mal.

— Mas já estamos no meio do caminho e de qualquer maneira você precisa de glicose.

— Você pode parar em uma lojinha de conveniência e comprar algo doce pra mim então.

Olhei para ela de soslaio. Fazer o que ela propôs era realmente muito melhor do que ter que ficar horas com a mesma em um hospital, e eu ainda poderia comprar doces pra mim também.

Acabei assentindo e a vi sorrir enquanto batia palmas; ri pela sua atitude infantil e desviei do caminho do hospital procurando por alguma lojinha e por sorte achamos na mesma avenida que estávamos.

Estacionei o carro e saí com ela logo em seguida, entramos na loja de conveniências e procuramos por doces, a vi pegar alguns e colocar em uma cestinha, fui até as bebidas e peguei duas latinhas de refrigerante e depois passei no caixa, acabei pagando tudo sozinho.

— Hey, vamos a praia?

— Sabe que horas são? Por que eu iria levar a gente pra praia ao invés de ir pra casa?

— Porque ouvir as ondas do mar, sentir a brisa, olhar para o céu e ver estrelas o invés de helicópteros é legal.

Realmente é legal e faz tanto tempo que eu não observo as estrelas.

— Tudo bem mas só porque a praia não fica tão longe de onde estamos. – falei dando um meio sorriso.

A expressão calma e serena dela se transformou naquela intensa a qual me assusta, ela havia se perdido em pensamentos enquanto me olhava.

No que será que ela tanto pensa?

— Gaby?

Ela balançou a cabeça como se tentasse espantar os seus pensamentos e sorriu pra mim, ela tinha um eyesmile suavemente lindo.

— Vamos?– ela chamou.

Assenti e voltamos para o carro, ela abriu um dos pacotes de finni que havia na sacola e começou a comer.

— Jeonggukie?

Olhei pra ela meio surpreso por ela ter me chamado assim, mas o que mais me surpreendeu foi ela colocar um dos doces na minha boca, como se nós fomos um casal.

Aigoo, o que deu nela hoje?

— Você ficou vermelho. – ela riu mas logo mordeu seu lábio inferior me olhando daquele jeito de novo.

Desviei o meu olhar rezando mentalmente pra que a cor das minhas bochechas voltassem ao normal.

Com alguns minutos chegamos na praia, estacionei o carro e  saímos do mesmo com a sacola de compras. Eu estava de calça e botas então apenas sentei no capô do carro, ela fez o mesmo. Peguei os refrigerantes que já estavam um pouco quentes e lhe dei um. Abrimos e começamos a beber olhando para as ondas do mar, sentindo a brisa bater contra as nossas peles.

O silêncio entre nós era bom, por mim teríamos continuado com ele mas ela o quebrou.

— Sempre gostei de vir a praia.

— Eu também mas durante o dia sabe? Pra brincar na água, tomar sol.

— É legal?

— O quê?

— Brincar na água.

Olhei pra ela com o cenho franzido mas vi que Gaby realmente estava curiosa e esperava a minha resposta.

— Sim.– respondi meio confuso. — Você nunca brincou?

— Não. – ela respondeu e logo deu um suspiro desviando o seu olhar do meu pra olhar para o mar. — Eu nunca tive a oportunidade.

— Como assim? Você não tem amigos?

— Também não. – ela riu sem humor.

— Jinjja? – insisti e ela assentiu.

— Eu tenho dificuldades pra fazer amizades.

Ao ouvir ela admitir isso pra mim senti uma grande simpatia por ela, afinal eu também não sou uma cara cheio de amigos por ter dificuldade em me socializar apesar de nunca ter considerado isso algo ruim. Na verdade eu gostava dos poucos amigos que eu tinha pois sabia que eles eram verdadeiros mas com ela é diferente, me dei conta de que nunca a vi pelo corredor ou no elevador do nosso prédio ao lado de uma amiga ou amigo o que significa que ela realmente não tinha ninguém e isso é triste.

— Gaby?

— Hum? – ela olhou pra mim.

— Você tem a mim agora.

Borderline - UnlimitedWhere stories live. Discover now