Capítulo V

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CAPÍTULO V

Lavínia Sampaio

Desde que Elizabeth havia voltado de viagem, permaneci a maior parte do tempo dentro do quarto, me divertindo com o novo celular. Ouvia seus pais rindo com algumas coisas que ela dizia e aquilo me fazia sentir como uma intrusa na vida deles.

No domingo, faltando alguns minutos para que Patrícia servisse o jantar, ouvi a campainha da casa tocando. Imediatamente, Elizabeth saltou do sofá e ajeitou os cabelos, caminhando apressadamente em direção à porta, sendo seguida por nossos olhares curiosos.

Em seguida, a garota girou a maçaneta, exibindo um sorriso estonteante para a pessoa do outro lado da porta.

Mirei meus olhos em Marta. Ela sorria discretamente, acomodando-se ao lado de meu pai na mesa. O semblante de Ricardo estava carregado de seriedade e parecia apático quanto à euforia da filha.

— Boa noite! — disse o rapaz que estava de mãos dadas com minha irmã.

Ele aproximou-se, nos cumprimentando amistosamente. Porém percebi que ele me observava curioso. Notei que Beth arqueava as sobrancelhas, como se pensasse em algo para dizer.

— Hã... É... — a garota hesitava. — Essa é a Lavínia. Minha irmã.

Um clima desconcertante pairava sobre o ar. Naquele momento, desejei que surgisse um buraco sob meus pés para fugir daquela situação, mas seria impossível, portanto, continuei a encarar o garoto que embora possuísse uma aparência admirável, carregava uma energia estranha consigo.

— Vocês se lembram do Felipe, não é?! — minha irmã finalmente se pronunciou, quebrando o silêncio.

Patrícia começou a servir o jantar e em seguida, despediu-se da família.

— Você não me é estranho... — Marta comentou semicerrando os olhos, encarando o garoto.

Elizabeth revirou os olhos, impaciente com a memória da mãe.

— Felipe estuda no colégio, mãe! E... Ah...

A gente namora — ele interviu servindo-se da comida.

Imediatamente busquei os olhos de meu pai. Ele apenas concordou, balançou a cabeça e serviu-se de uma taça de vinho.

— Hum... Você não é o rapaz que namorava aquela garota que... — minha madrasta palpitou após sorver um gole de vinho.

— Mãe, por favor, não! — Beth exclamou aborrecida, interrompendo a mulher.

— Minha filha, mas não fiz nada de mais — ela retrucou pressionando os lábios.

— Ah, Marta! Por favor! Isso não é assunto para o jantar! — finalmente meu pai se pronunciou.

O silêncio nos rondou novamente, porém uma pequena dose de curiosidade já estava se aguçando em mim. Quem seria a garota que Marta estava se referindo? Por que Elizabeth não queria falar sobre ela?

Seguimos o jantar em silêncio e quando ajudava Marta a recolher as louças do jantar, minha irmã decidiu espantar o clima estranho que nos rendia:

— Minha mãe disse que você vai trabalhar na escola, não é?! — ela me perguntou enquanto afagava as mãos do namorado.

— Sim, irei — respondi após colocar as louças na pia.

— Acho que você vai gostar — ela insistiu na conversa. — O único problema é o tempo, né?! — concordei. Estava torcendo para que ela desencanasse do papo. — Seu namorado não fica chateado por te ver fim de semana? Ou você não namora?

Rejeitada -  Volume I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora