Capítulo 11

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Cairon

Acabei ligando para o Murilo, embora eu não quisesse incomodá-lo a essa hora da noite, ou melhor, da madrugada. Entrei no carro e não disse uma palavra sequer.

- O que está havendo Cairon?

- Mataram o diretor do presídio, mesmo depois de termos deixado tudo em andamento.

- Isso eu sei. Quero saber o que está acontecendo entre você e a Liara?

- Nada que eu saiba. Estamos bem.

- Então por que tem andado tão desanimado?

Fiquei remoendo se seria isso mesmo o que estaria acontecendo comigo. Nunca me senti assim. Desde o dia em que havia buscado a Valentina na casa da tal amiga. Não... Desde o momento em que vi a foto dela beijando aquele garoto. Foi como se eu tivesse envelhecido anos em um dia só.

Eu sabia que alguma coisa em mim havia se rompido e que eu precisava urgentemente resolver isso comigo mesmo.

Quando chegamos ao presidio havia dois presidiários com as reivindicações, advogados e a polícia no local.

- Aqui chefe... Deixaram este bilhete. - Abri o bilhete li e logo depois o Murilo vendo que eu não iria passar a ele, tomou o papel de minhas mãos. "Queremos o Cairon."

- Eles atearam fogo nos colchões. - Um agente entrou correndo.

- Corte a energia e peçam ao batalhão de Choque e a Polícia Militar que invada o presídio. Não cumpriram com sua palavra, também não cumpriremos a nossa. - Ordenei ao sargento que estava no comando e diga a eles que estou aqui. E que a cada um que morrer, eles ficaram um dia sem energia e sem refeições.

- Sim senhor. - ele saiu. Passei a mão pelo cabelo e olhei para outro agente que havia dado a notícia dos colchões.

- Diga a eles que estou aqui. Caso queiram falar comigo agora é a hora. - O agente foi cumprir o que pedi e ficamos na sala onde anteriormente era do diretor.

- Acha isso uma boa ideia?

Antes que eu respondesse alguém da policia entrou.

- O que foi agora? - Ele saiu da frente e eu vi a figura assustada da Liara que surgia a trás dele.

- Cairon pelo amor de Deus! - Ela veio em minha direção e me abraçou chorosa. Estava usando um moletom amarelo claro e os cabelos estavam escondidos no capuz da blusa.

- Quem foi o desempregado que te trouxe até aqui? - Abracei-a de volta.

- Disseram que estava tudo bem. Que as negociações iriam recomeçar pela manhã?

- Foi o que disseram quando saímos daqui ontem. - O Murilo interveio.

- Os jornais estão noticiando o falecimento do diretor. E como sempre ligo e vocês não atendem eu exigi dos seguranças que me trouxessem.

- Não tem medo de estar em um lugar desses com todo esse perigo?

- Meu único medo é que você morra longe de mim. - Ela parecia sincera.

- Doutor, já estão na sala aguardando o senhor.

- Preciso ir. Murilo cuida da Li...

- Não. Eu vou com você. – O Murilo era outro cabeça dura. - Ela ficará segura aqui com os policiais.

- Me deixa ir com você. Sabe que sou advogada e muitas vezes estive de frente com pessoas perigosas.

- Sei disso. Só espero que entenda que como não está no caso só será vista como minha esposa e eles sabem bem o quanto minha família é importante para mim. Além do mais... - Beijei seus cabelos e me afastei dela. - Se acontecer algo, alguém precisa cuidar dos nossos filhos.

A Esposa do Juiz - RepostagemWhere stories live. Discover now