War Can Change Someone, But Somethings Never Change

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Boa Leitura!

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Louis estava dormindo, Harry ficou acordado zelando por seu sonho, cuidando do seu pequeno.

Era como um alívio pra ele ver que o menino adormeceu em meio aquele caos, tinha achado que ele não pregaria os olhos, mas agora, vendo-o com a respiração lenta e o corpo encolhido, Harry se perguntava o que o garoto deveria estar sonhando, se aquele chão de terra estava confortável o suficiente.

"Os tiroteios foram chegando mais perto e o sangue foi enchendo nossos medos. A guerra é uma cobra que usa os nossos próprios dentes para nos morder. Seu veneno circulava agora em todos os rios da nossa alma. De dia já não saíamos, de noite não sonhávamos. O sonho é o olho da vida. Nós estávamos cegos.
Aos poucos, eu sentia a nossa família quebrar-se como um pote lançado no chão. Ali onde eu sempre tinha encontrado meu refúgio já não restava nada. Estávamos mais pobres que nunca.

Eu tinha meus joelhos escapando das pernas, cansado só de respirar.

Minha mãe estava parada na porta de casa, que num piscar de olhos estava com as suas grandes janelas todas quebradas, o quintal com grama verde em volta dela já não era tão verde assim. Pequenas chamas de luz se ascenderam e queimavam lentamente tudo que um dia foi construído com o suor da minha família.

A atenção foi pra minha mãe, ela me olhava com um sorriso motivador, mas seus traços, inevitavelmente, foram ficando cansados, velhos, mas o sorriso não saia de seu rosto. Ela mantinha olhando, seu corpo emagrecia, sua sombra crescia e em pouco tempo sua sombra se tornaria a sombra de toda a terra.
Sentia que dentro dela estava faltando algo e foi quando me deparei, onde estava a barriga de grávida?

Ela começou a derreter, junto dela todo meu antigo lar, todo seu antigo esforço, toda sua antiga conquista.
E, do mesmo jeito que ela sumia, Harry aparecia.

Tão, impecavelmente, lindo. Sua pele clara, seus olhos tinham vida, eles brilhavam, seus cabelos no topete levemente sutil se mexiam conforme a brisa batia em seu rosto, vestia sua farda limpa, parecia um boneco que acabou de sair da loja, impecável. Seu olhar me passava segurança, e foi nele que eu vi minha nova casa, foi nessa imagem que eu me senti seguro após perder tudo.

Eu queria me aproximar, porém não conseguia e me sentia agoniado por isso pois eu sabia que se não fizesse, algo horrível aconteceria, mas meus pés estavam presos no chão e eu não era capaz de salvá-lo.

Um vento forte bateu em nós, ouvi o som de alguns corvos e logo os mesmos voando nos céus, algo havia os assustado. Várias folhas e areia vieram com o vento, fechei meus olhos no objetivo de não deixá-las me incomodarem. Mas ao abrir novamente a paisagem havia mudado. Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Os únicos animais que vagavam por lá eram os mensageiros da morte, focinhados entre as cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui o céu se tornara impossível.

Harry não estava mais da forma impecável, não! Seu rosto, cuja pele antes era alva, agora estava sujo, sujo de terra, sujo de suor, estava ferido, um corte feito por faca que acompanhava sua bochecha desde o fim do olho até o canto da boca e desse corte vazava filetes de sangue. Respingado em seu rosto rosto, sangue inimigo. Na outra bochecha vários cortes de possíveis socos. Seus olhos já não brilhavam mais, já não tinham mais vida, eles passavam as cenas que presenciaram, o medo, o horror, o escuro, a morte. Seus lábios antes rosados estavam vermelhos e, levemente, inchados. O cabelo parecia molhado e alguns fios rebeldes ficavam em seu rosto. Sua farda tinha sangue, mas não era somente dele, tinha o dele e o de mais milhões de homens, suas mãos estavam machucadas, provavelmente por causa de socos que distribuiu em faces alheias. Suas calças estavam no mesmo estado da jaqueta, suja de sangue e de terra.

War is LoveWhere stories live. Discover now