Capítulo 9

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Rafaela narrando:

  Uma carona com Christian? Isso era muito inesperado. Há pouco tempo eu achava que ele me odiava, agora eu estava em seu carro a caminho de casa.

  -Então, me conte, você namora? - O que? Essa pergunta me surpreendeu um pouco.

  -Nunca namorei. - Dessa vez a expressão de surpresa surgiu no rosto dele.

  -Como assim nunca?

  -Acho que eu não sou o tipo que agrada a maioria.

  -Como não? Você é linda. - Olhamos um para o outro nesse momento, mas ele desvia o olhar.

  Linda? Ele tinha me chamado de linda? Não estou acreditando. Mas tenho que agradecer.

  -Obrigada. Mas para você não deve ser difícil arrumar namoradas. - Digo rindo, mas noto uma expressão séria em seu rosto.

  -Para qualquer um é difícil achar a pessoa ideal.- Noto que suas palavras parecem querer dizer mais do que dizem - Eu já me enganei uma vez achando que tinha encontrado a pessoa certa, mas esse não é meu assunto favorito.

  -Me desculpe, eu não sabia que... - Ele me interrompe.

  -Está tudo bem. Isso é passado.

  Interessante. Christian tem uma decepção amorosa em seu currículo. Ele me surpreende cada vez mais.

Ele não faz o estilo de homem que se apaixona, que acredita em amor verdadeiro. Mas nisso nem eu acredito.

  -E como conheceu Jessica? - Ele me pergunta, obviamente pra mudar de assunto.

  -Nos conhecemos no primeiro semestre da faculdade e como nós duas precisávamos morar mais perto da faculdade, resolvemos morar juntas. - Era minha vez de perguntar - E por que você resolveu dar aulas?

  -Meu pai sempre sonhou que eu estudasse algo relacionado a economia, para assumir os negócios da família. Mas eu sempre gostei de contrariá-lo, diferente de meu irmão. Então como já tinha meu irmão para assumir os negócios, resolvi estudar direito e dar aulas. No início meu pai quis me expulsar de casa, -Ele diz sorrindo como se fosse uma conquista -Mas ele acabou se conformando.

  -Pra você era bom ser expulso?

  Ele dá de ombros.

  -Nem eu mesmo sei explicar. Mas eu tinha 18 anos e estava cansado da vida cheia de regras. Tinha guardo dinheiro o suficiente para viver por um bom tempo. Mas minha mãe não permitiu que ele me expulsasse. - Diz com indiferença - Mas resolvi morar sozinho quando entrei na faculdade, só que dessa vez recebi apoio do meu pai... apoio financeiro. - Isso me faz rir.

  -Nossa, sua vida foi bem mais difícil do que qualquer um imaginária olhando pra você.

  -É um erro bem comum achar que minha vida foi fácil, apenas por eu ser da família  Reymond. As pessoas associam muito dinheiro a coisas boas, mas não é bem assim, não se você não estiver disposto a viver de acordo com as regras. - Ele estava certo - Eu sempre quis contrariar, então não foi tão fácil quanto parece.

  -Quem diria? Christian Reymond foi um rebelde.

  Ele sorri e seus dentes perfeitos são iluminados pelo painel do carro.

  Nesse momento ele para em frente minha casa e um sentimento estranho de tristeza me perturba. Eu não queria deixar o carro e parecia que ele também não queria que eu deixasse, pois assim que parou seu sorriso diminuiu.

  -Muitos planos para o fim de semana? - Ele me pergunta.

  -Nenhum além de estudar.

  -Bem que eu poderia mudar isso.

  O que? Tantas surpresas em uma só noite, isso não é possível. Acho que ouvi errado.

  -O que? - Pergunto para que ele repita o que disse.

-Eu não tenho planos, nem você, que tal me passar seu telefone para mudarmos isso?

  Não consigo acreditar, mas passo o meu número.

  Então o silêncio toma conta do carro por alguns segundos.

  Nossos rostos vão se aproximando lentamente, seus olhos estão nos meus, mas eu me esquivo.

  -Tenho que entrar está tarde.

  Então ele segura meu rosto com uma mão, deposita um beijo em minha bochecha, e sussurra em meu ouvido com sua voz rouca:

  -Até mais, Rafa.

  Esse simples gesto me paralisa e me deixa toda arrepiada, preciso de alguns segundos para voltar a realidade.

  Então respondo com dificuldade:

  -Até...mais, Christian.

  Saio do carro o mais rápido possível, mas me atrapalho com a porta. E assim que consigo sair, praticamente corro para dentro de casa.

  Como já esperado, Jess não está lá. Então me afundo no sofá e tento repassar em minha mente tudo o que aconteceu com Christian essa noite.

  Ele disse que sou linda? Não. Quase nos beijamos no carro? Isso é impossível. Eu possivelmente sairia com ele no fim de semana? Devo ter pirado.

  Vou até o banheiro, escovo meus dentes e depois me deito. Depois de deitar, ouça meu celular vibrar. Era uma mensagem de um número não salvo, que dizia:

  Obrigada pela conversa. Espero vê-la novamente em breve.
  Boa noite, bons sonhos!
     
               Christian Reymond

Essa mensagem me faz sorrir, então eu respondo:

  Eu que agradeço. Nos veremos!
  Boa noite, tenha bons sonhos!

  Essa simples troca de mensagens em conjunto com a noite, me faz dormir com um sorriso que eu se quer consigo entender.

Querido Professor Kde žijí příběhy. Začni objevovat