Capítulo 3: esperança

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  • Dedicado a Lídia Batista
                                    

III: esperança

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III: esperança


        Ravel se contorcia de dor, estava com febre e aquela corridinha que fizera até o convés agora cobrava a conta. Embora soubesse que estava navegando em direção ao fim do mundo, seu instinto de preservação não a deixava comer e beber à vontade, ela estava racionando tanto a comida e bebida quanto os remédios.

A febre a fazia delirar, trazendo lembranças da lua-de-mel. No começo, o casal mal se falava, era estranho ser a esposa de um desconhecido, porém o incidente da praia os aproximou e a paixão surgiu no dia-a-dia...

Ela estava numa das praias mais famosas do sul de Jope. O sol brilhava banhando o cristalino verde do oceano e ela nadava na maior alegria: era a primeira vez que ia à praia, porque, como princesa, seus pais sempre foram muito protetores. Colhia conchinhas e mergulhava, divertindo-se sozinha. Dafar estava sentado na areia há alguns metros. Ele a observava com a expressão séria, talvez fosse apenas o sol que o fazia cerrar os olhos e franzir a sobrancelha... Eles estavam juntos há três dias e, no entanto, ainda dormiam em quartos separados. Sem perceber, Ravel caminhava cada vez mais para o fundo... Ela queria muito conversar com Dafar, ele era tão lindo e parecia simpático, mas não tinha coragem... Será que ele sentia o mesmo por ela? De repente, Ravel caiu num buraco. Ela tentou nadar para a superfície, mas uma onda que estava voltando para casa depois de dar um carinho na terra a sugou mais para o fundo. Ela girava como se fosse uma batata num caldeirão de sopa, não conseguia subir e já estava respirando água... Seus pulmões queimavam reclamando do banho... Quando estava perdendo a consciência sentiu um par de braços a resgatar, estava no colo de alguém, alguém forte... Quando abriu os olhos, viu que Dafar fazia a respiração boca a boca e ele parecia bastante preocupado... Ah! Como ele ficava lindo com aquele ar de preocupação...

Depois desse incidente na praia, os pombinhos reais foram para o resort onde estavam hospedados e passaram o dia conversando, rindo e se divertindo na companhia um do outro. Não era mais necessário quartos separados e ambos iam se apaixonando conforme se conheciam melhor...

Ela abriu os olhos. O convés estava escuro... Mais escuro que ele, apenas sua alma... Não ia nunca se acostumar com a ausência de Dafar, na verdade ela ainda não tinha acreditado que jamais o veria de novo. E a família? Parecia que ela estava saindo de viagem, que depois retornaria e os encontraria esperando-a.

Mas, no fundo, Ravel sabia exatamente o que tinha acontecido, embora não quisesse acreditar. E outra coisa que ela conhecia muito bem era a sua mínima chance de sobrevivência: ela vomitava, não bebia água o suficiente e estava ferida. Seria um milagre sobreviver...


♜ ♜ ♜

Dias depois...


Ortis estava em casa. O desfile da vitória havia terminado, a guerra acabara. Mas ele não estava feliz. Sentia um vazio no coração. O que fazer depois de conquistar todos os sonhos, depois de ter tudo o que queria? Ao invés de satisfação, ele sentia tédio. Fazia meses que não via a mulher, estava com saudade... Então, ordenou um servo para que mandasse chamar a rainha.

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