Capítulo Sete

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Em correção...


Liara

Nosso desespero acabou pouco antes de sairmos a procura da Valentina. Um dos agentes federais ligou para o Cairon, e pelo viva voz acompanhávamos as notícias..

- Quais são as instruções senhor?

- Entrem e expliquem à família e... – Ele parecia indeciso pela primeira vez na vida sobre algo. – Não! – Como assim não? Pensei. Mas não questionaria nada ao meu marido. –  Deixem-na ficar. Não permita que ela os veja e deixem que ela fique por quanto tempo quiser. Ela quer assim.  Só consigam o endereço para que eu veja com a família se ela pode ficar.

Depois de alguns minutos eles ligaram fornecendo o endereço e o telefone para que ele pudesse ligar. Eu não questionei nada até porque, ele me parecia fora de si.

- Se quiserem vir busca-la... Mas não dia que conversamos antes, por favor. Minha filha ficaria muito triste comigo. – A mulher do outro lado da linha se colocara totalmente a disposição.

- Não se preocupe. Não iremos...

- Não irão dizer à minha filha?

- Não. Não iremos buscá-la. Se a senhora não se importar de deixá-la por aí por alguns dias? – Como não assim não iriamos busca-la?

- Não. Eu não me importo desde que não traga problemas para mim e minha família.

- Pode ficar tranquila. Está totalmente segura.

- Cairon... – Tentei interromper, mas ele continuou conversando com a senhora.

- Só pedirei à Senhora o mesmo que me pede. Que nossa filha, não saiba que nos falamos. Deixe-a pensar que está muito bem escondida e que não a encontramos.

Quando ele terminou de dizer a mulher que depois acertaria com ela, o que a menina gastasse ou se desse algum prejuízo, ele desligou e fez outra ligação, para outro agente da federal dizendo que haviam localizado nossa filha. Meu coração estava começando a se acalmar.

- Observem de longe e nada de deixar que ela perceba que estão seguindo-a. Se acontecer algo que acharem perigoso, ou suspeito, ajam. Caso contrário, deixem-na até que ela volte por conta própria. – Eu estava mesmo ouvindo aquilo?

Quando ele desligou eu balancei a cabeça discordando de sua atitude. Ele não agiria assim com ela. Era o xodó dele. Seu

amorzinho. Sua princesa.

- Não me condene. Sabe melhor do que eu que isso mata mais a mim do que a ela. Mas se não agirmos agora, será tarde demais. Perderemos nossa filha para sempre.

- Eu não sei se entendo meu amor. – Eu realmente não entendia o que ele queria fazer, nem dizer com isso. Mas respeitaria o que ele fizesse. Estávamos aqui para criar e educar juntos nossos filhos.

- Notícias da minha irmã pai?

- Sim filho. Está na casa de uma das amigas da escola.

- Posso ir com você busca-la?

- Não. – O Benjamin abaixou a cabeça tristonho. - Não iremos busca-la filho. E a manhã na escola se ela aparecer faça de conta que não sabemos de nada. Mas eu acredito que ela não aparecerá.

- Mas vai deixa-la ficar lá pai?

- Vou filho. Não é isso que sua irmã quer? Ela não quer viver nesta casa, não quer os benefícios que oferecemos a ela. Como os seguranças por exemplo. Quer ser normal. Então é isso que ela terá. Se ela aparecer e disser algo, diga que estamos preocupados, mas que como disse que não era para procurarmos pro ela... Então não o fizemos.

O Cairon foi embora para o quarto e eu o segui. Eu queria entender melhor, mas não queria brigar àquela hora. O Pietro disse que iria dar uma volta para tentar encontra-la, mas o Cairon ligou para ele dizendo o mesmo que havia dito ao Benjamin.

As duas últimas ligações foram para o Murilo e para os pais, e disse a mesma coisa, e proibiu que se ela aparecesse na casa de algum deles, que a recebessem. Não dessem dinheiro, e nem comprasse nada que ela pedisse. Explicou a mesma coisa que havia me dito. Mas estava muito triste com o ocorrido.

