Em correção...
Liara
Nosso desespero acabou pouco antes de sairmos a procura da Valentina. Um dos agentes federais ligou para o Cairon, e pelo viva voz acompanhávamos as notícias..
- Quais são as instruções senhor?
- Entrem e expliquem à família e... – Ele parecia indeciso pela primeira vez na vida sobre algo. – Não! – Como assim não? Pensei. Mas não questionaria nada ao meu marido. – Deixem-na ficar. Não permita que ela os veja e deixem que ela fique por quanto tempo quiser. Ela quer assim. Só consigam o endereço para que eu veja com a família se ela pode ficar.
Depois de alguns minutos eles ligaram fornecendo o endereço e o telefone para que ele pudesse ligar. Eu não questionei nada até porque, ele me parecia fora de si.
- Se quiserem vir busca-la... Mas não dia que conversamos antes, por favor. Minha filha ficaria muito triste comigo. – A mulher do outro lado da linha se colocara totalmente a disposição.
- Não se preocupe. Não iremos...
- Não irão dizer à minha filha?
- Não. Não iremos buscá-la. Se a senhora não se importar de deixá-la por aí por alguns dias? – Como não assim não iriamos busca-la?
- Não. Eu não me importo desde que não traga problemas para mim e minha família.
- Pode ficar tranquila. Está totalmente segura.
- Cairon... – Tentei interromper, mas ele continuou conversando com a senhora.
- Só pedirei à Senhora o mesmo que me pede. Que nossa filha, não saiba que nos falamos. Deixe-a pensar que está muito bem escondida e que não a encontramos.
Quando ele terminou de dizer a mulher que depois acertaria com ela, o que a menina gastasse ou se desse algum prejuízo, ele desligou e fez outra ligação, para outro agente da federal dizendo que haviam localizado nossa filha. Meu coração estava começando a se acalmar.
- Observem de longe e nada de deixar que ela perceba que estão seguindo-a. Se acontecer algo que acharem perigoso, ou suspeito, ajam. Caso contrário, deixem-na até que ela volte por conta própria. – Eu estava mesmo ouvindo aquilo?
Quando ele desligou eu balancei a cabeça discordando de sua atitude. Ele não agiria assim com ela. Era o xodó dele. Seu
amorzinho. Sua princesa.
- Não me condene. Sabe melhor do que eu que isso mata mais a mim do que a ela. Mas se não agirmos agora, será tarde demais. Perderemos nossa filha para sempre.
- Eu não sei se entendo meu amor. – Eu realmente não entendia o que ele queria fazer, nem dizer com isso. Mas respeitaria o que ele fizesse. Estávamos aqui para criar e educar juntos nossos filhos.
- Notícias da minha irmã pai?
- Sim filho. Está na casa de uma das amigas da escola.
- Posso ir com você busca-la?
- Não. – O Benjamin abaixou a cabeça tristonho. - Não iremos busca-la filho. E a manhã na escola se ela aparecer faça de conta que não sabemos de nada. Mas eu acredito que ela não aparecerá.
- Mas vai deixa-la ficar lá pai?
- Vou filho. Não é isso que sua irmã quer? Ela não quer viver nesta casa, não quer os benefícios que oferecemos a ela. Como os seguranças por exemplo. Quer ser normal. Então é isso que ela terá. Se ela aparecer e disser algo, diga que estamos preocupados, mas que como disse que não era para procurarmos pro ela... Então não o fizemos.
O Cairon foi embora para o quarto e eu o segui. Eu queria entender melhor, mas não queria brigar àquela hora. O Pietro disse que iria dar uma volta para tentar encontra-la, mas o Cairon ligou para ele dizendo o mesmo que havia dito ao Benjamin.
As duas últimas ligações foram para o Murilo e para os pais, e disse a mesma coisa, e proibiu que se ela aparecesse na casa de algum deles, que a recebessem. Não dessem dinheiro, e nem comprasse nada que ela pedisse. Explicou a mesma coisa que havia me dito. Mas estava muito triste com o ocorrido.
