Capítulo II

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CAPÍTULO II

Lavínia Sampaio

Levamos pouco mais de duas horas para chegarmos à Casa Branca. O povoado ficava localizado pouco depois do Parque Estadual do Rola Moça*.

O vilarejo possuía uma diversidade de árvores frondosas que provocavam um frescor e preenchia o ar com o aroma adocicado de suas flores e frutos. O clima que envolvia a atmosfera do vilarejo era absolutamente tranquilo, silencioso e que tempos depois, descobri que guardava muitos segredos obscuros.

Todo aquele conjunto que envolvia Casa Branca, quase tornando o vilarejo surreal, o transformava totalmente favorável ao turismo. Isso era perceptível, pelo fato do número considerável de sítios, pousadas e restaurantes que havia no local.

Não muito distante dali, Ricardo adentrou com o carro em um condomínio residencial. À medida que ele dirigia pelas alamedas asfaltadas, sentia-me deslumbrada com as residências que compunham o local. Todas elas, além de serem aparentemente espaçosas, contavam com uma arquitetura planejada e moderna, agradando a visão de quem as olhassem.

Pouco tempo depois, o veículo estacionou em frente a uma casa. Meu coração palpitou ao pensar que finalmente colocaria os pés na casa de meu pai pela primeira vez.

Enquanto Ricardo abria o porta-malas e Marta procurava pelas chaves em sua bolsa, admirei o jardim da casa com a grama aparada, flores bem cuidadas, ladrilhos retangulares que levavam até a garagem. A estrutura mista em madeira e alvenaria combinava com o clima sereno e elegante do condomínio.

— Vamos entrar Lavínia?! — minha madrasta disse, despertando-me de um transe particular.

Encarei Marta com seriedade durante alguns segundos. Questionei-me o quanto a mulher atraente conseguia ser cínica, fingindo que estava tudo bem.

Se por um lado eu tinha repulsa por Ricardo, por outro eu o admirava por não ser tão hipócrita, tentando bancar o bom pai, como se aquilo fosse apagar os erros cometidos no passado.

Quando Marta abriu a porta, um silêncio envolvia a atmosfera do local. Cada detalhe daquela casa tinha um toque de elegância, seja pela decoração, a piscina ou o cheiro agradável de limpeza.

— Quer conhecer a casa? — Marta questionou colocando suas mãos sobre meus ombros. Arregalei os olhos e esquivei-me de sua investida.

— Desculpe... Eu... Eu...

O sorriso acolhedor surgia por entre os lábios delineados da mulher. Seu rosto apresentava jovialidade, embora as pequenas imperfeições indicassem que ela deveria possuir por volta dos quarenta anos de idade. Em meio aos meus pensamentos, ela fez um gesto para que eu a seguisse.

Passamos pelo primeiro andar da casa: sala principal, sala de visitas com uma estante comprida repleta de livros, objetos de decoração e fotografias; O pequeno escritório de meu pai, a cozinha estilo americana, a lavanderia e banheiro social.

O segundo andar era composto por três quartos. O primeiro deles era de minha irmã. Era uma suíte simples, decorado com cores suaves, brinquedos de pelúcia, bonecas, uma escrivaninha, livros e um notebook. Em seguida, Marta me levou a suíte do casal. Uma cama confortável, o banheiro e um closet. E por último, conheci o meu quarto. O quarto de hóspede. Simples e neutro.

— Quer comer alguma coisa? Precisa de algo? — indagou escorada a porta, enquanto abraçava minha mochila.

De costas para a mulher, balancei a cabeça de modo negativo e ela fechou a porta, deixando-me submersa ao silêncio sombrio que impregnava aquele quarto.

Rejeitada -  Volume I (COMPLETO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora