Capítulo XVI

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CAPÍTULO XVI

Marta Fin

Já havia perdido as contas de quantas vezes havia me recordado daquela tarde tão sórdida com Lavínia.

Cada vez que me lembrava do misto de inocência e sedução contido em seu olhar ou da voz tão estremecida pelo desejo do momento, minhas pernas estremeciam-se.

Por diversas vezes, tentava-me concentrar-me no relatório que deveria ser feito naquela tarde, mas era praticamente impossível. Sentia meu corpo quase arder para ter Lavínia comigo outra vez.

Embora a desejasse, não havíamos nos falado desde aquela tarde, apesar de trabalharmos no mesmo ambiente.

Cogitava enviar-lhe mensagens, mas preferia ceder espaço para que ela assimilasse tais sentimentos e sensações vivenciadas naquele dia.

Em meio aos meus pensamentos, fui dispersa pelo telefone tocando. Era a secretária comunicando que Antônia me aguardava.

Desconfortável com a presença da supervisora, visto que a própria evitava-me com frequência desde o término do relacionamento, revirei os olhos e autorizei sua entrada.

Quando Antônia abriu a porta, remexi-me na cadeira e lembrei-me das vezes em que costumava ser domada pela euforia e excitação, mas naquele momento, vê-la adentrando o silêncio de meu escritório, fez-me querer distanciar-me cada vez mais. E por alguns segundos, questionei-me se estaria me apaixonando outra vez pela filha do meu marido.

— Olá, Marta! Como vai? — indagou pousando a pilha de envelopes sobre a mesa, acomodando-se a minha frente logo em seguida.

Forcei um sorriso encarei seu semblante repleto de sarcasmo.

— Estou atarefada demais, Antônia.

— Posso imaginar. Aqui estão as advertências desse mês. Foram muitas.

— Certo. Há algo mais que eu possa ajudar? — indaguei firmemente, mirando os olhos na tela do notebook.

Em um gesto ímpeto, a supervisora bateu com as mãos espalmadas sobre a mesa, atraindo a minha atenção e inclinou-se, quase deitando sobre os papéis.

— Vai se esquivar de mim até quando?

Retirei os óculos de grau e respirei profundamente, sentindo meu coração disparar. Imediatamente, coloquei-me de pé e ela fez o mesmo, aproximando-se.

— Quem vive me evitando é você.

Ela exibiu um sorriso irônico e dedilhou a fileira de botões frontais de sua camisa, como se fosse um gesto sedutor.

— Então quer dizer que já esqueceu sua enteada intrometida? — murmurou inclinando-se para beijar meu rosto, porém esquivei-me.

— Antônia, por favor, pare de fazer insinuações! — exclamei visivelmente trêmula. — Quando... Quando... — ela sorria, parecendo se divertir com o meu nervosismo. — Eu... Quando nós terminamos, eu disse que ainda poderíamos ser amigas e...

— Marta, a última coisa que quero ser, é sua amiga. — ela inclinou-se, parecendo não se importar com o modo como me esquivava. — Te desejo como mulher... — pousou suas mãos em meus ombros, escorregando-a por minha cintura e puxou-me de encontro ao seu corpo. — Sinto sua falta.

Fechei os olhos com força e movida pela aversão a Antônia, a empurrei com violência, porém ela segurou-me com brutalidade pelos pulsos.

— Você está me machucando! — exclamei tentando me soltar, porém ela segurava com força, exibindo um semblante diabólico.

Rejeitada -  Volume I (COMPLETO)Where stories live. Discover now