Prólogo.

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Eu tinha sete anos quando meus pais foram assassinados brutalmente bem em minha frente. Éramos uma família feliz apesar da nossa humildade. Meu pai trabalhava na rede elétrica da cidade e minha mãe era costureira. Nós vivíamos numa área humilde bem próxima da favela e éramos conhecidos por nossa simplicidade. 

Naquela noite em que os perdi, voltávamos da praia. O dia havia sido perfeito. Fomos bem cedinho de ônibus pra praia, tomamos banho de mar e comemos a comida da mamãe que era ótima. Eles ficaram, naquele dia, próximos de mim. Era como se soubessem que o pior aconteceria.

Um carro preto parou próximo de nós quando caminhávamos até o ponto de ônibus numa conversa alegre e sorridente. Eu segurava na mão de papai e mamãe enquanto eles cantavam para mim.

Desse carro, dois homens encapuzados saíram. Os dois armados. Naquele momento paramos e gelamos. Era um assalto?

─ Sabemos quem você é! ─ o homem mais alto afirmou e tirou a arma da cintura.

─ Senhor, houve um engano... eu não sei do que você está falando ─ papai gagueja e tenta nos proteger.

─ Sabemos que participa do tráfico. Acontece, que o seu chefe não nos paga já tem um tempo, e nós queremos a grana ou vamos parar de fornecer armamentos e vamos matar cada um de vocês... ─ ele puxa papai pela gola da camisa, eu choro nos braços de mamãe.

─ Senhor, eu realmente não sei do que está falando. Eu sou pai de família, trabalho na rede elétrica, não sou do tráfico, você deve estar me confundindo com me... ─ o homem não deixa papai terminar de falar e atira contra ele. Em sua cabeça.

Eu grito enquanto choro e mamãe faz o mesmo.

O homem maior pega mamãe pelos cabelos e a tira de mim.

─ Feche os olhos, nanda... ─ ela sussurra. ─ A mamãe ama você.

─ Não...

E só então escuto mamãe ser assassinada à pauladas enquanto as lágrimas deslizavam por meu rosto. Eu não sabia o que fazer. Eu não tinha como me defender, só era uma criança.

Sabia que ali meu mundo havia acabado, sabia que ali meu inferno havia começado.

Tudo havia virado um pesadelo... ainda mais quando Carlos pôs suas mãos em mim. Ele afirmava que era amigo de papai e que cuidaria de mim.

Desolada e sem ninguém, acabei indo morar junto dele. Mas soube bem ali que era melhor escolher a morte do que conviver com um traficante.

Minha vida era um pesadelo... até agora.

Um plano da vida #1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora