Lembranças não tão doces

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Ví uma criança, uma menina, parada em frente a um túmulo. Ela tinha em dua face uma expressão de dor, não demorei para perceber que se tratava de mim quando era criança, "o eu de hoje" estava lá observando aquela menina, olhei para onde ela encarava e pude sentir seu desespero, lágrimas me vieram aos olhos e não pude conte-las. As imagens mudaram e eu pude reconhecer aquelas memórias, a menina cujo nome estava na lápide se encontrava abraçada com o meu Eu criança na sala de minha antiga casa de frente a televisão, era noite e eu sabia porque estva chorando enquanto ela fazia de tudo para me acalmar, meus pais não estavam alí. Eles haviam ido estudar comi sempre faziam, mas eu não queria saber, só queria entender porque eles haviam me abandonado e se eles voltassem? Quem cuidaria das minhas irmã?
    Tita, com olhos doces e seu gentil sorriso de dentes levemente tortos, fazia até malabares para me fazer sorrir; ela sempre cuidou de mim, era uma verdadeira amiga, uma irmã mais velha que nunca tive.
  A cena mudou e lá estava ela nos convidando para o casamento de sua madrasta, Tita tentava sorrir para agradar o seu velho, mas a mim ela não podia enganar. Eu odiava aquela mulher rancorosa que fazia da vida de minha irmã um verdadeiro inferno. Não fui para o casamento apesar da insistência de minha amiga.
    A cena mudou novamente, agora para o dia mais triste e doloroso da minha vida. A vizinha gritava algo para minha mãe que desesperada entrou em casa aos prantos e nos arrumou o mais rápido possível e passou a nos levar sem nenhuma explicação para a casa de minha amiga.
  Não entendia o que estava acontecendo até chegar lá, mas antes mesmo de qualquer um abri a boca esclarecimento me veio a tona, minha amiga estava passando mal. Pude ver seu corpo fino, frágil e quase sem vida, lutando para sobreviver, tentando respirar com suas poucas forças, desfalecendo nos braços de alguém que pouco me importava quem era. A pequena Eu chorava como se não houvesse mais vida para ela, todos tentavam acalmar a criança, mas ela não queria consolo ela queria sua irmã de volta. Tinha 8 anos quando descobrir como era perder de verdade.
   Voltei a cena inicial, lá estava meu Eu criança de frente para o túmulo, ela sorria e chorava ao mesmo tempo enquanto jurava que nunca a esqueceria, que seria para suas irmãs uma irmã tão boa quanto ela foi.

Voltei para a realidade, não consegui dizer nada por uns minutos, não chorava, não me mechia, apenas fiquei alí e do nada tive um vislumbre de nós duas brincando do nosso passatempo favorito "o mestre mandou". Da ultima vez tinha sido a vez dela, ela me mandou fazer uma coisa impossível, eu fiz birra e ela disse que a próxima seria minha vez, mas o tempo acabou e encerramos o jogo. Minha vez nunca chegou. Voltei a realidade outra vez e dessa vez eu tinha algo a dizer.

- Era minha vez - disse para o túmulo - quem mandou você morrer? Quem te deu permissão para me deixar?

  O pranto veio violentamente, tão forte que senti que ia sufocar. Chorei amargamente, chorei porque não fui capaz de salva-la, por ter fugido das lembranças felizes como se elas fossem algo ruim. Chorei por sentir que não importava  quanto tempo se passasse ela sempre pareceria ter partido ontem a noite. Não importa o quanto eu negueainda sinto aquela for, ainda lembro nitidamente de como ela estava na última vez que eu a  vi.
Nem tinha notado que estava ajoelhada até sentir uma mão sobre meu ombro e em seguida braços me envolverem em um caloroso abraço. Nem me importava saber quem era, apenas fiquei alí e me permiti ser consolada.
   Passei um bom tempo chorando, minha aparencia devia estar horrível. Eu era uma criança bem transparente, todos sabiam quando eu estava feliz ou triste. Eu costumava ser bem alegre a maior parte do tempo, mesmo com todos aqueles problemas a minha volta me obrigando a crescer mais rápido que o normal.

Havia se passado mais de uma hora desde que o desconhecido chegou, já estava mais calma e por isso pude perceber o que até então não tinha notado, a familiaridade daquele abraço. Aspirei o perfume e meu corpo travou na hora, era inconcebível para mim não reconhecer aquele cheiro. Uma enchorrada de perguntas me vieram a mente naquele momento.
  Eu precisava ter certeza, então mentalmente contei até três e ,antes que pudesse pensar em coisas desnecessárias,  desencostei o rosto do peitoral e olhei para cima, nem me dei ao trabalho de analisar o estrago que havia feito na blusa dele. Como falei, era impossível não reconhecer o aquele perfume. Andrew me olhava com cumplicidade, de maneira atenciosa e gentil, totalmente diferente da última vez que conversamos. Não havia nenhum resquício de dor ou pena em seus olhar, agradeci mentalmente por isso. Ele me ajudou a levantar e me guiou até o carro que ele tinha alugado, mais tarde ligaria para alguém ir buscar o meu.
  Andrew delicadamente me acomodou no banco do passageiro e prendeu meu cinto de segurança, deu a volta e se sentou no do motorista. Não perguntei para onde estavamos indo, confiaria nele apesar de tudo. Paramos minutos depois em frente a uma lanchonete, descemos do carro e entramos no estabelecimento, ainda não havia sido dita uma palavra sequer. Como o cavalheiro que é, puchou a cadeira para que eu sentasse e se sentou a minha frente, a garçonete nos trouxe o cardápio. Ela, de maneira sem vergonha, se insinuava para Andrew todo tempo, mas ele se resignou a olhar para mim enquanto fazia nossos pedidos, buscando um minimo sinal de discordância.  Teria rido da situação e feito alguma piada maldosa se não estivesse tão triste. Nossos pedidos chegaram e enquanto ele colocava katchup em suas batatas fritas, resolvi que era hora de achar respostas para minhas dúvidas.

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Fala galera!

Eu sei, faz muito tempo que não posto nada. A ultima vez que postei foi a 84 anos e agora postei esse capítulo curto mixuruca.

Perdoa euuuu.

Ta tudo uma bagunça por aqui. Vou tentar ser mais responsavel.

É isso, deixem seus comentários que lerei todos. E votem 💜

Cheiro. 

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⏰ Last updated: Jul 23, 2019 ⏰

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