Quando desligou fechou os olhos e ficou uns minutos, depois abriu os olhos e fixou em mim.
- Vamos viajar meu amor?
- Viajar?
- Vamos? A nossa tão sonhada lua-de-mel. Adiamos há tanto tempo por causa dos filhos. Por causa de julgamentos. Acho que merecemos isto.
- Cairon, sei que está cansado, mas não dá. Realmente não dá. Meu escritório está com um caso grande nas mãos. Sem dizer esse caos na família. Não podemos ignorar nossos problemas.
- Não temos caos na família. Temos uma filha mimada e malcriada por nós mesmo. Mas ela vai aprender. Vai demorar mais irá aprender.
- Quem essa menina puxou viu? – Minha pegunta era séria, mas ele levou na brincadeira.
- Ela puxou sua mãe.
- Mentira. Por que se lembrou da minha mãe agora?
- Não sei Li. Foi só um pensamento que se passou por minha cabeça. Sua mãe, eu me lembro de que, era contra nosso namoro e não escondia de ninguém, muito menos de mim.
- Já pedi desculpas mil vezes e mesmo assim sinto que não foi o suficiente. Minha mãe era terrível. – Sentei-me envergonhada próxima a ele.
- Não é necessário. Eu a entendi e no fim ela estava bem mais tranquila em relação a nós. Foi só uma lembrança.
- Muito bem lembrado. Pensando no comportamento da Valentina. Ela é a herança de minha mãe.
Nos lembramos de várias passagens em que envolvia as crianças. A Valentina tinha por habito querer aparecer mais que o irmão.
O Benjamin era muito calmo e centrado, embora precisasse estudar mais que ela. E agora demonstrava dificuldades em aprender algumas matérias.
Dormimos. Sentia um vazio em meu coração, mas não me sentia triste, como estava mais cedo.
Quando a manhã veio. Nos levantamos tomamos café e fomos para o trabalho. Passamos na escola e deixamos o Benjamin.
- Filho, fica tranquilo. É só uma fase. Vai passar.
- Tudo bem pai. Eu confio em vocês. Sei que tudo vai se resolver.
Quando chegamos TRF, uma grande movimentação se fazia por parte dos funcionários, o que chamava a atenção de todos na rua dos poderes.
- Diga longo? – Beijei meu marido. Enquanto caminhava para nosso escritório, logo mais à frente, ouvi alguém me chamando.
- Breno, que bom te ver. – Ao lado estava ninguém mais que o homem que me ajudara outro dia.
- Esse é o novo juiz que chegou a cidade.
- Você? – Disse sem querer.
- E você deve ser a doutora Salto quebrado.
- Não. É a doutora Liara. Minha esposa. – Cairon se aproximava. – Mas o Senhor já sabe disso não é? A final quando a ajudou eu disse que era minha esposa.
- Sim o senhor disse doutor Cairon. Uma alegria para mim trabalhar ao seu lado. Sempre ouvi dizer muito sobre o senhor. Meu nome é Élcio. – Ele estendeu a mão e o Cairon apertou.
- Que bom. Quando quiser deixar seu passeio e ir até meu gabinete estarei disponível.
O Cairon bateu amigavelmente no ombro do Breno e se afastou, nos deixou. Ouvi a apresentação que o Breno fazia sobre o homem.
- Gostaria que todos pudesse ajudar o Dr. Élcio a se situar no local, posso contar com você?
- Bom! Estamos abarrotados de trabalho, mas contem comigo.
A rua ficou agitada o dia todo. O novo juiz era o centro de todas as conversas. O segundo assunto era o concurso aberto no fórum e no TRF.
As pessoas começavam a me sondar sobre a possibilidade de ser promotora. Elas não entendiam que eu estava feliz, fazendo meu trabalho.