Quando desligou fechou os olhos e ficou uns minutos, depois abriu os olhos e fixou em mim.

- Vamos viajar meu amor?

- Viajar?

- Vamos? A nossa tão sonhada lua-de-mel. Adiamos há tanto tempo por causa dos filhos. Por causa de julgamentos. Acho que merecemos isto.

- Cairon, sei que está cansado, mas não dá. Realmente não dá. Meu escritório está com um caso grande nas mãos. Sem dizer esse caos na família. Não podemos ignorar nossos problemas.

- Não temos caos na família. Temos uma filha mimada e malcriada por nós mesmo. Mas ela vai aprender. Vai demorar mais irá aprender.

- Quem essa menina puxou viu? – Minha pegunta era séria, mas ele levou na brincadeira.

- Ela puxou sua mãe.

- Mentira. Por que se lembrou da minha mãe agora?

- Não sei Li. Foi só um pensamento que se passou por minha cabeça. Sua mãe, eu me lembro de que,  era contra nosso namoro e não escondia de ninguém, muito menos de mim.

- Já pedi desculpas mil vezes e mesmo assim sinto que não foi o suficiente. Minha mãe era terrível. – Sentei-me envergonhada próxima a ele.

- Não é necessário. Eu a entendi e no fim ela estava bem mais tranquila em relação a nós. Foi só uma lembrança.

- Muito bem lembrado. Pensando no comportamento da Valentina. Ela é a herança de minha mãe.

Nos lembramos de várias passagens em que envolvia as crianças. A Valentina tinha por habito querer aparecer mais que o irmão.

O Benjamin era muito calmo e centrado, embora precisasse estudar mais que ela. E agora demonstrava dificuldades em aprender algumas matérias.

Dormimos. Sentia um vazio em meu coração, mas não me sentia triste, como estava mais cedo.

Quando a manhã veio. Nos levantamos tomamos café e fomos para o trabalho. Passamos na escola e deixamos o Benjamin.

- Filho, fica tranquilo. É só uma fase. Vai passar.

- Tudo bem pai. Eu confio em vocês. Sei que tudo vai se resolver.

Quando chegamos TRF, uma grande movimentação se fazia por parte dos funcionários, o que chamava a atenção de todos na rua dos poderes.

- Diga longo? – Beijei meu marido.  Enquanto caminhava para nosso escritório, logo mais à frente, ouvi alguém me chamando.

- Breno, que bom te ver. – Ao lado estava ninguém mais que o homem que me ajudara outro dia.

- Esse é o novo juiz que chegou a cidade.

- Você? – Disse sem querer.

- E você deve ser a doutora Salto quebrado.

- Não. É a doutora Liara. Minha esposa. – Cairon se aproximava. – Mas o Senhor já sabe disso não é? A final quando a ajudou eu disse que era minha esposa.

- Sim o senhor disse doutor Cairon. Uma alegria para mim trabalhar ao seu lado. Sempre ouvi dizer muito sobre o senhor. Meu nome é Élcio. – Ele estendeu a mão e o Cairon apertou.

- Que bom. Quando quiser deixar seu passeio e ir até meu gabinete estarei disponível.

O Cairon bateu amigavelmente no ombro do Breno e se afastou, nos deixou. Ouvi a apresentação que o Breno fazia sobre o homem.

- Gostaria que todos pudesse ajudar o Dr. Élcio a se situar no local, posso contar com você?

- Bom! Estamos abarrotados de trabalho, mas contem comigo.

A rua ficou agitada o dia todo. O novo juiz era o centro de todas as conversas. O segundo assunto era o concurso aberto no fórum e no TRF.

As pessoas começavam a me sondar sobre a possibilidade de ser promotora. Elas não entendiam que eu estava feliz, fazendo meu trabalho.

A Esposa do Juiz - RepostagemKde žijí příběhy. Začni objevovat