Capítulo XXXIV - A voz da Morte

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Finalmente havia pego no sono, após revirar de um lado para o outro tentando encontrar uma posição que fosse confortável à dor que ainda se fazia presente no tórax. Poderia dizer que estava no mais profundo sono quando ao longe ouviu um barulho já conhecido: o sino de Sir Rhonos. Qualquer dia, daria um sumiço naquela campânula de bronze.

— Feliz dia da Conquista, meus queridos yarns! Sigam para o campo de treinamento porque hoje tem chuva de meteoros.

Repetia a mesma frase enquanto passava pelo meio dos colchonetes dispostos ao chão, não cessando de balançar o sino, ainda que todos já estivessem de pé. Todos, com muito sono, colocaram-se de pé. A impressão que Selena tinha, andando com os colegas de classe e os outros, era que estavam no meio de uma caminhada zumbi rumo ao pátio. Na grama, Selena resistia firmemente contra o sono para observar a chuva que iniciava feriado. Não conseguia nem compreender como Hendrik tinha ânimo para flertar com Griffith àquela hora, segurando a mão um do outro. Cumpria a ela e a Dalie ignorarem os risinhos dos dois logo atrás.

Ainda que a ordem fosse clara quanto a proibição de reuniões do hall do dormitório, alguns veteranos se reuniam depois que o jantar era entregue aos alunos. Naquela noite, antes de irem para seus respectivos andares, Georgeous Doven havia contado seus contos de terror sobre tenebraes para assustar uns noviços que se arriscavam a descumprir as ordens do lorde. Por essa razão, a maioria parecia um morto-vivo assistindo ao espetáculo no céu. Tinha vezes que os gêmeos Aedan e Kalya, filhos de um bardo, cantavam poesias, e nestas, eram que os alunos iam dormir mais tarde ainda.

Logo na manhã iniciaria o festival que não só comemorava o dia em que o Rei Áureo fundara o reino e expulsara os alfares selvagens do litoral como também marcava o equinócio de primavera. A deusa Siv era celebrada nesta época do ano por ser a deusa da fertilidade e da terra e comerciantes, de antemão, colocavam objetos de decoração, símbolos da deusa, à venda, como os vários coelhos esculpidos de madeira espalhados por Polus. Por também significar fertilidade e prosperidade, como era vista a primavera, os ovos também faziam parte da nova gama de decoração.

As ruas estavam mais movimentadas que o normal. A neve se desfez em água, alimentando as flores que surgiam junto com o sol que retornara radiante. As ruas, antes limitadas ao branco e preto, tornaram-se coloridas com floriculturas se enchendo de buquês e por todo lugar havia uma música sendo tocada. Parece que todos aguardavam ansiosos para a estação retornar após meses de frio incessante.

Oblações eram feitas por meio de flores e esculturas de coelhos; os templos se tornaram um verdadeiro jardim. Antes pouco frequentado, este agora era visitado a todo instante pelos habitantes.

O clima de alegria não permaneceu somente na cidade. Num jantar que tivera com a família Alliand, todos estavam cobertos de uma aura iluminada. O silêncio e o obscuridade que havia no jantar desaparecera. Lady Liadan estava até mesmo mais receptiva, tratava Dalienne como sua filha. Os almoços particulares que tinha somente com seus filhos passou a ter a participação de Dalie aos fins de semana. Selena ficava feliz pela amiga, que apesar de nunca ter admitido, sentia-se sem uma mãe, rejeitada pela verdadeira e, até uns dias atrás, destratada pela única figura que tinha de uma. O lado ruim é que seus almoços em tais dias eram solitários, com Hendrik passando a andar com sua namorada.

Dalienne havia formulado todo o plano quando retornou do almoço. Esperariam para que todos se reunissem na praça dos Três Reis à noite, após sua apresentação, quando os habitantes estariam distraídos com as atrações que haveriam de ocorrer logo após em homenagem à deusa e à conquista. Havia duas alternativas, no qual, em uma ela poderia estar em casa e sozinha; a outra era a mais complicada, teriam que dar um jeito de encontrá-la em meio à multidão e atrai-la para colocar o que decidiram ser a bússola de Selena em seu bolso.

Princesa de Gelo: O Legado da Aurora [Vol 1]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora