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Fernanda.

Eu tento fazer um suco de polpa no liquidificador, mas ela está tão empedrada que não sei bem o que fazer e se vou realmente conseguir fazer o suco. São oito da matina, Christopher se atrasou e pediu que eu fizesse um suco para ele, eu fiz como uma boa amiga. Éramos bons amigos, não é mesmo?

Deus, como queria Rosana aqui. Não que eu não soubesse cozinhar, eu sabia, mas eu era desastrada. Sujava tudo, quebrava tudo, ou seja, não me deixe sozinha numa cozinha. Não me deixe sozinha em lugar algum.

Furo a polpa e só assim ela se desfaz, coloco um pouco mais de água e ligo o aparelho suspirando, quase estava pesquisando no Google como fazer um suco sem sujar e acabar com tudo. Eu era um desastre total.

Rosana iria vir mais tarde já que tinha uma consulta, gostava de ver a relação entre ele e ela. Christopher não era um chefe mal, deixava ela bem à vontade. Eles dois trocavam piadas sem graças e riam de histórias do passado, pelo que entendi Rosana já havia trabalhado para a mãe dele e eles eram bem próximos. Rosana o tratava como um irmão mais novo. Era engraçado ver ela brigando com ele por tudo.

O interfone toca me tirando dos meus pensamentos, eu vou atender. Christopher disse que quase ninguém aparecia por aqui, poucas pessoas sabiam da existência desse apartamento. Ele era bem discreto com tudo.

─ Olá, bom dia ─ digo com o telefone pendurado na orelha.

─ Olá, aqui é da portaria. Tem uma senhorita chamada Amanda que quer subir para falar com o senhor Forzatt.

Amanda? Quem era Amanda? Nunca tinha ouvido ele falar dela, não sabia se devia mandar ela subir ou ficar lá.

─ Christopher? ─ o gritei, ele não respondeu. Merda! E agora? ─ Olha, ele está tomando banho, ok? Não sei se devo mandar ela subir.

E desligo. Será que havia feito alguma merda? Dou de ombros e volto para minha bagunça na pia, colo o suco numa jarra e depois lavo tudo que havia sujado. A maldita campainha toca, enxugo minhas mãos no vestido e vou atender toda desajeitada, imaginava que seria Rosana, mas, me deparo com uma mulher alta, com o corpo esbelto e cabelos com luzes. Ela era bonita pra caramba, cheguei até a me olhar depois de encarar ela dos pés a cabeça.

─ Cadê o Chris? ─ ela era amiga dele? Por que toda esse intimidade? Nem eu o chamava assim. Ela meio que se enfiou na abertura da porta e entrou fácil no apartamento. Ela olhou tudo ao redor e parou para me olhar. ─ Quem é você mesmo?

Eu engoli o seco, encarei meus pés.

─ Não te interessa, Amanda ─ ele surgiu vestindo a camisa da polícia e amarrando o tênis. ─ O que você tá fazendo aqui? Por que não ligou?

─ Eu tentei ligar né, só que ninguém atendia. O assunto é sério... ─ ela olha para mim. ─ Podemos conversar com privacidade?

─ Não, pode falar tudo na frente dela, não há problema.

Vejo a Amanda bufar e se sentar no sofá. Eu volto ao meu serviço e deixo tudo limpo enquanto escuto os dois conversando.

─ Ocorreu mais duas mortes de soldados, tudo indica que foi a quadrilha do Vidigal, já foram três mortes nesse último mês, acha que foi por conta do ataque?

Vejo Christopher me olhar, seus olhos estão inexpressivos.

─ Não, não acho que foi pelo ataque. Já falei com o tenente Robson, nós temos que agir nessa comunidade para pacificar, eles precisam procurar seu lugar.

Termino de lavar tudo e suspiro.

─ Seria bom se alguém da polícia se infiltrasse lá dentro. Precisamos colher informações, como a localização dos depósitos, as concentrações de bocas de fumo, o esquema de troca de olheiros, entre outras coisas.

Um plano da vida #1Where stories live. Discover now