CAPÍTULO XIII — PARTE DOIS
Lavínia Sampaio
Sob o a árvore frondosa do pátio do colégio, formava-se uma fila de estudantes que aguardavam pelo ônibus que nos levaria até a cachoeira. Alguns alunos esboçavam euforia enquanto outros transpareciam um semblante carregado de sonolência, em meio aos inúmeros bocejos.
Escorada na grade do pátio que protegia o gramado, sorvi um gole de café e mirei os olhos em minha irmã, recordando-me de seu diário. Havia passado quase toda a madrugada em claro, questionando-me se Elizabeth tinha envolvimento naquele suicídio e inclusive cogitei se não havia sido um homicídio, mesmo que acidental.
Quando o ônibus parou no estacionamento, uma das monitoras logo fez um gesto para que eu ditasse as regras para os alunos. Revirei os olhos e sorvi a bebida fumegante em apenas um gole.
Enquanto ditava as regras, percebi que Elizabeth e seus amigos encaravam-me com desdém, porém os ignorei.
— Que bom que você veio Lavínia — Heloísa comentou enquanto esperava os alunos se acomodarem no ônibus.
— Não tive escapatória — falei forçando um sorriso. — Na verdade, depois queria conversar com você.
— Sobre? — pude vislumbrar quando seus olhos castanhos faiscaram e o sorriso tornou-se ainda mais largo em seu rosto.
— Entre, por favor. — murmurei quando o último aluno adentrou o veículo. — Quando for o momento certo, falarei com você.
A menina continuou a exibir um sorriso estonteante e em seguida, acomodamo-nos no ônibus.
*.*.*
— Não vai me devolver o celular, Elizabeth? — indaguei em um murmuro quase inaudível, aproximando-me dela que estava acomodada ao lado de Felipe que cochilava em seu ombro.
Ela inspirou profundamente e me observou de soslaio.
— Quando você cair fora do meu quarto, eu devolvo.
— Você passou a noite fora e nem por isso te enchi a droga do saco — falei esboçando um sorriso irônico, agachando-me no corredor do ônibus.
Ela manteve-se silenciosa por alguns segundos e Felipe remexeu-se ao seu lado, escorando a cabeça na janela lateral.
— Está com o Felipe. Não sei aonde ele colocou.
— Se esse telefone não aparecer até o final do dia, as coisas ficarão difíceis para vocês. — os ameacei sustentando o seu olhar.
— Você está nos ameaçando, Lavínia?
— Interprete como achar melhor. — respondi dando uma piscadela e colocando-me de pé.
*.*.*
Alguns minutos depois, chegamos ao local que se assemelhava a um hotel fazenda. Totalmente amplo, arborizado, imerso nos sons agradáveis da natureza. E fomos recepcionados pelo proprietário e sua esposa, cujo eram amigos de papai e Marta.
Beiravam pouco mais de nove horas da manhã e indaguei-me se minha madrasta estaria pensando em mim durante aquele tempo em que estivemos distantes e senti minhas bochechas enrubescerem juntamente com um meio sorriso.
No mesmo instante, lancei um olhar desdenhoso para Elizabeth que cochichava algo no ouvido de Felipe. O garoto simplesmente deu de ombros com os dizeres da namorada e a envolveu pela cintura, aglomerando-se em meio aos outros alunos.
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Rejeitada - Volume I (COMPLETO)
Mystery / ThrillerHISTÓRIA FINALISTA DO THE WATTYS 2017 - CATEGORIA MISTÉRIO OBRA REPRESENTATIVA LGBT ALIADO LGBTQ+ MENÇÃO HONROSA "CONCURSO REVELAÇÕES DO WATTPAD" VENCEDOR EM QUARTO LUGAR NO CONCURSO #TOP5LGBTQ+ 2018 PRIMEIRA EDIÇÃO Após anos de afastamento, Lavíni...