CAPÍTULO X
Lavínia Sampaio
Segurando um copo de café, caminhava cabisbaixa pelo pátio principal do colégio, vislumbrando o amontoado de nuvens acinzentadas que se formavam no horizonte, prenunciando que horas mais tarde aconteceria uma tempestade.
Desanimada, adentrei a biblioteca para seguir com mais uma das inúmeras tarefas rotineiras do dia.
No segundo andar, enquanto colocava os livros que haviam sido devolvidos naquele dia, de volta a estante, sorvi um gole da bebida fumegante, para espantar a sonolência, tendo em vista que solitária e submersa em um silêncio profundo, o sono era um dos maiores vilões.
Folheava aleatoriamente um livro do autor Machado de Assis enquanto me recordava do que havia acontecido na noite anterior entre eu e minha madrasta. Aquele abraço havia me despertado sensações e a julgar pelo o que havia acontecido em seu carro pela manhã, poderia jurar que Marta estava flertando comigo.
Mesmo que eu ainda nutrisse alguns receios e frustrações por ela, por culpa do que o meu pai havia me feito, consegui enxergá-la por outro ângulo naquela noite e percebi que começávamos a formar um pequeno elo. Definitivamente, aquele gesto havia nos aproximado um pouco mais.
*.*.*
Era final de tarde quando me retirei em silêncio da biblioteca. A brisa fria soprava com velocidade, denunciando que a tempestade estava por vir. As nuvens acinzentadas amontoavam-se, tornando a tarde sombria e triste.
Em meio às folhas secas que desprendiam das árvores e eram sopradas pelo vento, deparei-me com Heloísa saindo do ginásio, acompanhada de um trio de amigos.
Ao passar por ela, acenei discretamente, exibindo um sorriso cordial. Nitidamente, seus olhos castanhos reluziram e um sorriso perolado iluminou sua face, fazendo com que ela desse de ombros para o grupo de amigos, caminhando apressadamente em minha direção.
— Oi — ela disse tocando meus ombros e caminhando ao meu lado. —, que horas podemos conversar?
Caminhávamos devagar. As primeiras gotas de chuvas começavam a pingar, fazendo com que os alunos corressem em direção aos dormitórios ou o refeitório.
— Bom, eu preciso ir para o dormitório nesse momento — respondi analisando rapidamente o visor do celular e observando uma gotícula de suor escorrendo na lateral de seu rosto.
Ela forçou um sorriso e coçou a cabeça, como se estivesse desconcertada para falar alguma coisa.
— Pode ser agora? — ela questionou com as bochechas levemente coradas. — Mais tarde estarei ocupada.
— Tudo bem — murmurei sentindo o vento soprar forte.
— O que você quer saber? Você disse que tinha ficado com dúvidas sobre a história da Camila.
Os pingos grossos e frios atravessavam o tecido da camisa, escorrendo pela pele quente, provocando uma sensação levemente desagradável.
— Sim, eu fiquei. — respondi enquanto adentrávamos o dormitório. — Na verdade, algumas coisas ainda não ficaram totalmente esclarecidas.
— Tipo? — indagou arqueando as sobrancelhas enquanto nos acomodávamos nas poltronas do saguão.
— Essa garota, ela morava onde?
— Bem, eu sei pouca coisa sobre a Camila. Sei apenas que ela era bolsista, tinha dezessete anos e ao que parece, a família dela é muito religiosa e não acreditavam que ela pudesse ter feito algo daquele tipo.
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Rejeitada - Volume I (COMPLETO)
Mystery / ThrillerHISTÓRIA FINALISTA DO THE WATTYS 2017 - CATEGORIA MISTÉRIO OBRA REPRESENTATIVA LGBT ALIADO LGBTQ+ MENÇÃO HONROSA "CONCURSO REVELAÇÕES DO WATTPAD" VENCEDOR EM QUARTO LUGAR NO CONCURSO #TOP5LGBTQ+ 2018 PRIMEIRA EDIÇÃO Após anos de afastamento, Lavíni...