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Fernanda.

Hoje Christopher vai tirar os pontos, mas ainda vai ter que ficar de repouso absoluto por mais alguns dias, ele estava bem melhor, se recuperava rápido. Pensei que o clima entre nós dois desde aquele dia ia ficar meio tenso e confuso, mas não ficou porque agimos como se nada tivesse acontecido. Mas confesso que não conseguia tirar aquilo da minha cabeça, aquele calor que senti, aquele desejo, era algo que nunca havia sentido. Não pensei que iria sentir desejo algum dia, sofri muito nas mãos de Carlos para desejar um dia ter as mãos de outra pessoa em meu corpo.

Eu havia ido no hospital com ele para a retirada dos pontos, estávamos num clima meio desagradável mas nós dois conversávamos normal, não sei se era só eu que sentia essa sensação.

─ Você tomou a vitamina? ─ ele quebrou o silêncio.

─ Tomei.

─ Sei que é ruim, mas são para o seu bem ─ ele troca a marcha e batuca os dedos no volante. ─ O médico disse que é essencial você tomar as vitaminas.

─ Eu sei, mamãe.

─ Não tenho culpa se você é irresponsável.

Rolo os olhos e olho pela janela encarando o tempo, fazia muito calor e mesmo no ar eu suava. Era muito calorenta.

Logo nós chegamos no hospital do batalhão, fiquei meio receosa em ir mas Christopher insistiu, lá era um hospital só para gente da polícia, servidores públicos... achei que ele ficaria meio envergonhado de me levar ali, aliás, ninguém sabia que Christopher seria pai.

─ Chris? Tem certeza que me quer lá com você? Posso esperar aqui fora.

─ Nada disso, você vem comigo... por que não quer vir?

─ Chris, seus amigos estão aí e...

─ O que tem a ver? Não tenho vergonha de ti.

Eu suspiro e concordo, ele me chama com a cabeça e nós entramos. Era bem calmo por lá até, quase não tinha gente. Nós pegamos o elevador para o terceiro andar onde era a enfermaria e nem precisou enfrentar fila ou dá nome para uma mulher alta, bronzeada e de olhos escuros nos atender. Ela era esbelta e bonita, logo sorriu ao ver Christopher e o mesmo retribuiu o sorriso.

─ Christopher... ao que devo a honra? ─ ela ri com certa malícia, nem me olha.

─ Vim tirar os pontos, Vanessa.

Só então seus olhos pararam em mim, logo na minha barriga, ela abriu um sorriso irônico.

─ Onde achou essa? ─ ela meteu as mãos no jaleco.

─ Ela é a mãe do meu filho... não soube? Vou ser pai.

─ Pensei que fosse Amanda quem estivesse esperando e não... essa ─ suspira.

─ O nome dela é Fernanda.

A tal Vanessa ri sem graça e nos chama até uma salinha onde Christopher tirou a camisa e se sentou. Não sei porque mas sabia que ela e Christopher já haviam tido algo, não era de se esperar que Christopher já havia pegado todas, conhecia bem ele.

Me sentei numa poltrona enquanto ela retirava os pontos em silêncio, era perceptível que Christopher estava desconfortável.

E eu também.

─ Amanda me falou dela...

─ Amanda precisa botar na cabeça dela que nós nunca tivemos nada além de sexo, assim como foi com você... nunca dei esperanças para ninguém, não gosto de ninguém se metendo na minha vida e agora vou ser pai e sei exatamente onde é meu lugar... ─ ele diz exatamente na hora em que ela termina. ─ É bom não ter deboche ou piadinhas no nosso ambiente de trabalho porque eu posso ser bem ruim quando quero. Aprenda a respeitar, eu não sou seu pai.

Um plano da vida #1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora