Bônus

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Valentina

"Eu sinto muito" não é assim que gostaria de ter começado este e-mail, mas ultimamente foi esta a palavra que mais usei. Usei-a com minha mãe, com meu irmão, com meus avós, amigos e com o homem que mais me amava, meu pai. Desculpe estar escrevendo justamente para me desabafar com você sobre ele, quando eu deveria falar sobre nós, mas acredito que tenha perdido o amor do homem que mais me amava na vida e isso term me tornado a pessoa mais triste do mundo. E sabe por que digo isso? Porque quando disse que estava apaixonado por mim na casa a Anne você me deu meu primeiro beijo e eu acreditei que fosse verdade e poucas horas depois você disse que mesmo gostando de mim, me achava mimada e eu não servia para você. Não tem ideia de como feriu meus sentimentos. Foi esse o motivo de eu não ter escrito nenhuma palavra a mais à você. Em compensação, meu pai, ele e ama de verdade. Ele colocou sua vida em risco uma vez por minha causa sabia? Não só uma vez, mas como todos os dias ele corre risco e mesmo assim não desiste. Meu padrinho em contou que mesmo ele sendo alvo dos bandidos minha mãe sentiu desejos e ele foi até o outro quarteirão sozinho buscar sorvete, pode parecer coisa boba, mas na época ele correu grande perigo. São gestos pequenos que fazem a diferença. Se tivesse me defendido talvez... Não. Talvez não tivesse mudado nada entre nós. Eu estava cega realmente. Mas só agora começo a ver isso. Estou agradecida pelo presente, embora quando puder lhe devolverei o mimo, pois acredito que sua "namoradinha" não vá gostar da ideia. É a Anne me deixou a par que você agora tem uma namorada. Não é ciúmes pode acreditar. Bom... Só escrevi mesmo, porque meu pai me entregou a lembrança que seu pai enviou a ele. E eu quis ser gentil. Obrigada George pelo carinho! Com carinho de sua amiga... Valentina. Ah... Feliz Natal e Próspero Ano Novo. – Fechei os olhos e deixei as lágrimas caírem sobre as teclas do computador.

Como doeu o dia em que a Anne me disse que ele estava namorando uma amiguinha da prima, amiga da filha da May. Eles moram todos juntos então a prima apresentou essa menina que frequenta a casa.

Agora ele tem dezessete anos, e ela deve ter a idade dele, enquanto eu sou tratada como uma verdadeira criança. Apertei o botão e enviei o e-mail. Não queria ser grossa, mas também não queria que ele imaginasse que eu ainda estava morrendo de amores por ele. E por mais que eu tivesse sido errada, em nenhum momento ele demonstrou que gostasse mesmo de mim. Abandonou-me em plena batalha. Batalha sim. Ele disse que gostava de mim e quando o cerco fechou ele disse que eu era imatura e mimada e que os pais achavam que eu não seria uma boa companhia para ele. Isso me dói até hoje. Acho que não vai passar. Tenho medo de falar com minha mãe e ela não entender direito.. Ontem comprei um diário... É aí que vou contar o que sinto. Não me sinto segura ainda para falar dos meus sentimentos com ninguém. Mas o que mais me dói é olhar a ver a tristeza no olhar do meu pai e saber que de alguma forma fui eu a causadora de tudo isso.

Abro a porta do escritório e dou de cara com ele que está entrando segurando um papel e uma caneta na mão.

- Fazendo contas pai? O contador não faz isso mais para você? E ainda mais hoje que é véspera de Natal?

- Não... É uma carta.

- Carta?

- É. Eu recebi uma carta do pai do seu amigo... O George. E... Quero retribuir a gentileza.

- Pai. Pelo amor de Deus. Ninguém mais escreve cartas.

- Ele escreveu. – Ele sentou-se na escrivaninha e eu fiquei olhando para aquele homem abatido e de sorriso triste que ali estava. Meu pai precisava de férias. Era visível a todos que precisava descansar. Começou a rabiscar o papel. E quem seria a pessoa que entenderia sua letra a não ser quem trabalha com ele? Eram alguns rabiscos que ele dizia que era letra. Eu mesma nunca entendi. O povo dizia que era chique eu na verdade achava que era uma falta de ética, como ele mesmo dizia fazer aqueles rabiscos e dizer que era letra.

- Pai. Não seria melhor escrever um e-mail? Eu tenho o endereço eletrônico do George. Chegaria muito mais rápido. Você economiza, tempo. Dinheiro de selo e ele vai...

- Vai o que?

- Entender sua letra. – Sorri.

- As meninas amavam minha letra na escola.

- A mamãe sabe disso? Ela pode pirar.

- Sua mãe também ama minha letra. Só você tem essa implicância com minha letra.

- Não é implicância. É que não entendo a metade do que escreve. Acho que muitas pessoas estão presas porque os agentes não entenderam que era para soltar o pobre coitado.

- Valentina... – Ele disse sério, então preferi mudar de assunto.

- Vamos ao e-mail então?

Fui até ele e sentei-me em outra cadeira.

- O senhor sabe digitar. Eu sei que sabe. Não faz porque sempre tem que o faça para o senhor. – Ele acha que o estou desafiando, mas não estou. É verdade. Acostumou-se com todas as secretárias e estagiárias fazendo tudo o que ele precisa. Inspira e alguém trás agua, respira e outra trás café. Não vejo meu pai sorrir espontaneamente faz tempo. - Assim que terminar é só enviar apertando aqui.

- Não sou bobo. Sei fazer isso. Só não tinha o endereço do homem. Mas já que vou mandar e-mail, prefiro que peça ao garoto o endereço privativo do pai. Assim posso falar com ele, sem que você ou ele fique por dentro de nossas conversas.

- Viu... Eu tento ajudar e veja o que eu ganho?

- Não quero que pense que estou sendo mal agradecido. Só quero que minha conversa não seja do conhecimento de crianças... Somos adultos.

- Tudo bem. Vou enviar um e-mail. E assim que ele responder eu te digo. – Sai do escritório pensativa... O que meu pai poderia querer com o pai do George. O tom da voz dele era serena, e ele conversava comigo delicadamente. Isso quer dizer que não havia sinal que estivesse bravo ou chateado com algo. Não tinha porque ser indelicado com o homem, até entregou-me o presente do George sem gritar. Eu poderia jurar que está até doente. Está melancólico. Então me lembrei das palavras de minha mãe quando disse que estava com a alma doente. Aquilo não era bom.

Sai do escritório e o deixei sozinho com seus rabiscos... Acompanharia a resposta do George do meu celular no quarto. Dois minutos depois meu celular vibrou... "Quanto ao e-mail do meu pai segue o endereço. Quanto a sua resposta, mas tarde eu te envio. Ah sim... envio.

Deitei na cama na esperança que ele enviasse mesmo. Meu coração estava ansioso sobre o que ele teria a escrever sobre o que eu havia mandado. Eu sou uma burra mesmo. Não devia ter dito aquelas palavras. Devia ter somente dito obrigada pelo presente e pronto. Mas não... Eu e minha boca grande. Ah... O e-mail para meu pai. Levantei-me e sai correndo. Ele devia estar esperando por isso    

A Esposa do Juiz - RepostagemWhere stories live. Discover now