Capítulo XVII - O Juramento

265 74 45
                                    

Um brilho negro despontou da floresta com a iluminação do céu. Logo formou-se a figura de três cavalos montados por cavaleiros da cidade de Polus, havia no escudo de cada um o estandarte da Casa Alliand, levando lanças nas mãos.

— Sir Beorren? Pensei que estivesse caçando para a família que serves — disse o cavaleiro que parecia ser o líder entre os outros. Possuía tão olhar altivo quanto o tom da voz.

— Tenho permissão para sair da cidade segundo Lorde Alliand — rebateu Sir Beorren, sem expressar emoção alguma.

— Permissão para treinar crianças?

Sir Beorren assentiu.

— Tcs, tcs. — O cavaleiro balançava a cabeça fingindo descrença. — Presumo que essa não era a vida que esperava, não é mesmo? O homem criado para ser mão do rei. Carlos se orgulharia disso? — Olhou para o alto, fingindo pensar. — Creio que não. Infelizmente ele não está mais aqui, não é? Mal me lembro dele, mas me lembro do dia em que cortei-lhe os membros, um a um. Os gritos ainda ressoam em meus ouvidos como uma bela melodia.

Um rugido como o de um leão em fúria saía da garganta de Alec, ele mostrava os dentes que estavam a ponto de se afiarem como navalhas. Contudo, antes que o fizesse, Sir Beorren pôs a mão na frente dele para impedir que tivesse um acesso de cólera e atacasse o homem. Ao fazê-lo, Alec escondeu os dentes, olhando o avô sem compreendê-lo.

— Não, Alec — repreendeu ele.

O homem avançou um passo com o cavalo.

— Segure esse selvagem, Beorren. Não é de família ter raiva como os animais.

E saiu, desaparecendo na floresta com os outros cavaleiros.

— Quem é ele? — perguntou Selena.

— Sir Norrand, irmão do Lorde Elford.

Selena olhou para Alec, que tinha os olhos preenchidos por lágrimas. Ele não permitiu que caíssem, passou a mão com tanto ódio que logo em seguida seu rosto enrubesceu.

O tilintar do sino em Polus soou, o que não agradou aos pássaros, que voaram assustados.

— Vamos. O juramento vai começar e é necessário que todos estejam presentes.

Toda a cidade foi se reunir na praça dos Três Reis; exceto alguns que preferiram ficar em seus estabelecimentos, outros agindo como se nada estivesse acontecendo, em protesto contra a tradição. Boa parte da cidade, no entanto, estava deserta, como se o vento houvesse assoprado a vida em Polus. Até mesmo os cachorros de rua sumiram.

O sino não mais tocou, um toque bastou para que o povo compreendesse que a cerimônia dos cavaleiros se iniciaria em instantes. Logo encontraram uma parede humana barrando a rua, alguns estavam ansiosos, tinham a esperança de que seus nomes seriam chamados, outros, no entanto, resmungavam, acusando aquilo de ser manipulado. Contudo, não podiam negar que uma certa parte do povo temia pelas vidas de suas crianças, pois caso fizessem a escolha errada durante a prova, teriam suas cabeças cortadas fora.

Kit foi na frente, pois era o mais alto dos quatro. Seus ombros largos serviam como um escudo para Selena que o seguia logo atrás. Enquanto passavam pela multidão, Selena pôde ver mulheres chorando, temendo ter seus maridos e filhos mortos. Certamente tinham motivo para tal. Podia imaginar tia Olívia se oferecendo em lugar dos filhos caso fossem reclamados.

Princesa de Gelo: O Legado da Aurora [Vol 1]जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें