Capítulo XV

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CAPÍTULO XV

Lavínia Sampaio

Alguns dias havia se passado, desde o incidente na cachoeira. Porém, as palavras proferidas por meu pai na última vez em que nos vimos, ainda martelavam em minha mente. Era dolorido ouvir de meu próprio pai que seria melhor eu estar morta.

O ferimento em minha cabeça causado pela queda, embora estivesse começando a cicatrizar, ainda era sensível ao toque e os cabelos começavam a querer encobrir a cicatriz irregular.

Naqueles últimos dias, embora Marta houvesse insistido inúmeras vezes para que tivéssemos uma nova conversa, passei a evitá-la a todo o custo, afinal, não havia me conformado com suas decisões perante o que Felipe havia me feito.

A meu ver, o mais digno seria expulsar o garoto do colégio, não apenas pelo o que ele me fez, mas pelas agressões físicas e verbais a minha irmã e o suposto assassinato à Camila. Mas quem acreditaria na garota bastarda?

Inconformada com o fato de Felipe permanecer impune no internato, decidi que faria com que sua máscara caísse e, no mínimo, com que ele fosse expulso da escola, assim, de alguma forma, me vingaria dele e de Elizabeth.

*.*.*

Em meio aqueles dias, acabei conhecendo melhor Ariel, minha colega de quarto.

A garota de cabelos volumosos e encaracolados era aberta a diversas trivialidades e, portanto, havia se tornado habitual que nossas conversas se estendessem ao longo da madrugada, excetuando-se os dias em que estivéssemos dominadas pelo cansaço.

Embora fôssemos colegas de quarto e conversássemos sobre variados assuntos, ainda mantinha-me reservada sobre minha vida pessoal. Ainda achava tinha certo receio para expor minha vida amorosa e compartilhar minhas suspeitas sobre o Felipe ser o assassino de Camila.

Ariel, embora fosse de sorriso fácil e conversa agradável, percebi que ela se entrosava pouco com os alunos do colégio, passando quase todo o tempo na companhia de Gabriel, seu irmão, ao qual ficavam sempre em um local mais reservado lendo livros de ficção ou estudando juntos.

E, confesso que por alguns segundos, ao vê-los tão companheiros daquela maneira, me perguntava se Elizabeth e eu teríamos sido assim, caso as coisas tivessem sido diferentes.

*.*.*

A noite, assim que voltei para o meu quarto, atirei-me sobre a cama e fechei os olhos por alguns segundos, agarrando-me ao travesseiro, questionando-me até quando duraria aquela situação infernal.

— Ah, Lavínia... Desculpe... — a voz serena de Ariel invadiu meus ouvidos, fazendo com que eu abrisse os olhos. — Não sabia que você estava aqui. Está tudo bem?

A menina ainda trajava o uniforme escolar, juntamente com a mochila, segurando uma pequena pilha de livros em uma das mãos.

— Estou aguardando o toque de recolher para fazer a checagem e voltar para o quarto — contei sentando-me sobre a cama, observando-a colocar os materiais sobre a escrivaninha. — Como foi o dia hoje?

Ela exibiu o sorriso perolado e retirou a camisa de uniforme, atirando-a sobre os materiais que estavam na escrivaninha, exibindo o abdome plano e os seios pequenos que eram sustentados por um sutiã rendado.

— Tenho alguns seminários para montar ao longo da semana. Foi difícil me encaixar em um grupo, já que eu não simpatizei muito com as meninas daqui... Mas depois que a professora de Biologia fez um sermão na sala de aula, uma menina deixou que eu fizesse parte de seu grupo. É até bonitinha.

Rejeitada -  Volume I (COMPLETO)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang