Capítulo XXXV - Na Cidade

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Selena e Hendrik haviam acordado antes que o sol raiasse e partiram para a sala de armas, onde marcaram com Dalie, para destruir o colar. Sabendo que seria necessário estar pendendo para uma forte emoção, Selena passou a madrugada pensando no vovô, como havia combinado com os amigos de pensarem algo semelhante. Um pesar muito grande vinha sobre si toda vez que lembrava dele, suas lembranças ainda eram feridas abertas. Gostava muito da vovó, mas era do avô José que guardava os melhores momentos. A impressão que tinha era a de que ele era uma versão mais experiente sua. Não era para menos, apesar dele sempre querer que ela evitasse contato com coisas relacionadas a Alfhown, sempre o pegava lendo um livro sobre sua terra natal.

Dalienne aguardava com sua própria espada, a Ceifadora de Almas, nas mãos. Ao canto estava a Espinho Rubro de Hendrik e Selena logo correu para pegar sua Diamante da Lua.

- Em que vocês pensaram? - perguntou Dalie; no semblante carregava uma angústia.

- Meu avô - respondeu Selena.

Não havia percebido que Hendrik estava prestes a explodir em fúria.

- No meu pai.

Estava incerta se queria saber ou não razão para tal sentimento desperto no amigo.

- E você? - perguntou Selena à amiga enquanto colocava o colar sobre a mesa ao centro.

- Lorde Solann. Hoje morto. Pelo meu tio.

Não haviam determinado quem seria o primeiro a tentar quebrar o colar, mas foi só Selena se afastar para a Ceifadora de Almas voar feito um míssil contra o colar. Um baque estridente ecoou pelas quatro paredes e com o susto, Selena acabou fechando os olhos. Ao torná-los novamente para a mesa, o colar estava intacto.

Dalienne ergueu a espada mais uma vez e, com lágrimas vertendo dos olhos, golpeou o colar mais uma vez, inutilmente.

- Minha vez - disse Hendrik.

Dalie secou as lágrimas e largou a espada no chão e junto a amiga, que estava do outro lado da mesa, observaram as tentativas de Hendrik serem frustradas.

- Usem seus poderes - disse ele, sério.

Selena pegou o colar na mão e imaginou um monte de agulhas afiadas cravando a superfície da joia. Não era possível, se aquilo era feito da mais pura opala, já devia ter sido quebrado há tempos. Essa joia foi criada por Orion, um deus, esperava que fosse tão fácil assim?, esclarecia seus pensamentos. Iria colocá-lo de volta na mesa, mas Dalie indicava o chão, secando uma lágrima que escapara dos olhos.

O fogo que havia nas três tochas à parede foi tomado por um vento de ar quente, tornando-se uma língua em chamas e ao flutuar em cima do colar, tomou o formato de uma esfera turbulenta, como se fosse uma bomba querendo irromper em fúria presa a um campo de força. Podia ver as veias saltadas no rosto da amiga, o qual estava tão rubro quanto as chamas. A mão estendida como quem dominasse a gravidade ao redor da esfera baixou, permitindo o fogo consumir o colar. Chegou a ver algumas faíscas brancas escaparem do incêndio. Estava dando certo! Contudo, após todo o combustível de ira se esgotar em Dalie, lá estava o elo, incólume.

- Que droga! - protestou Dalie.

Estava pálida demais, chegava a preocupar. As pernas oscilaram e, por um segundo, acreditou que a amiga fosse desmaiar. Ela, porém, pegou o colar e para a surpresa, não só sua, mas dos amigos, disse:

- Toquem. Ele continua com a mesma temperatura de sempre.

Aquilo era aterrador. Não sabia mais se temia tanto Malthor, até ele podia ser queimado pelo fogo e seu colar? Sabe lá o que poderia destruí-lo.

Princesa de Gelo: O Legado da Aurora [Vol 1]Where stories live. Discover now