07 | luke rudenko

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— Você foi bem na luta hoje, Luke — A morena com um enorme decote fez minha boca salivar ao encarar seu belo par de seios. — Você acabou com ele — Seu sussurro próximo a minha orelha quase fez com que esquecesse o que ainda me aguardava.

Respirei fundo. Tinha uma mão fodida, um roxo na bochecha direita e toda ira do meu treinador.

— Valeu — Peguei em sua mão delicada com unhas de um tom vermelho e afastei — Depois a gente se vê. — Pisquei recebendo seu sorriso.

Mordi o lábio inferior ao estuda-la.

— Aposto que tem dez toneladas de silicone em cada peito — Alba proferiu mastigando sua pipoca e analisando a morena se distanciar.

— Como você sabe?

— Nenhum peito pula do vestido dessa forma — Se meu maxilar não estivesse tão fodida poderia até rir — É sério, ela estava quase esfregando na sua cara.

— Eu espero que mais tarde ela realmente faça isso — Sorri malicioso e recebi um tapa.

— Luke Gregers Rudenko! — Roqua estava irado. Se fosse um desenho, com certeza estaria soltando fogos pelo nariz — Que diabos você pretendia com essa luta? É esse futuro que você quer? — Abri a boca para responde-lo — Não responda! Eu já vi que não.

— Treinador...

— Você deixou que ele acabasse com você! Deu várias oportunidades para que ele desferisse socos e mais socos no seu rosto... Gregers, o que aconteceu? — Roqua pareceu retomar sua sanidade e fechou os olhos massageando as pálpebras, logo me encarando.

— O cara treinou bastante, e ele já lutava — Umedeci os lábios — Eu ganhei! Eu ganhei... Não é o suficiente?

— Não! — Gritou em minha direção fazendo com que fechasse meus olhos. — Semana que vem um olheiro estará aqui — Sua mão apertou meu ombro e seus olhos estavam cravados nos meus — Luta demorada demais cansa! Ninguém quer perder tempo assistindo três rounds dessa merda! Se quiser ser o melhor, dê o seu melhor!

Por sorte a arena estava quase vazia, tinha algum tempo que a luta havia acabado e só estávamos nós ali.  

— Sim senhor. — Assenti com a cabeça desenrolando a faixa das mãos que estavam encharcadas de sangue.

— Tenha uma boa noite, e fique pelas redondezas. Seu treino daqui pra frente será pesado.

Suspirei fundo e resmunguei um "boa noite".

Roqua com quase dois metros era africano. Veio para o Brooklyn em busca de uma vida tranquila e melhor. Sempre que entravamos no assunto família, — que segundo ele era necessário porque na maioria das vezes as pessoas buscavam luta como válvula de escape, e ele tinha que saber o motivo de estar ali... Sempre tinha um proposito, mesmo que eu ainda não soubesse — Ele sempre fugia quando questionava onde estavam seus pais, nitidamente era um assunto intocável e desconfortável para o meu treinador. Sua casa era atrás do tatame, morava com sua esposa e sua filha, que era uma criança linda e com uma energia incrível. O casal era feliz, e deixavam transparecer isso e cheguei até me questionar se um dia eu seria assim.

Se tivesse uma família, queria que fosse como Roqua e Samanta.

Quando o conheci dois, anos atrás, parecia uma criança desnorteada buscando por algo que fizesse com que me sentisse vivo. 

Victor, meu irmão tinha terminado sua faculdade, estava tomando frente da empresa do papai e isso havia acabado comigo de todas as formas possíveis e impossíveis... Foi naquele dia, naquele maldito dia que percebi que jamais supriria as expectativas que minha família colocava em mim. Depois disso sai da faculdade que fazia apenas porque meu pai me obrigava e tomei o rumo que queria para minha vida. Eu comandava os trilhos agora, e me sentia bem.

THE REFUGE ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora