Capítulo 13

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Liara

Quando estávamos quase chegando em casa o telefone tocou e o Cairon falou comigo me deixando mais irritada ainda. Irritada sim.

Irritada porque não me atendeu quando liguei. Irritada porque odiava ficar preocupada com ele. Odiava quando ele não atendia ao telefone. Sabia que ele odiava isso também. Mas em uma disputa eu odiava mais. Mas não quis discutir mais, porque sabia que ele tinha razão.

Estava em reunião de ultima hora e não podia usar o aparelho. Assim que viu as ligações estava retornando. Mas agora não adiantava. Estávamos chegando, mas não disse à ele. Também não aprovaria eu ter colocado o Murilo de volta à estrada por uma preocupação sem fundamento, embora tivesse feito à mesma coisa.

A noite estava fria, entrei no elevador com a maleta com roupa que eu havia levado para ficar. Como sabia que estava tudo bem o Murilo não quis subir, indo direto para casa ver a Késsia e as crianças.

Antes de partir pedi a ele mil desculpas por tê-lo tirado de casa.

- Murilo...

- Não precisa dizer nada... No seu lugar teria feito a mesma coisa. Acha que quando também ouvi não tive a mesma dedução que você?

- Acho que estou ficando paranoica.

- Não. Todo cuidado é pouco.

Ele estava aliviado por ter ouvido a voz do Cairon e saber que o amigo estava bem. E embora tivesse dito que não precisava pedir desculpas, eu sei bem que ele também estava aliviado por estar em casa.

- Mãe? O que houve? Não iria voltar somente na sexta feira?

Abracei o Benjamin que vinha ao meu encontro, seguido do olhar curioso da Valentina.

- Sim. Voltaria só na sexta, mas não precisavam de mim assim com tanta urgência. Caso precisem me ligarão. E seu pai onde está?

- No banho. Já jantamos. Só meu pai que ainda não. - A Valentina respondeu.

- Não vai voltar amanhã?

- Talvez filho. Podem ir dormir agora.

- Já? Mas meu pai disse que podíamos assistir TV um pouco mais. - Esse era mesmo o pai deles sempre se deixando vencer por eles. Não estranharia nada se essa semana os dois fossem dormir nas madrugadas, comessem doce a semana toda e trouxessem amigos todos os dias aproveitando que eu não estaria em casa. Mas como eu voltei.

Mesmo sobre protesto eles foram cada um para seu quarto. Amanhã tem aula e não gosto que durmam tarde.

Entrei no quarto. Deixei minha mala próxima a cama e ouvi a água caindo no banheiro.

Retirei o relógio e a pulseira, os brincos e coloquei sobre o criado mudo do meu lado da cama. Retirei sapatos e deixei ao lado da cama. A roupa fui deixando pelo caminho. Lembrei-me da porta e voltei para trancá-la.

Entrei no banho, e o vi. Estava encostado com os braços na parede, de costas para a porta e com o corpo debaixo da água... Abracei suas costas.

- Que susto mulher. Quer me matar. - Olhou para trás então abraçou meus braços.

- Por que? Achou que fosse outra pessoa?

- Não iria voltar só...?

- Não aguentei ficar longe de vocês.

- De vocês?

- Foi. Da minha família. Das crianças... De você.

- E o trabalho?

A Esposa do Juiz - RepostagemWhere stories live. Discover now