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Christopher

Já se passaram dias, mas não consigo deixar de pensar nela e nessa gravidez. É certo que essa criança pode não ser minha e sim de qualquer um, pelo que parece. Mas se ligasse os pontos, algo diria que ela poderia estar grávida de mim. Eu não havia usado o preservativo.

Isso estava me deixando maluco, eu não sabia o que pensar sem ser isso, eu pensava isso todas as horas do meu dia, sem parar. Queria perguntar pra Wesley sobre dela, mas não tinha coragem.

E hoje era mais um daqueles dias em que pensava constantemente em como ela estava e o que estava fazendo.

Eu não era um moleque, apesar de viver comendo e no outro dia deixar assim mesmo, eu não era um moleque. Havia tido criação e não deixaria um filho meu jogado por aí. Se uma mulher engravidasse de mim, eu assumiria.

Mas aí estava a questão... eu não sabia o que pensar, não sabia organizar direito minhas ideias. Eu estava ficando louco. Nunca havia transando sem usar a camisinha. Que burrada fui cometer? Eu estava louco para ir atrás dela e a questionar se ela sabia quem era o pai, porque se ela não soubesse... tudo indicava que a criança era minha.

***

Fernanda

Eu ainda não havia dito nada para Carlos, mas pretendia. Logo minha barriga iria crescer e todos iriam descobrir. Enquanto isso ela estava lisa, sem resquício de que ali dentro havia um bebê. E eu ainda não acreditava que ali havia um bebê.

Eu estava meio aérea, mal conseguia pensar ou agir. Não prestava atenção na escola e não dormia direito. Aquele bebê havia tirado minha paz e parece que tiraria muito mais além disso, mas eu não sabia o que fazer, estava desolada, eu... eu acho que iria tirar. Certo que foi irresponsabilidade minha, mas, eu não posso ter um  filho, eu não quero que ele sofra do mesmo jeito que eu sofro. Ninguém merece essa vida.

Nesse momento eu estava sentada na cama pensando na vida. Pensando nesse bebê e na reação de Carlos quando soubesse. Carlos era o único que eu transava sem camisinha, então só podia ser dele.

Era noite, eu ainda não havia jantado nada e mesmo assim não parava de vomitar. Nicole saiu daqui faz pouco tempo, ela quis passar o dia comigo e eu aceitei, eu precisava. Ela conversou muito comigo e me aconselhou, disse que esse bebê é minha salvação, mas eu não acho que ele seja. Nicole disse que eu podia morar com ela qualquer coisa e que iria cuidar de mim, mas eu não queria lhe dá um prejuízo, ou melhor, dois prejuízos. Não queria ser um peso na vida dela. Eu precisava assumir esse erro. Não era um brinquedo, eu tinha noção disso.

Meu celular vibrou e vi a mensagem dela.

Nick - Já jantou? O bebê precisa comer.

Nicole era tão de boa com tudo que fazia inveja, pra ela não havia problemas. Mas estava certa, tinha tudo que queria, a vida dela era fácil.

Deito na cama e passo minha mão sobre a barriga, meus olhos enchem de lágrimas.

─ Oh bebê, sei que você não tem culpa mas eu não posso te criar, olha minha vida como é... você merece uma família e não uma mãe de dezessete anos que nem trabalha ─ falo sozinha com minha barriga.

Meus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez e dessa vez deixo que elas deslizem pelo meu rosto.

Escuto a porta de casa ser aberta e me levanto rápido enxugando meus olhos, me sento na cama e em questões de segundos Carlos surge. De longe sinto seu perfume e com ele um enjoo enorme. Prendo a respiração e respiro pela boca, mas é inevitável, meu estômago revira.

Um plano da vida #1Where stories live. Discover now