26 | georgia roe

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Passei a mão no rosto com revolta ao ouvir os gritos no apartamento. Os gritos ecoavam. E pelo que meu subconsciente dizia, eram gritos do meu irmão, simulando um despertador. O demônio mirim adentrou ao meu quarto, balançando o calendário em suas mãos, gritando "pirim, pirim."

— O que que é isso? Novo caso de possessão? — O encarei colocando o travesseiro no rosto.

— Não! É o meu aniversário! — Berrou me fazendo pular da cama.

Espelho em frente a cama nunca seria uma boa opção, ainda mais depois de me deparar com meu reflexo assim.

Parecendo que fui atropelada por dez tratores.

— Calleb, são cinco horas da manhã! Pelo amor de Deus, vai dormir!

— Não! — O seu grito fez minha alma sair do corpo — Você tem que me dar parabéns.

— Não pode ser daqui há uma hora? — Choraminguei, esperando compreensão.

— Não.

Fechei os olhos, selecionando o mantra da paciência.

Não deu certo.

Mantra de muita paciência.

Paciência em excesso.

Baldes de paciência.

— Calleb...

— Eu nunca vi na vida uma irmã que não dá parabéns ao seu irmão.

— Me lembre de procurar um empresário para você hoje. Hollywood está perdendo o ícone da dramaturgia.

— Que exagero.

Virei o rosto, jogando o mesmo de forma brusca no travesseiro. Ainda estava noite. Céus, eu vou enlouquecer. A lua clareava o quarto, juntamente com todas as estrelas no céu. Pedi paciência mais uma vez.

Se Deus não gosta de raiva ele ia ter que me dar paciência.

— Vem aqui. — Me sentei na cama, chamando meu irmão com os braços, que rapidamente pulou em cima da cama.

O abracei com toda força. Segurando a coisa mais importante para mim, e queria passar esse sentimento para ele. Calleb era o meu mundo, a coisa mais importante que existia na minha vida. E hoje, me deparando com seu aniversário, com ele ficando mais velho, parecia que o tempo estava acabando.

Meus olhos se encheram de lagrimas.

Meu irmão estava crescendo. O passarinho estava saindo do ninho, e em algum momento ele voaria.

Meu coração se apertou.

O abraço se apertou também.

Suas mãos pequenas acariciaram meu cabelo, e eu logo tratei de assoprar para que as lagrimas sumissem.

— Você está chorando por que? — Rapidamente ele se afastou para me encarar.

— Você vai crescer, né? E vai voar, como um passarinho. Calleb, não seja um passarinho. Eu vou te prender no pé da cama. — O apertei unindo toda força.

Calleb gargalhou, dizendo o quanto eu era doida. E exagerada.

— Eu pedi ao Luke para cuidar de você agora, mas quando eu for um homem, vou cuidar de você como você sempre cuidou de mim.

Suas palavras foram o suficiente para abraça-lo de novo.

Ficamos ali por mais algum tempo, até que o sol nasceu e irradiou pela janela. Já era dia, e Calleb passou por todos os lugares pedindo seus parabéns com um abraço até a cafeteria. A criança estava com uma alegria imensurável, como se fazer aniversario já fosse seu presente. Chegando na cafeteria, ele não poupou abraços e agradecimentos. Todos o amavam, e eu ficaria feliz eternamente por isso.

THE REFUGE ✔Where stories live. Discover now