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Fernanda.

Um tempo se passou desde que me encontrei com Christopher e tudo voltou ao normal. Hoje iria me consultar para finalmente marcar o dia em que iria tirar o bebê. Continuava sofrendo o que sofria, nada havia mudado. Mas um peso estranho agora tomava conta da minha consciência por mentir para Christopher. Ele não parecia uma má pessoa, ao contrário, ele era uma boa pessoa. Tanto é que queria assumir o bebê na qual concebemos numa irresponsabilidade.

Eu não estava falando direito com Nicole, ficava mais em casa. A culpava por não ter me dado a pílula certa, como se tivesse feito de propósito. Mas eu também tinha culpa, não havia me prevenido e tampouco me importado com isso. Eu ia da escola para casa e estudava durante esse tempo. Nicole tentava me ligar mas eu não estava com vontade de conversar com ela, mesmo ela sendo minha única amiga com quem podia compartilhar meus segredos.

Eu já estava com três meses de acordo com meu cálculo e a minha barriga estava começando a ficar pontuda, mas não muito por conta da minha magreza. Mas ninguém havia percebido, ainda bem. Logo esse bebê deixaria de sofrer.

Terminei de arrumar meus documentos na bolsinha e saí de casa a trancando. Carlos já me esperava na porta de casa dentro do seu carro. Ele estava feliz, totalmente radiante, finalmente se livraria desse problema. Já eu? Minha consciência pesava cada vez mais.

─ Oi, meu amorzinho ─ ele passa sua mão em minha perna. ─ Animada?

Apenas concordo com a cabeça.

─ Quero logo essa coisinha fora de você pra gente se divertir bastante, hein? ─ no pensamento de Carlos eu gostava de transar com ele, tão enganado.

Ele dá partida e na ida vai cantarolando uma musiquinha totalmente animado. Eu sentia um nojo enorme e mais uma vez sentia vontade de vomitar... esse enjoo não me abandona. Ele era eterno.

Chegamos rápido na clínica, saímos e fomos direto na recepção fazer meu cadastro para consultar com doutora Carla.

E em cerca de quinze minutos fui chamada, Carlos me acompanhou. A doutora me esperava animada, a cumprimentei com um sorriso simples e um abraço de lado.

─ E então... como você está? ─ pergunta enquanto me sento na cadeira.

─ Na medida do possível.

─ Que bom! Vamos logo ver como esse bebê se encontra... e se possível amanhã mesmo iremos fazer o procedimento.

─ Mas esse procedimento dói? ─ pergunto meio receosa.

─ Que nada... você vai estar anestesiada e hoje irei passar alguns cuidados que deve tomar. Espero que esteja ciente que, em alguns casos, a mulher fica infértil.

Eu arregalo meus olhos. Infértil? Quer dizer que quando eu quisesse não iria poder ter um filho? Era isso?

Meu coração bate descompassado, um medo me atinge.

Mas não digo nada... eu infelizmente não posso dizer nada.

Seguimos para outra sala onde ela faz alguns procedimentos comigo. Verifica pressão e pulso, mede a gordura da minha barriga, olha a cor de minhas pálpebras e faz mais outras coisas de rotina.

─ Você está bem... ─ ela diz segurando em meus braços. Carlos olhava tudo de canto e nesse momento a doutora o olhou e suspirou. ─ Está pronta.

─ Pois então marque para amanhã, quanto antes melhor ─ Carlos diz e ela assente.

─ Amanhã então... é um procedimento rápido.

─ De manhã cedo estaremos aqui.

Ela me olha, esperando que eu falasse algo, mas não posso. Era tão ruim ver alguém decidindo minha vida. Alguém fazendo escolhas por mim.

Um plano da vida #1Where stories live. Discover now