Briga

9 1 0
                                    


Isso não ia ficar assim. Para quem já recebeu uma facada, levar um tapa nem faz cócegas. Sorri antes de dar um soco na jararaca que cambaleou para trás, ela tentou limpar o sangue que saía do seu nariz, enquanto me olhava incrédula. Há anos esperava por aquilo,daria a ela o bem merecido por tudo que ela me fez, pelas piadinhas que me lançava, as fofocas que espalhava sobre mim, ela pagaria por tudo.

Apesar de Stacye ser mais alta que eu, diferente de mim ela não teve treinamento de defesa pessoal e artes marciais desde pequena, ela estava em desvantagem naquela luta de um contra um. Bati muito nela antes que separassem a briga, nos levaram para a enfermaria e depois para a sala do diretor, eu não tive muitos arranhões já a Stacye saiu dessa com mais curativo do que gente. Felizmente não fomos suspensas nem expulsas, recebemos um longo sermão sobre não perturbar a paz da universidade e conviver com as diferenças alheias. Como castigo ele nos fez limpar todo o ginásio após a aula.

Quando saímos Liz estava me esperando com um sorriso debochado no rosto olhando para os muitos curativos da Stacye.

- Ela teve o que mereceu. - disse. - Mas não esperava que fosse você a dar uma surra nela .- gargalhou.

- Ela passou dos limites. - falo - Quase fomos expulsas.

- O diretor não ia jubilar vocês duas, garota. - jubilar é um apelido carinhoso para expulsão, que os alunos inventaram. - Os pais de vocês são colaboradores influentes da universidade.

- Isso não nos deixa livres para quebrar as regras, Liz. - isso era verdade.

- E quanto a você e o Andrew? - perguntou com euforia.

- O que tem ele?

- Aconteceu o que depois que eu sai?

- Ele me contou como foi parar lá e nós brigamos.

- Vocês não tem jeito mesmo. - disse.

Jhefrey chegou para me buscar e demos carona para a Liz até a casa dela. No caminho, contei os detalhes de como o Andrew nos achou e porque briguei com ele. Deixamos ela em casa e fomos para a minha. Para minha sorte meus pais não estavam em casa, então fui direto para meu quarto.

Tomei um banho e coloquei um vestido de alcinha leve, na cor verde água, prendi o cabelo em um coque frouxo. Peguei meu celular e chequei minhas notificações, havia uma mensagem do Andrew, pensei em não visualizar, mas acabei por lê-la.

Chat em on:

"Me desculpe pela forma rude que lhe tratei hoje, eu só fiquei zangado com a situação toda, com o que poderia ter acontecido. Estava certa, não deveria dizer para a Jenna ir andando e que a pegaria no caminho, por minha culpa vocês duas quase morreram. Vou entender se não me perdoar."

"Perdoar pelo que? Por ter nos salvado? Eu só tenho pelo que agradecer, não devia ter falado sem pensar, sou eu quem deve pedir desculpas. "

"Podemos sair para comermos algo amanhã depois da aula? "

"Não podemos, mas vou fazer um esforço."

"Prometo ser um perfeito cavalheiro kkkk."

"Ok então kkkk."

Chat em off.

Bloqueei a tela do meu celular com um suspiro, peguei o livro na gaveta, começo a ficar vidrada na história. Eles merecem um final feliz.

"Se o amor é cego, nunca acerta o alvo."

O sono me pegou e eu nem notei quando. Naturalmente,o sonho veio, venho tendo o mesmo sonho desde o incidente.

Estava na campina outra vez, não perdi tempo e logo tratei e procurar pelos olhos castanhos dele, os encontrei a me observar na beira da campina recostado a um carvalho como sempre. Notei que o vento, que agitava meus cabelos, estava mais frio que o de costume e que as folhas de algumas arvores mudaram de cor. O outono havia chegado. O príncipe de meus sonhos passou então a caminhar em minha direção encarando-me, mas eu sabia que aquele olhar e aquele sorriso não me pertenciam. Quando ele estava perto o suficiente para eu enxergar cada linha de seu rosto, o chamei, precisava lhe dizer o que estava entalado na garganta.

O Diário de MarriêWhere stories live. Discover now