08

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Fernanda.

─ E então... como foi seu dia? ─ ele me pergunta e paro de garfar a lasanha para o encarar. Ele parecia harmônico, com um bom humor fora do comum.

─ Normal... ─ até me surpreendi um pouco. ─ E o seu?

─ Cansativo. Rosana te tratou bem? Ela pode ser meio inconveniente quando quer.

─ Ela foi ótima, me encheu de comida o dia todo.

Ele dá um meio sorriso, não o bastante para expressar felicidade ou algo do tipo. Só um meio sorriso.

─ Amanhã será a ultrassonografia, ansiosa?

─ Sim ─ suspiro. ─ Será que vamos descobrir o sexo?

─ Acho que ainda não, deixa ele ficar um pouco maior, não temos pressa.

Eu assinto. Fico surpresa pela conversa pacífica de Christopher comigo, geralmente ele não é assim. Christopher é bem prepotente.

Após jantarmos, eu lavo as louças, bebo um pouco de água e resolvo ir logo me deitar. Teria que acordar cedo amanhã.

Eu ainda estava meio sem acreditar em tudo que estava acontecendo, que eu havia me livrado daquele inferno. Uma hora a ficha iria cair.

***

Carlos.

Jogo o que restou do meu cigarro no chão e piso em cima. Solto a fumaça pelo nariz enquanto encaro o nada em minha frente. Maldita! Não imaginava que aquela cadela tinha ligação com polícia, maldita traidora! Agora quem estava fodido era eu. Francisco tinha me colocado no caderno negro.

As coisas estavam de mal a pior. Francisco desconfiava que Fernanda havia passado informações para os vermes. Ele desconfiava de tudo e descontava tudo em mim.

Ele queria ela morta, não perdoava nenhum traidor. Queria ela de cabeça raspada e com uma surra bem dada. Ela merecia mesmo isso, vagabunda a gente trata assim.

─ E aí? Alguma notícia da vadia? ─ ele se aproximou, seus olhos estavam avermelhados. Chapado de droga.

─ Nenhuma.

─ Olha aqui, caralho... tu colocou a gente nessa situação, tu que provocou essa merda toda ─ aponta o dedo na minha cara. ─ Se vira, mermão. Eu quero a vadia aqui, quero ela morta e quero o policial de merda morto também, pegou a visão?

Eu concordo.

─ Se vira, procura gente que conhece ela, interroga e se for pra matar... mata. Já dei as ordens.

─ Sim senhor.

─ Se tu não trouxer a vadia, tu morre. Entendeu?

Eu concordo enquanto o observo ir embora. Onde diabos essa vadia estava? Quem poderia me falar alguma coisa sobre? Ah, quando eu colocar minhas mãos em Fernanda... ela vai implorar pra nunca ter nascido.

Ah se ia...

***

Fernanda.

No consultório nós aguardávamos meio ansiosos, eu não sabia bem o que fazer ou como agir. Era mãe de primeira viagem. Eu só sabia que teria que deitar naquele leito gelado e que veria meu bebê na tela.

Christopher mal conseguia controlar isso, era notável. Já havia tomado uns cinco copinhos de café e mascado cinco chicletes, um atrás do outro. Ele também estava nervoso.

Um plano da vida #1Where stories live. Discover now