Capítulo 28

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Rafaela narrando:

-Pode me deixar aqui. - Digo ao taxista quando ele para perto de uma praça.

Pago a corrida e desço.

Sento em um banco e deixo as lágrimas escorrerem.

Foi tudo uma mentira, me entreguei por inteiro e ele só estava cumprindo uma aposta, aposta que ele tinha feito com pior pessoa daquela Universidade.

Ele sempre me pareceu tão sincero, mas tudo não passou de uma mentira.

-Mestre da papelaria? - Escuto alguém chamando e quando olho vejo Arthur vindo em minha direção.

Não podia piorar mesmo.

-Arthur, não é um bom momento. - Digo limpando as lágrimas.

-Pude perceber. - Ele disse. - O que houve?

-Não quero falar sobre isso.

-Uma briga com o namorado, né? Entendo, esses homens são todos babacas. - Ele conseguiu me tirar um sorriso entre as lágrimas.

-Não chora não, Rafa. Ele não merece suas lágrimas. E se chegar chorando assim no serviço amanhã vai estragar todo o estoque. - Ele me fez rir de novo.

-Eu não sou bom em dar conselhos amorosos, mas posso te pagar um lanche, dizem que ajuda. - Ele insiste.

-Obrigada, eu vou ficar bem. Mas o que você faz por aqui?

-Eu moro aqui perto, e gosto de vir aqui, olhar o céu, pensar na vida. Mas sugiro que você esteja longe de casa, estou certo?

-Está, com tudo que aconteceu eu nem pensei muito, só queria ir pra um lugar que eu ficasse sozinha.

-Bem, se quiser uma carona pra casa te levo. - Ele oferece.

-Acho que vou ter que aceitar a carona.

-Quando quiser ir é só dizer. - Diz sorridente.

-Obrigada.

-Me fale mais de você. Você mora com seus pais?

-Moro com minha amiga Jéssica.

-E seus pais, onde estão? - Ele pergunta.

-Provavelmente no cemitério. - Ele arregala os olhos pra minha resposta.

-Me perdoe, eu é.... sinto muito.

-Relaxa, isso é notícia velha. - Digo para tranquilizá-lo.

-Meu pai saiu pra jogar na Mega Sena, acho que ele ganhou, porque já fazem 15 anos. - Ele diz rindo.

Ele era definitivamente um palhaço. Mas eu gostava de seu senso de humor.

-Queria conseguir levar todos meu problemas com humor como você. - Elogio.

-É fácil. Você chora tudo que tiver pra chorar na madrugada, até quase desidratar e durante o dia você finge que é uma hiena. 

-Parece fácil. - Digo.

-Eu não sei ser de outro jeito. Muito raro eu falar sério e eu gosto de levar a vida assim. - Ele fala sério nesse momento, acho que é a primeira vez que o vejo falando sério desde que nos conhecemos.

-É bom ser assim.

-Minha mãe diz que eu sou só um bobão que não amadureceu. Mas fazer o quê? É uma questão de ponto de vista. - Ele dá de ombros e sorri.

-No fim você vai surpreender ela.

-Eu vou decepcionar. - Ele ainda era pessimista.

-Duvido!

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