Capítulo 5: Hadin

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V: Hadin

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V: Hadin


       Ele caminhava pela estrada deserta com a mochila nas costas. Na escuridão da noite, uma cidade destacava-se ao longe, parecendo um bando de vaga-lumes. Estava cedo, eram oito horas e ele esperava chegar à civilização às nove. Com as roupas surradas, características dos nômades sem-pátria, e um chapéu que o protegia do sereno, ele caminhava tranquilamente segurando um cajado. Era um nômade oriundo do oeste de Sondree, mas diferentemente do resto do povo, ele não era um agricultor. Hadin era um caçador. Caçador de gente.

Chegou em Pillar como o previsto e foi direto para a delegacia, que, em pequenas cidades como aquela, também servia como cadeia. Falou com o tenente responsável pela ordem da vila e pegou um papel amarelado. Observou por uns instantes o retrato falado do papel e, atirando-o de volta na mesa do tenente, deixou o local.

Não pense que em Saas existe polícia. Em cada cidade as delegacias são regidas por tenentes, que comandam batalhões de, no máximo, cem soldados. O exército faz o dever das polícias e bombeiros. Em cidades pequenas, basta uma delegacia com, às vezes, nem cinquenta soldados, porém, nas grandes há sempre mais de uma delegacia, todas interligadas por um capitão.

Em seguida, Hadin foi procurar um local para ficar hospedado. As opções eram muitas, tinha pousada para todos os gostos, mas ele procurou a mais simples possível. Uma simpática senhora o recebeu e lhe mostrou o quarto: iluminado por um candeeiro que estava na cômoda ao lado da singela cama, uma janela que dava para ver o mar a alguns quilômetros e uma escrivaninha. Perfeito.

A senhora explicou-lhe que aqueles eram tempos difíceis e, antes de dizer o preço, Hadin estendeu-lhe um pequeno saquinho com moedas de prata. A velha segurou o dinheiro e olhou para o hóspede, desconfiada.

–– Vou ficar por um tempo, posso contar com a sua discrição? – A velha balançou a cabeça concordando e ele continuou – Quero café da manhã e almoço todos os dias, acho que isso paga, não é?

–– Sim, vejamos... – Ela analisou o conteúdo do saquinho – Hospedagem, café e almoço por... Deixe-me ver... Um mês.

–– Ótimo. A senhora é justa. Não se esqueça da discrição.

–– Não me esquecerei. – Prometeu a senhora mais fofoqueira da cidade.

O dinheiro de Saas não tem um nome específico e são moedas de bronze, prata, ouro e safira, em ordem de valor. Cada tipo de moeda tem três tamanhos diferentes para facilitar a negociação: pequenas, médias e grandes. No Ocidente, as moedas têm o símbolo da união dos seis reinos, – chamada de Suprema Aliança – já que os pongs se excluíram. No Oriente, cada reino tem o seu próprio emblema nas moedas, apesar de não existir taxa de câmbio, uma vez que as moedas têm formato e tamanhos padronizados.

Hadin atirou a mochila na cama e foi tomar banho. Como os banheiros de Saas ficavam do lado de fora das casas, numa espécie de anexo, não eram nada práticos. Havia um tonel com água e uma cuia. Sabonetes eram caros e um símbolo de luxo, eles tomavam banho com um tipo de sabão. Não era cheiroso, mas pelo menos limpava.

As Lendas de SaasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora