33 | luke rudenko

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     Encaro o espelho respirando fundo enquanto arrumo a gravata. Quatro anos sólidos de relacionamento ao seu lado não fora o suficiente para fazer meu coração se acalmar ao pensar nela. Georgia Rudenko. Ela merece meu sobrenome e toda minha história junto a sua. Merece todo meu amor e tudo que sou capaz de fazer em nome dele. Respiro fundo ao encarar meu reflexo. Esse cara não parece aquele idiota de três anos atrás. Aquela criança perdida em busca de um fio de luz que falasse qualquer coisa sobre esperança de algo melhor. Eu mudei. A vida nos mudou. Nos melhorou e nos moldou para sermos tão nossos como somos hoje. Uma boa parte disso é culpa da garota com aquele sorriso digno de abrir as portas do inferno e fazer todos reverencia-la. Meu nervosismo está aflorado, assim como cada célula que grita por ela. Não sabia que o amor poderia ser tão devastador assim, que pudesse roubar cada parte de sanidade que você tinha. É o dia do meu casamento. O dia que esperava ansiosamente em segredo. O dia que o padre e nossos amigos poderiam testemunhar o quanto a felicidade se tornou cumplice de nossas vidas. 

Sempre fomos um só. 

Sempre seriamos o lar do outro.

Hoje fazemos quatro anos juntos, e ainda assim, sou imensamente apaixonado por cada detalhe de seu corpo. Por cada parte dela que despe minha alma e me faz ser tão seu. Pelo seu jeito extrovertido e tão Georgia de ser. Por me ensinar que o amor exige paciência e ainda assim um pouco de pressa, e me mostrar que mesmo a vida sendo dolorosa, há sempre uma chance de se redimir e florescer. Tenho orgulho do que sou hoje. Não amadureceria tanto sem seu jeito carinhoso de me mostrar que sou bem melhor do que pensava. Nós construímos isso.

Calleb está ao meu lado tentando de alguma forma arrumar sua gravata. Eu apenas deixo, ele está crescendo, sua voz ficando mais grossa e quer independência. Não vou interferir nisso, apesar de Georgia sempre o trata como uma criança e isso acabar em brigas. Ele vai entrar com ela, como foi definido há dois anos atrás. Nós não abriríamos mão disso, e nem eu permitiria. Calleb é tudo que ela tem. Georgia é tudo que Calleb tem, e mesmo que eu queira fazer parte disso, não posso impedir que esse laço se fortaleça cada vez mais. É importante para ambos.

— Tá nervoso? — Hera entra no quarto.

— Bastante... Como ela tá? — Questiono nitidamente curioso e a loira ri negando com a cabeça. — Uma dica.

— Ela está deslumbrante, e não para de sorrir. — Suas mãos ajeitam minha gravata e eu agradeço. Hera é assim, protetora com todos nós, como se tivesse que cuidar de cada um e se certificar que todos estavam bem. — E você, uh? Está emburradinho por que?

— Eu to falando com o Luke há um tempão e ele não ouviu nada. — Calleb resmunga sentado na poltrona.

— Deixa eu te ajudar, cara. — Calleb se levanta de prontidão, poderia até rir da situação, mas apenas arrumo seu cabelo bagunçado e sua gravata. Ele cresceu, e isso deixa sua irmã um tanto quanto chateada. Treze anos de pura personalidade forte, como ela. Resolve tudo do seu jeito, e sempre está disposto a ajudar as pessoas ao seu redor.

— Obrigado, cara. Enquanto você tava aí viajando eu fui lá. — Apontou para o outro lado. — Ela tá linda! — Sorriu, me fazendo sorrir junto. — E não para de chorar, a moça fica falando toda hora, Georgia, você vai borrar a maquiagem, e ela fala, desculpa, mas bagunça tudo de novo. — Diz imitando as respectivas vozes de forma engraçada.

— Você pegou as alianças? — Questiono me recordando que até então não tinha visto as mesmas.

— Peguei. — Ele mostra a caixinha no bolso. — Ela vai dizer sim, cara. Não se preocupa. — Diz com sua melhor expressão consoladora me fazendo rir.

THE REFUGE ✔Where stories live. Discover now