Capítulo 37

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Christian narrando:

Nada me partia mais o coração do que ver Rafaela sofrendo daquela forma. Era como se ela tivesse fechada em sua bolha, distante, cercada por seu sofrimento.

Eu me sentia impotente por não saber como ajudar.

Dizer "tudo vai ficar bem" é pífio e não surte efeitos. Eu não tinha fundamentos para garantir isso. Então, de que adiantaria falar?

Eu estava sofrendo também, Jéssica era uma excelente pessoa e foi fundamental para que Rafa e eu reatassemos.

Eu queria poder fazer algo por ela, queria poder fazer algo pela Rafa. Mas tudo que eu podia fazer era oferecer meu apoio.

Saí do escritório e fui direto buscá-la.

Quando estacionei na porta de seu serviço, rapidamente ela saiu.

Vê-la com a aparência abatida, como ela estava, me entristecia.

Desci do carro, para abraçá-la. A abracei como quem diz "estou aqui para o que precisar". Dei um beijo casto em seus lábios e sussurei em seu ouvido:

-Eu te amo.

Antes de me responder ela suspirou, como se até falar tivesse se tornado uma atividade difícil para ela.

-Eu te amo. - Foi só o que ela disse.

Mais nenhuma palavra foi dita até o hospital. Eu não sabia o que fazer. Estava prestes a enlouquecer com a situação, mas tinha que manter minha sanidade para dar forças a ela.

Chegando no hospital, ela adentrou a UTI com pressa. Foi em direção a Jéssica e desabou em lágrimas segurando sua mão.

Se quer notou a presença de Carlos na sala.

Acenei levemente com a cabeça para Carlos, que retribuiu, e fui para junto de Rafa abraçá-la.

Beijei levemente seus cabelos, afaguei seu braço com minha mão, buscando desesperadamente uma maneira de confortá-la. Mas não obtive resultados.

A porta se abriu, Carlos e eu nos viramos para conferir quem entraria, Rafa apenas ignorou.

-Boa tarde. - O médico que acabara de entrar disse. - Sou o Dr. Rogério Sangiorgi.

-Boa tarde, doutor. - Carlos cumprimentou. - Esses são Christian e Rafaela, amigos próximos.

O doutor apenas acenou com a cabeça para nós e seguiu falando com Carlos:

-Gostaria de falar com o senhor um momento sobre o quadro clínico dela.

Ele consentiu e os dois saíram pelo corredor.

-Christian, pode me dar um minuto sozinha com ela? - Rafa me pediu.

Eu concordei, beijei o topo de sua cabeça rapidamente e saí.

-Me desculpe. - Disse quando percebi que ao sair atrapalhei a conversa de Carlos com o médico.

-Tudo bem. Fique para ouvir comigo. - Carlos me pediu.

-Bom... - O doutor começou falando - Na tomografia que foi feita, ficou constafado que Jéssica entrou em coma por conta de um traumatismo craniano grave. Por isso, nela foi colocado um cateter, para medir e aliviar a pressão intracraniana, e aplicarmos remédios para regular essa pressão.

-Então tem tratamento? Ela vai ficar bem, doutor? - Carlos perguntou esperançoso.

-Desculpe, não foi isso que eu quis dizer. O caso de Jéssica é seríssimo. O máximo que podemos fazer é tentar controlar a pressão para que não se agrave. Mas ela teve lesões graves na cabeça. Sinto lhes informar, mas as chances não são muito grandes. - Ele continuou. - Ela também sofreu lesões na parte inferior das costas, que afetaram sua medula espinhal. Caso ela acorde, temo que não volte a andar.


As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Carlos.

Eu não estava conseguindo processar bem a informação.

Como assim poucas chances? Isso não é possível... Isso não é justo.

-Mas, doutor, ela é jovem, vai se recuperar. - Tento argumentar, mesmo sabendo que ele não tem culpa.

-O fato dela ser jovem é o que a faz ter alguma chance, Christian. Eu sinto muito. - Concluiu e caminhou para longe de nós.

Carlos se desespera. Soca a parede ao chorar e repete:

-Não... Não... Não...

-Acalme-se, Carlos. - Digo com a mão em seu ombro.

-É tudo culpa minha! - Ele diz entre as lágrimas.

-Você não tem culpa de nada. Não tinha como evitar.

-O desgraçado que causou isso nem ficou para prestar socorro. Quando viu que seu carro estava funcionando, fugiu de lá o mais rápido que pode. - Disse com raiva em sua voz. - Se eu soubesse quem ele é...

-Vingança não é o caminho certo, Carlos. Vingança não vai consertar as coisas. E ele não vai sair impune disso, uma hora a conta dele será paga.

Ele apenas concordou com a cabeça e se entregou às lágrimas novamente.

-A situação dela é difícil, Carlos, mas nada é impossível. Mantenha sua fé, ela é forte, eu acredito que sairá dessa.

Ele respirou fundo e disse:

-Você está certo.

-Vou ao quarto chamar Rafa, está na hora de irmos.

-Tudo bem. Obrigada, Chris.

-Estou aqui parao que precisar.

Me encaminhei para o quarto, bati levemente na porta e entrei.

Rafa ainda segurava a mão de Jéssica, mas não estava mais chorando, só encarava o rosto de Jess como se implorasse pra ela acordar.

-Amor, está na hora de irmos. - Disse segurando sua mão livre.

Ela concordou, deu um beijo na testa de Jéssica e saímos do quarto.

Na porta encontramos Carlos.

-Desculpe-me por não cumprimentá-lo quando chegamos. - Disse indo em direção a ele para abraçá-lo.

-Tudo bem, Rafa.

Ao se separar dele ela disse:

-Agora eu posso sentir que vai ficar tudo bem.

-Eu também tenho fé nisso, ele responde. - Forçando um meio sorriso.

-Ela é a pessoa carinhosa de um jeito grosso que todos precisamos na vida. - Ela suspirou e sorriu. - Estamos indo. Até mais, Carlos.

-Até mais, Rafa, Christian.

-Até mais, Carlos. - Respondi.

Eu e Rafa caminhamos até meu carro. Ela parecia melhor, mais esperançosa.

-Hey, Chris. - Ela disse assim que entramos no carro.

-Fale, meu amor.

-Eu sei que esse dia ao meu lado não foi nada agradável, mas quero agradecer por estar comigo.

-Nem todos os dias serão bons, Rafa, mas sempre ficarão melhores se tivermos o apoio um do outro. Relacionamentos não são só para momentos bons.

-Você está certo. Sempre poderá contar comigo.

-Eu te amo, Christian.

- Eu te amo, Srta. Torres.

A abracei forte, numa tentativa de uní-la mais a mim e para mostrar que ela sempre vai poder contar com meu apoio.

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Sexta tem outro capítulo, galera 😍
Espero que estejam gostando da história ❤❤
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Querido Professor Where stories live. Discover now