Capítulo 12

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Liara

No velório o clima era... Clima de velório. Muito choro. A viúva estava inconsolável. Dava pena de olhar e de ouvi-la. Quando chegou minha vez de abraçá-la terminei por chorar junto com a senhora de cabelos brancos.

- Filha... Curta cada momento com seu marido. Nós ficamos esperando nos aposentar para irmos curtir a vida e veja no que deu. - Colocou a mão sobre o corpo a sua frente. - Nunca mais faremos planos e nossa netinha que vai chegar, nem vai conhecer o avô.

Aquilo me cortava o coração. Foi um homem que dedicou toda sua vida a serviço da segurança das pessoas, e terminava assim. Olhei o Cairon conversando com... Se me lembro, bem já fomos apresentados. O atual secretário da justiça.

Por um momento meu coração doeu ao ver o Cairon ali tão altivo, tão jovem e saber que estava em constante perigo, sendo alvo de ameaças e mesmo assim ainda dava sua vida pela profissão. Tinha orgulho do que era.

Passamos por um bom tempo, quando o Élcio chegou. Todos se cumprimentaram com respeito e nada mais. O Élcio ficou todo o tempo conversando com um funcionário do conselho e não deu atenção a mais ninguém.

Quando foram fechar a urna, a viúva parecia sem um norte, então fui até ela e a abracei. Os filhos choravam perto e o Cairon ficou bem próximo a mim. Durante o trajeto percorrido a pé fomos de mãos dadas.

Depois do enterro o Cairon foi chamado por um juiz de uma comarcar vizinha e conversava com ele, enquanto o Murilo e eu ficamos próximo ao carro.

- Espero que esteja tudo bem com você Liara. - Olhei para trás e me deparei com o Élcio.

- Está sim obrigada! - Não entendi a preocupação, já que não éramos parentes do falecido. Mas respondi com educação.

- Se precisar de alguma coisa.

- Se ela precisar de alguma coisa tem a mim. - O Cairon chegava atrás de nós.

- Ah, claro meritíssimo. Desculpe-me. Eu só quis ser prestativo.

- Pois se coloque a disposição da família enlutada e não de minha esposa. O senhor fez por ela, mais que o necessário e inclusive já agradeci. Mas que não vire costume.

O homem riu sem graça e saiu. Entrei no carro em silencio porque não queria deixa-lo mais irritado do que já estava.

- Eu te disse para mandarmos uma real nesse sujeito antes que seja tarde demais. - O Murilo falou com o Cairon assim que ele entrou do outro lado do carro batendo a porta com toda força.

- Murilo não coloca pilha vai. – Praticamente implorei.

Em casa as crianças estavam na sala de TV conversando e brincando, com mais uma garota e dois meninos amigos do Benjamin. Cumprimentamos os garotos e fomos para o quarto.

- Cairon fala sério. - Ele parou tirando a gravata e me olhou. - Está com ciúmes mesmo do Élcio?

- Não quero falar sobre isso.

E realmente não falamos sobre o assunto ou qualquer outra coisa no fim da noite. Apenas tomamos banho e dormimos. Ele também não me procurou a noite. E isso me preocupava. Esse era um sinal de que algo ia mal. Muito mal.

E quando se pensava que nada podia piorar, a manhã veio arrebatadora.

Quando cheguei ao trabalho, depois de sair um pouco antes do Cairon, encontrei um recado sobre minha mesa. Teria que atender um cliente da Késsia na comarca vizinha.

A Esposa do Juiz - RepostagemDonde viven las historias. Descúbrelo ahora